Caçula da Copa do Brasil usa código curioso: quem pula muro, paga R$ 500

22/02/2017 09h14


Fonte globoesporte.com

Imagem: Josiel MartinsClique para ampliarLista de proibições do Altos segue controle rígido, presidente diz que organização faz time alcançar objetivos.(Imagem: Josiel Martins)Lista de proibições do Altos segue controle rígido, presidente diz que organização faz time alcançar objetivos.

O cartaz firme na entrada da casa dos atletas do Altos alerta para as infrações:

Sentar na bola de futebol: R$ 30.
Pisar ou se enxugar com material de treino: R$ 20.
Amarrar camisas ou coletes na cabeça: R$ 20.
Entrar na cozinha: R$ 50.
Refeições na sala de TV: R$ 30.
Uso de brincos em jogos ou treinos: R$ 30.
Ficar sem camisa na área externa da sede: R$ 30.
Colocar roupas, tênis, qualquer objeto na janela da sede voltada para rua: R$ 30.

Há também as proibições consideradas gravíssimas:

Entrar na sede após as 24h: R$ 100.
Fazer uso de bebida alcoólica em público: R$ 100
Saltar o muro da sede para entrar: R$ 500.
Entrar com bebida na concentração: R$ 1.000.

Esses são alguns dos mais de 40 curiosos itens que fazem parte do código de comportamento do Altos, caçula entre os 40 times da segunda fase da Copa do Brasil, que enfrenta nesta quarta-feira, às 19h30, o Criciúma, no Heriberto Hülse, em Santa Catarina. Quem assina as regras, o guia de boas maneiras, é o presidente Warton Lacerda – dirigente que na fase anterior caiu no choro depois da façanha de se classificar na competição. O manual de conduta, feito em conjunto com a comissão, tem o objetivo de criar no clube um ambiente de disciplina, organização e atenção. Pilares que o time do Piauí têm mostrado em campo. Até agora na temporada, em seis jogos, está invicto: três empates e três vitórias. Na Copa do Brasil, o triunfo de 2 a 0 sobre o CRB que garantiu o confronto com o Tigre.

- Como você trabalha com gente, um administrador deve colocar regras, horários e os jogadores têm que assimilar isso, faz parte do processo. Questão de treinamento, de preleção, isso faz parte para em campo o time alcance seus objetivos. Foi algo consensual, acredito que deu certo: até agora, ninguém foi punido. Eles assimilaram bem – explica Warton, que lista outros fatores para a empreitada até aqui ter dado certo.

- Acho que estamos fazendo algo diferente no futebol piauiense. A questão da pré-temporada antecipada (foram 45 dias de treinos), o treinador contrata no mês de novembro (Francisco Diá, vice-campeão da Copa do Nordeste em 2016), montar um centro médico com fisioterapeuta e nutricionista, pagar o salário em dia e traçar metas. É o diferente e acredito que o time possa dar muitas alegrias para a cidade e o estado – conta Warton Lacerda.

E tem mais sobre a cartilha: “Qualquer reclamação ou discordância, favor encaminhar por escrito a diretoria. Reclamações verbais diretas estão sujeitas a multa”. Ética e respeito são cobrados, além do trabalho em grupo. Mas os jogadores confessaram: seguem a linha do código do clube. Por enquanto, ninguém desobedeceu. Atraso para entrar no ônibus tem multa de R$ 2/minuto. E vai esquecer um documento na saída das viagens para os jogos: menos R$ 30 no bolso. Ou não entregar o notebook e o celular quando pedido nas concentrações: a punição é R$ 50, mesmo valor se o telefone tocar na hora da palestra do professor. Melhor colocar no silencioso, né?

- Até aqui, ninguém foi punido. A galera está cumprindo as regras direitinho. O ambiente fica organizado e todo clube tem suas regras, é importante. Ajuda na disciplina de atletas e funcionários – garante o volante Dos Santos, um dos líderes do time.

Em dois anos de atividade profissional, o Jacaré coleciona alguns feitos: subiu da segunda divisão do Campeonato Piauiense após o título, disputou a elite do estadual pela primeira vez no ano passado, quando conquistou o vice-campeonato. A posição deu o direito de disputar a Copa do Brasil deste ano. Além disso, da Série D do Brasileiro de 2016 (o clube foi nono colocado entre 68 times) e 2017, além de colocar o Altos na Copa do Nordeste. No regional, é terceiro colocado do seu grupo após empates com Moto Club, Bahia e Fortaleza.

- Ralamos demais para subir o time para a primeira divisão do Campeonato Piauiense, foi uma luta danada. Sofremos para estar aqui, estamos agora no cenário nacional e vamos fazer o jogo mais importante da vida do Altos. É um jogo difícil, na casa do Criciúma, diante da torcida deles, mas todos estão confiantes em fazer um bom jogo. Nosso elenco é forte – se enche de esperança o meia Esquerdinha, no Altos desde 2015.

Até a cidade catarinense, foram 3,2 mil quilômetros de viagem. Foram 11 horas para chegar até o destino final. De Altos até Teresina, ônibus. Das capital do Piauí até Porto Alegre, voo. Do RS até a cidade catarinense, mais alguns quilômetros de estrada. Para um time pequeno que deu um passo tão grande, o Heriberto Hülse é cenário de mais um capítulo desse momento tão especial.

- Não devemos mudar nada do que estamos fazendo, é continuar trabalhando forte para as coisas acontecerem. Vamos ter uma atenção a mais pela equipe qualificada do confronto, o Criciúma. O grupo está focado e, com fé em Deus, vamos voltar classificados – disse Dos Santos.

E, assim como na primeira fase, Warton, o presidente das lágrimas, prometeu bis de choro, em caso de classificação, e claro um novo bicho ao grupo. Na vez passada, o bônus foi de R$ 100 mil. Para isso, o Altos precisa ganhar do Criciúma no tempo normal ou segurar o empate e passar pelos pênaltis. Vale lembrar: a segunda fase da Copa do Brasil também é disputada em jogo único.

- O bicho a gente acerta na preleção, é importante porque a conquista é também dos jogadores. Se nosso time passar, eu tenho fé que nós vamos passar, será choro novamente (risos). Pode ter certeza. É uma fase importantíssima para o nosso time, que é bastante jovem alcançando seus objetivos. Estamos muito felizes, com a vontade de chegar mais longe. Eu acredito que é possível. O nosso aspecto motivacional tem feito a diferença - analisa.

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