Inspirado em Gerson e Casemiro, estreante na Copinha trabalha na roça e corre 12km para treinar
03/01/2020 11h03Fonte Globoesporte.com
Imagem: Reprodução/TV Globo
Sob o sol do sertão pernambucano, volante do Petrolina corre 12km em direção ao local de treino
Sob o sol do sertão pernambucano, volante do Petrolina corre 12km em direção ao local de treinoSão 5h da manhã quando Gleisson deixa o conforto de casa para trabalhar na roça, em Petrolina, no Sertão de Pernambuco, descascando cocos. À tarde, sob temperaturas que superam os 35 graus, ele corre 12km até o Estádio Municipal Paulo de Souza Coelho, casa do clube que carrega o mesmo nome da cidade. A agremiação tem o meio-campista de 18 anos como titular absoluto no time sub-20 e é o primeiro da região a se classificar, em campo, para a Copa São Paulo de Futebol Júnior - outros jogaram a convite da Federação Paulista de Futebol. Inspirado em jogadores como Gerson, do Flamengo, e Casemiro, do Real Madrid, Gleisson vê na Copinha um importante passo para a realização de um sonho: ser jogador de futebol e conquistar uma condição financeira que o permita dar à família uma vida melhor.
Enquanto o pai e o tio colhem cocos na roça, o meio-campista recolhe os frutos e descasca aproximadamente dois mil deles numa manhã de trabalho. Pelo trabalho, é pago com R$ 40 ao dia. O dinheiro que recebe, vai para ajudar a mãe. Um equivalente a R$ 960,00 por mês, caso ele descanse somente aos domingos. Menos que um salário mínimo, que é de R$ 1.039.
"O trabalho aqui é pesado. É saco de coco nas costas o tempo todo. Vim trabalhar aqui para dar uma força para meu pai, meu tio, minha família.”
Imagem: Reprodução/TV Globo
Gleisson descasca cerca de dois mil cocos por dia de trabalho
Gleisson descasca cerca de dois mil cocos por dia de trabalhoA mãe, dona Rosileide, criou Gleisson e mais três filhos praticamente sozinha. Divorciada, ela recebe uma pensão do ex-marido, e sustenta a casa com o trabalho nas lavouras de uva.
- Ninguém consegue nada fácil. É o que eu digo para Gleisson todos os dias. Tem dia que eu não tenho nem o dinheiro da passagem para ele ir de van para os treinos do Petrolina. Ele vai de bicicleta, vai a pé... mas tem que ir, né? É o que ele quer, tem que ir. Tem que lutar.
E Gleisson geralmente vai a pé. Depois do trabalho na roça pela manhã, ele volta para almoçar e tomar banho. E deixa a casa da mãe sob o sol do sertão pernambucano para correr 12km em direção aos treinos. No campo, trabalha como qualquer outro jogador: sem perder o ritmo, que intensificou à medida que a Copa São Paulo se aproximava.
Gago desde a infância, o jogador conta que sofreu muito com o preconceito devido a dificuldade na fala. Mas no futebol, pelo que faz em campo e principalmente fora das quatro linhas, ele conquistou o respeito que sempre buscou.
"Ele acaba ajudando demais no dia a dia, para a gente dar o nosso máximo, também para correr não só por nós, mas para o time. Ele vindo correndo lá da roça dele, acaba motivando a gente no dia a dia" - disse o companheiro de time, o lateral-direito João Carlos.
Assim como a corrida de Gleisson aos treinos, o caminho do Petrolina até a Copinha foi longo. A equipe encarou mais de 40 horas de viagem num ônibus, percorrendo 2.104km até Araraquara, no interior de São Paulo. A cidade é sede do grupo 17, que também conta com Palmeiras, Ferroviária-SP e União Rondonópolis-MT. Clube que leva Gleisson ao primeiro passo para a realização de um sonho, o Petrolina classificou-se após ser terceiro colocado no Campeonato Pernambucano sub-20, desbancando, por exemplo, o Santa Cruz.
Estreante na base, o clube sertanejo formou a equipe da categoria há cinco meses. Gleisson, assim como o companheiro João Carlos, chegou ao elenco depois de uma peneira com mais de mil jovens da cidade e proximidades. Comandante dos meninos na Copinha 2020, o técnico Willian Lima vê o futebol brasileiro repleto de histórias de superação. E aponta que elas acabam sendo um diferencial, como no caso do meio campista, para incentivar os atletas no maior campeonato de base do futebol brasileiro masculino.
- É daí que muitos tiram força para vencer. A gente sabe que vai enfrentar equipes com uma qualificação melhor, com uma estrutura melhor. Mas a gente está passando para eles que é uma oportunidade. Eles estão indo para lá, para ter uma oportunidade e tentar mudar a vida deles.
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