Sem direito de arena, árbitros serão convocados para discutir greve

07/08/2015 13h49


Fonte Globoesporte.com

Um veto da presidente Dilma Rousseff a um dos itens da Medida Provisória 671, sancionada na quarta-feira e transformada na Lei 13.155, gerou insatisfação aos árbitros. No texto publicado na última quarta-feira no Diário Oficial da União, o parágrafo 1º do artigo 42, que dava direito aos juízes de um repasse de 0,5% dos valores de direito de arena, vindos de transmissão de TV, foi vetado. Em seminário promovido pela CBF para a arbitragem, o presidente da Associação dos Árbitros de Futebol (Anaf), Marco Antônio Martins, mostrou sua revolta com a decisão e diz que vai propor a greve da categoria.

Imagem: Daniel MundimClique para ampliarMarco Antônio Martins é a favor da greve dos árbitros de futebol.(Imagem:Daniel Mundim)Marco Antônio Martins é a favor da greve dos árbitros de futebol.

- Vamos fazer uma assembleia na semana que vem em cada estado, e a minha proposição é essa (de greve). Não temos outra solução, acho que tem que tomar uma medida drástica. Claro que a greve é a última medida a se tomar, mas acho que é o caso. Lutamos muito por esse direito, e o Poder Executivo, acho que por pressão da bancada da bola, que defende o interesse dos clubes, vetou o artigo. Mas vamos ouvir a categoria, os árbitros - declarou Marco Antônio.

Segundo Marco, o repasse significaria cerca de R$ 9 milhões que poderiam ser distribuídos à classe por campeonato. O cálculo do presidente da Anaf é de que isso renderia por volta de R$ 10 mil por partida para que fosse dividido pelo trio de arbitragem e o quarto árbitro.

- Houve uma perda muito grande de uma batalha que a arbitragem vem tendo há mais de 15 anos para ser reconhecido esse direito de imagem e de arena. Esse item era de convencimento do Senado e da Câmara dos Deputados. Foi uma luta muito grande, e uma decisão monocrática do Poder Executivo retirou mais um direito dos trabalhadores. Não é investimento público, esse direito vem da iniciativa privada.

Atualmente, os árbitros que possuem o escudo Fifa ganham cerca de R$ 4 mil por partida. Um aspirante à Fifa leva por volta de R$ 3,2 mil, e os demais ganham R$ 3 mil, todos em valores brutos. Marco Antônio diz que deve se reunir informalmente com os juízes presentes ao seminário desta sexta-feira para discutir o assunto. Inicialmente, o presidente da Anaf vai propor uma ação judicial para que impeça a divulgação da imagem dos árbitros de futebol.

- Ação para que a gente impeça a veiculação da imagem dos árbitros nas partidas. Já que não querem que a gente receba esse direito que temos, então tudo bem, a imagem do árbitro não deve ser reproduzida. Essa é uma ação que deve ser por parte dos árbitros. O direito de imagem é pessoal. Mas vamos conversar com eles para ver qual direito vamos tomar - explicou Marco, que não soube explicar como a restrição à veiculação das imagens dos árbitros seria feita.

Sandro Meira Ricci é contra a greve

Um dos principais árbitros brasileiros na atualidade, Sandro Meira Ricci também não escondeu sua insatisfação com o veto da presidente Dilma, mas acha que a paralisação das atividades não seria a melhor medida.

Imagem: Daniel MundimClique para ampliarO árbitro Sandro Meira Ricci é contra o movimento.(Imagem:Daniel Mundim)O árbitro Sandro Meira Ricci é contra o movimento.

- Eu soube só agora sobre isso (possibilidade de greve), ninguém havia me falado sobre isso. Obviamente que não ficamos felizes com o veto, porque tínhamos uma expectativa muito grande de ter um reconhecimento maior para a categoria através desse 0,5%, mas acho que em toda categoria a greve tem que ser o último recurso. Acho que nem o primeiro recurso foi gasto. Está muito cedo, muito mesmo, para começar a falar em greve. Temos outras alternativas a serem adotadas - opinou o árbitro, que foi o único brasileiro na última Copa do Mundo e é economista.

Segundo Ricci, a melhor medida seria a negociação política. Com os vetos, o processo normal é que o texto retorne ao Congresso para discussão dos itens retirados pela presidente.

O árbitro espera que a Anaf e os árbitros tentem convencer deputados e senadores a incluírem o item novamente na lei e que o texto seja aprovado por Dilma Rousseff.

- Agora é trabalhar junto ao Congresso para resgatar a legislação que a gente queria e eliminar o veto presidencial. A gente deveria estar falando nisso. Esse é o primeiro passo, não a greve. É importante que nós e todos os outros estejamos concentrados em apoiar a Anaf nesse trabalho com o Congresso Nacional - declarou Sandro.

A principal referência para os árbitros no Congresso é o ex-juiz Evandro Rogério Roman, que é deputado federal pelo PSD-PR. Ele foi um dos responsáveis pela articulação política para a inclusão do item que dá aos árbitros 0,5% do direito de arena. Apesar da insatisfação, a possibilidade de paralisação do Campeonato Brasileiro nas próximas rodadas, ao menos por enquanto, está descartada.

- É uma atitude que tem que ser tomada em acordo com a CBF. Tenho certeza que a CBF tem interesse que nós tivéssemos esse direito. Não tem por que prejudicar o campeonato de quem é nosso parceiro - avalia Ricci.

- Ainda vamos ouvir os árbitros, os sindicados de cada estado, não acho que as rodadas estejam ameaçadas. Mas, na minha opinião, a situação pede isso (greve) - declara Marco Antônio.

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