Análise: Carrascal vai de surpresa a certeza e rege Flamengo em semifinal dura na Libertadores

23/10/2025 08h50


Fonte ge

Alguns torcedores do Flamengo podem ter se acostumado a placares elásticos nas semifinais de Libertadores, mas a partida contra o Racing foi exatamente o que era esperado nas prévias do confronto. Em jogo duro e de muita luta, prevaleceu a estrela de um jogador que foi a grande novidade da escalação, mas deixou o recado mais claro do que nunca: Carrascal merece ser titular.

O colombiano não sentiu em nada o primeiro jogo que iniciou em uma Libertadores. As mais de 71 mil pessoas cantando alto no Maracanã não intimidaram. Pelo contrário, foram combustível para uma atuação de gala coroada com o gol da vitória por 1 a 0. O meia-atacante rendeu bem jogando em qualquer uma das quatro posições do ataque, flutuando bem pelo campo e se adaptando a todos os companheiros.

Se em outros momentos a vantagem magra foi motivo de protestos e vaias para o Fla dentro de casa, o sentimento no estádio após o primeiro jogo da semifinal foi de confiança. Aplausos efusivos e os cantos de "seremos campeões" ecoaram, reconhecendo que, apesar das várias chances criadas, o Flamengo deixou o estádio com o placar que mereceu levar para o duelo na Argentina na próxima quarta-feira, às 21h30.

Filipe Luís foi a campo com três mudanças com relação ao time que venceu o Palmeiras. Varela entrou na vaga de Emerson Royal, Danilo na de Léo Ortiz e Carrascal na de Samuel Lino. Os dois últimos foram bem, mas o lateral não seguiu o mesmo caminho. O lado direito funcionou pouco em noite também abaixo de Luiz Araújo. Foi na esquerda que o Flamengo teve os melhores escapes.

Isso se explica pela sintonia já grande de Arrascaeta com Carrascal, mostrando que a dupla pode - e deve - atuar junta. Mesmo que o colombiano tenha entrado pelo lado esquerdo inicialmente, o uruguaio fez diversas associações e trocas ao longo de toda a partida. O camisa 10, é verdade, não viveu uma grande noite e passou a maior parte do tempo apagado, mas foi perigoso quando pisou na área. Faltou mais calma e boas escolhas para que as conclusões fossem melhores.
Imagem: Jorge Rodrigues/AGIFCarrascal em Flamengo x Racing pela semifinal da Libertadores.(Imagem:Jorge Rodrigues/AGIF)Carrascal em Flamengo x Racing pela semifinal da Libertadores.

Se muitos achavam que o Flamengo era dependente de Arrasca e Pedro, a noite de 22 de outubro mostrou que o caminho pode ser diferente. Não só pela estrela da noite, mas também por quem saiu do banco. As mexidas de Filipe Luís foram fundamentais para o time retomar o controle e, enfim, acelerar a partida. Em baixa, Samuel Lino fez valer o plano do treinador entrando no segundo tempo. Plata também foi bem e melhorou a dinâmica ofensiva. Bruno Henrique foi o único que destoou mais uma vez entrando mais recuado na vaga de Arrascaeta.

— (O Carrascal) encaixava muito no plano de jogo do que eu pensava, onde poderíamos machucar a defesa do Racing e passava muito pela posição que o Carrascal estava ocupando no campo no primeiro tempo. E também pensando numa troca, numa eventual troca no segundo tempo, para o Lino já pegar o lateral mais cansado, com o jogo mais aberto, eu acredito que funcionaria melhor com essa estratégia — avaliou o treinador.
Imagem: André DurãoPedro em Flamengo x Racing (Imagem:André Durão)Pedro em Flamengo x Racing 

Primeiro tempo de sustos

Os erros do Flamengo quase custaram caro em alguns momentos. O Racing fez uma partida praticamente perfeita pela maneira como se propôs a jogar, entregando muito na parte tática e física, ainda que devesse na técnica. Saídas erradas de Jorginho, por exemplo, resultaram nas duas primeiras chegadas dos argentinos no Maracanã.

A primeira boa chance do Flamengo foi aos 15 minutos, quando o lado esquerdo deu o primeiro cartão de visitas em jogada que nasceu com Léo Pereira, passou por Alex Sandro e terminou em Carrascal invadindo a área livre. O goleiro, outro destaque da partida, defendeu e mostrou que seria difícil passar por ali.

No outro gol, Rossi teve mais uma noite segura. Fez um milagre para salvar o Fla na chance mais clara dos adversários. O goleiro, inclusive, foi até Rodrigo Caio e Filipe debater a bola parada depois dessa chance, que nasceu de um escanteio e liga um alerta para o duelo de volta. Como o time da casa tinha dificuldade nas infiltrações por fazer transições muito lentas, a barreira argentina se fechava. Arrascaeta colocou uma bola na trave aos 20 minutos. Depois, na reta final, Pedro teve duas grandes oportunidades, mas também não fez.
Imagem: André DurãoGol do Carrascal em Flamengo x Racing(Imagem: André Durão)Gol do Carrascal em Flamengo x Racing

Segundo tempo de pressão

Filipe Luís, como de costume, não mexeu no intervalo. As primeiras alterações foram de Ayrton Lucas e Plata nas vagas de Alex Sandro e Luiz Araújo. As mudanças tinham como objetivo melhorar a dinâmica pela direita e tentar explorar o corredor do Racing pela esquerda, algo que deu certo.

Na segunda etapa, Carrascal ficou por vezes mais recuado para Arrascaeta aparecer perto da área. As outras alterações, com Lino e Bruno Henrique nas vagas do uruguaio e de Pedro, fizeram o colombiano, quase onipresente, passar a aparecer mais pela direita, com BH na posição do camisa 10 uruguaio. Os erros foram aumentando a impaciência no Maracanã, que começava a ficar aflito com o placar ainda zerado. Os cantos de "Mengo" se intensificaram e surtiram efeito.

O meio-campo, que funcionou tão bem contra o Palmeiras, ficou devendo na Libertadores. Presos na marcação, Jorginho e Pulgar apoiaram menos do que o normal e facilitaram essa transição mais devagar do Flamengo. O chileno, porém, brilhou no passe para Samuel Lino, que invadiu a área e marcou um gol, mas estava impedido.

O Flamengo tinha as chances, mas escolhia mal as jogadas. A insistência finalmente teve o dsfecho esperado em um lance iniciado por Carrascal, que fez os rubro-negros soltarem o grito já entalado. O colombiano lançou Bruno Henrique, que perdeu uma chance clara. No rebote, o próprio Carrascal finalizou para abrir o placar para um resultado merecido.

A sensação com as reações ao final do jogo foi que o 1 a 0 foi de bom tamanho para a dificuldade do confronto. Filipe Luís definiu a vantagem como simbólica, mas elogiou uma equipe madura e com muita confiança.

— A vantagem é simbólica. Ela existe claro, mas ela é simbólica para nós ou para mim, eu não conto com ela. Vamos da mesma forma, tentar vencer da mesma forma que foi contra o Internacional, da mesma forma que foi com os Estudiantes e agora contra o Racing. Sabíamos da força do Racing, principalmente nos contra-ataques, das transições muito forte que eles têm, todos vimos contra o Fortaleza na fase de grupos, todos vimos na Recopa, contra o Botafogo, o poder que esse time tem em transições. Então é importante construir essa vitória, criar chances, e assim fizemos. Criamos as chances, o gol veio no final, queria que o gol tivessem vindo antes, mas foi um jogo completo em muitos aspectos da equipe, uma equipe madura e que está com muita confiança — disse o técnico.

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Tópicos: flamengo, racing, carrascal