Polícia investiga denúncia de estupro dentro de clube militar feita por advogada em Teresina

23/06/2025 08h43


Fonte G1 PI

Imagem: Lucas Marreiros/g1Central de Flagrantes de Gênero de Teresina.(Imagem:Lucas Marreiros/g1)Central de Flagrantes de Gênero de Teresina.

A Polícia Civil do Piauí (PCPI) investiga um caso de suspeita de estupro denunciado pela advogada Sara Ohana Costa em Teresina. A mulher relata que foi drogada e colocada em um quarto no Clube Social dos Subtenentes e Sargentos da Polícia Militar, no bairro Cristo Rei, Zona Sul, ao acordar sentiu dores nas partes íntimas, por causa de laceração, e fluidos nas pernas.

Procurado pelo g1 e pela TV Clube, o Clube Social dos Subtenentes e Sargentos da PM informou que ainda não sabe sobre o caso e que no domingo (22), irá acionar a assessoria jurídica do estabelecimento. O espaço segue aberto.

Segundo o Boletim de Ocorrência (BO) registrado pela advogada na Central de Flagrantes na noite de quinta-feira (19), ela estava no clube militar com um homem com quem estava se relacionando, e alguns amigos dele, consumindo bebida alcoólica quando se sentiu mal e disse que iria embora.

O companheiro informou que havia alojamentos no clube onde ela poderia descansar. A advogada contou que foi levada para um quarto, onde deitou e rapidamente "apagou". Ao acordar, estava completamente nua, com forte dor pélvica e nas partes intimas e com fluidos corporais nas pernas.

"Sociedade em geral: não condenem uma vitima que denuncia ou arranjem motivos para dizer que ela mereceu ter passado pelo que passou, porque nada justifica um suposto ato sexual sem consentimento estando a vítima desacordada, esteja a vítima bêbada ou mesmo, como muitas vezes acontece, tendo sido drogada em sua bebida para ficar mesmo desacordada e seu corpo ser usado", afirmou Sara em suas redes sociais.

Ainda segundo o BO, a porta do quarto onde ela acordou estava trancada e suas roupas dobradas em uma cadeira. A senha do seu celular havia sido alterada, mas conseguiu desbloquear com a digital do dedo mindinho. A chave do quarto estava no chão, perto das chaves do seu carro. A advogada disse que acredita que as chaves tenham sido jogadas por debaixo da porta após ser trancada.

A mulher explicou também à polícia que encontrou seu companheiro e disse que havia sido estuprada. Após uma breve conversa, ele saiu do local e não foi mais visto. Os outros homens que estavam com ele permaneceram no clube, mas ninguém, segundo a advogada, a ajudou, até ela subir no palco e pedir socorro.

"Não tenho medo de morrer. Temo apenas morrer presenciando impunidade. Não tenho vergonha de dizer que passou mal após ter passado o dia ao lado de um ficante, de ter bebido algumas cervejas com ele e do nada ter passado mal e ter pedido pra deitar. Sim, notei algo estranho, como se aquilo não fosse somente cerveja para eu me sentir daquele jeito, mas o exame toxicológico irá mostrar", afirmou Sara.

Uma assistente social que estava no clube a ouviu e a ajudou, acompanhou Sara à Central de Flagrantes para registrar o BO. O delegado de plantão encaminhou a mulher para o Serviço de Atendimento às Mulheres Vítimas de Violência Sexual (SAMVVIS).

Ao g1, o advogado da mulher, Dr. Albelar Prado, explicou que as pessoas que estavam com ela na data foram ouvidas. Segundo ele, Sara já realizou todos os exames necessários, incluindo um toxicológico. Os resultados devem sair em breve.

"Por enquanto, temos somente o relato dela e de algumas pessoas que foram inquiridas no procedimento realizado na Central de Flagrantes. Aguardamos o 6º DP", disse o advogado. O caso é investigado pela 6º Delegacia de Polícia (6º DP).

PM se pronuncia

A Polícia Militar do Piauí se pronunciou após uma denúncia inicial feita por terceiros citar a possível participação de agentes da corporação no crime.

Em nota, a PM informou que os órgãos de segurança competentes já foram acionados e que as providências necessárias serão tomadas para apurar os fatos e identificar os responsáveis.

A Associação dos Advogados e Defensores Públicos Criminalistas do Piauí (AADPCEPI) também divulgou uma nota de repúdio.

Confira a íntegra das notas:

Polícia Militar do Piauí

O Comando da PMPI vêm por meio deste manifestar nossa solidariedade às Associações e aos Clubes de Militares Estaduais do Piaui e em defesa da Família Militar Estadual, repudiando veementemente a denúncia “Fake” contra Policiais Militares propagada pelo portal Oito Meia, acusando Polícias Militares de terem estuprado uma Advogada em Clube Militar do Piauí, fato esse que não aconteceu e que foi desmentido pela própria vítima.

É importante ressaltar nosso compromisso em defender as mulheres em todo e qualquer tipo de agressão, bem como elogiar a dignidade da vítima, que mesmo traumatizada pela agressão sofrida recentemente, não se calou diante da “Fake” divulgada e esclareceu que não foram policiais militares os criminosos.

Temos a certeza de que os órgãos de segurança pública competentes adotarão as devidas providências no sentido de responsabilizar os verdadeiros envolvidos e encaminhar paras as autoridades judiciárias para ações pertinentes ao caso.

Lamentando o acontecido, reafirmamos nosso compromisso de trabalhar diuturnamente pela segurança de nossa sociedade, bem como reforçamos nosso compromisso de defender nossos dignos Policiais Militares, que mesmo com o sacrifício da própria vida garantem a paz, a tranquilidade e a ordem publica de nosso estado.


AADPCEPI

A Associação dos Advogados e Defensores Públicos Criminalistas do Estado do Piauí – AADPCEPI manifesta sua mais profunda solidariedade e repúdio diante do relato de violência brutal sofrida por uma colega advogada. Esse ato hediondo e covarde fere gravemente a integridade e a dignidade da vítima, causando-lhe danos irreparáveis.

Comprometemo-nos a acompanhar todas as medidas até que os responsáveis sejam identificados, processados e punidos conforme a lei. Acreditamos que a justiça deve ser feita de forma célere e eficaz, garantindo que a vítima receba o apoio necessário para superar essa traumática experiência.

Nossa entidade se compromete a trabalhar incansavelmente para assegurar que os culpados sejam levados à justiça. A voz da vítima deve ser ouvida e respeitada em todas as etapas do processo. Vamos trabalhar para garantir que suas necessidades sejam atendidas e que ela receba a atenção e o apoio necessários para sua recuperação. Desde o início, estamos ao lado dela, (Dr. Marcus Nogueira e Dr. Albelar Prado) acompanharam, além do apoio emocional, as investigações, exames e diligências na Central de Flagrantes.

Nossa solidariedade não se limita apenas à vítima, mas também a todos os que foram afetados por esse ato de violência. Estamos unidos nessa luta pela verdade, pela justiça e pela proteção dos direitos humanos. Vamos continuar trabalhando juntos para construir uma sociedade mais justa e segura, onde todos possam viver sem medo de violência e abuso.

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Tópicos: clube, advogada, viol?ncia