Sem incentivo, piauienses perderam espaço para 'os de fora' nos Platôs
15/09/2013 10h31Fonte 180graus
O projeto do perímetro irrigado dos Platôs de Guadalupe, localizado no município piauiense a 298 km ao sul de Teresina, foi criado para incentivar produtores da região e dar apoio no cultivo e produção frutífera. Porém, o projeto que começou a funcionar em 1993, está servindo mesmo para quem vem de fora.Por falta de incentivo e qualificação, os piauienses acabaram sendo deixados de lado, e muitos pernambucanos, com experiência em um dos maiores polos fruticultores do país - Região entre Petrolina e Juazeiro - acabaram ganhando o espaço, e hoje são beneficiados pelo programa. À época de sua implantação, os lotes com oito hectares de terra custavam entre R$ 2 mil e R$ 4 mil, enquanto em Pernambuco, os lotes chegavam a R$ 150 mil. E foi essa facilidade que começou a trazes os pernambucanos para o estado.
"Um amigo meu passou pela cidade, e foi informado sobre o preço. Ele ligou logo para mim oferecendo. Comprei por R$ 4 mil o lote. A gente nem acreditava que era tão barato assim", conta João Bosco, um dos primeiros a chegar no projeto. Ele lembra que os piauienses que trabalhavam nas áreas de cultivo não tinham experiência com o manejo, e acabavam repassando.
Imagem: 180graus

"Não tem essa de dizer que o povo não sabe lidar com a terra. O que faltou foi incentivo e qualificação. As autoridades aqui não achavam que isso fosse dar certo. Aí ficam dizendo que o povo é burro. Mas não é. Vi colega aqui do Piauí receber muito dinheiro para investir nisso, mas não sabiam nem o que fazer. Deram o peixe e só, nada de ensinar a pescar, aí o pessoal pegava o dinheiro e ia era comprar carro", diz Givaldo Mendes dos Santos, que está no projeto há oito anos.
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Adalberto Marinho, gerente da ACIPE.
Adalberto Marinho, gerente da ACIPE.Conversando com Adalberto Marinho, gerente da ACIPE (Associação Central dos Irrigantes do Perímetro Irrigado Platôs de Guadalupe), ele nos diz que a produção só aumentou com a chegada dos produtores de fora, e atribuiu à baixa escolaridade e à inexperiência dos piauienses, o fato deles terem pedido espaço para os de fora.
Não é o que pensam os pernambucanos. "Com certeza se tivesse incentivo ao pessoal daqui desde o começo, não teria sido assim. Para nós esse projeto é bom, já foi melhor, mas dá para viver. O que faltou mesmo foi ajudar o povo a manejar a terra. Hoje tem gente que ainda chora porque vendeu a terra pra nós, porque não achava que fosse dar certo. Mas hoje felizmente estamos aqui", disse Givaldo.
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