Direção do CEM teme represálias a jovens culpados por crime de Castelo

15/07/2015 12h16


Fonte G1 PI

Imagem: Pedro Santiago/G1CEM conta atualmente com 82 internos cumprindo medidas socioeducativas.(Imagem:Pedro Santiago/G1)CEM conta atualmente com 82 internos cumprindo medidas socioeducativas.

O Centro de Educação Masculino (CEM), em Teresina, montou um planejamento especial para receber os quatro jovens que vão cumprir medida socioeducativa pelo estupro coletivo cometido em maio, na cidade de Castelo do Piauí. Segundo Herberth Neves, gerente de internação do CEM, assim como no sistema prisional, o estupro é um crime repudiado pelos demais internos da instituição e isso gera um sinal de alerta para a direção da casa.

“Assim como entre presos de um presídio, os internos não aceitam determinados comportamentos e o estupro está entre eles. Por isso, estamos tomando todas as medidas para garantir a segurança e todos os direitos deles, mas é uma situação complicada de administrar”,
afirmou Herberth, dando conta ainda que eles devem chegar ao CEM nesta quarta-feira (14).

Os quatro adolescentes foram condenados, no último dia 9 de julho, a três anos de internação no CEM pelos atos infracionais equivalentes aos seguintes crimes: prática de quatro estupros, três tentativas de homicídio e um homicídio. Todos os atos foram cometidos contras as quatro garotas de Castelo, que foram agredidas, estupradas e jogadas do alto de um penhasco.

Uma das jovens morreu após 10 dias internada no Hospital de Urgência de Teresina (HUT). As outras três também ficaram hospitalizadas e já receberam alta.

De acordo com Herberth Neves, para salvaguardar a integridade física dos adolescentes, eles ficarão na “Ala E”, conhecida como local de meditação e que só guarda meninos que cometeram infrações graves.

“Eles passarão um período nessa Ala. Além disso, estamos tomando os cuidados para que eles não cruzem com internos de outras Alas. Pensamos nisso no momento em que eles vão dar um telefonema, quando vão ao bebedouro ou ao colégio”,
afirmou.

Imagem: Pedro Santiago/G1CEM conta atualmente com 82 internos cumprindo medidas socioeducativas.(Imagem:Pedro Santiago/G1)CEM conta atualmente com 82 internos cumprindo medidas socioeducativas.

Herberth conta que os internos do CEM têm conhecimento dos acontecimentos em Castelo do Piauí e perguntaram quando os jovens envolvidos chegarão. Isso liga um sinal de alerta. Além disso, a equipe do Centro detectou que existe rixa até mesmo entre os próprios adolescentes condenados.

“Já recebemos garotos com atos infracionais piores do que os cometidos pelos meninos de Castelo, mas nunca havíamos recebido, de uma vez só, quatro que participaram de um ato tão grave. Além de protegermos eles dos demais internos, teremos atenção da convivência entre eles”, contou.

Estrutura
Com capacidade para 60 internos, atualmente o Centro abriga 82 e chagará a 86, com a chegada dos jovens de Castelo. Além disso, o Centro de Educação Masculino conta com oito socioeducadores por turno, quando o ideal seriam pelo menos 15. Apesar de estar com mais adolescente do que sua capacidade, Herberth reitera que todos estão bem alojados e têm acesso à saúde, educação e alimentação.

“As pessoas têm uma ideia muito errada do CEM. Acham que aqui os jovens são maltratados, mas estamos garantindo todos os direitos que o ECA (Estatuto da Criança e dos Adolescente) preconiza. Temos muitas falhas, mas também muitas coisas boas. Há anos não temos homicídio ou suicídio aqui. Isso é um vitória, já que 90% dos nossos internos estão aqui por atos como homicídio, latrocínio e estupro”,
afirmou.

No CEM os internos têm acesso a um colégio que ensina até o 3º ano do Ensino Médio. Além disso, são ofertados cursos profissionalizantes como operador de computadores, panificação e agente de conservação de limpeza.

“O CEM, infelizmente, está estereotipado negativamente. A sociedade não sabe que a reincidência (jovens que voltam ao CEM) é muito pequena. Além disso, muitos dos nossos ex-internos são empresários e profissionais de sucesso”,
comentou.

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