Projeto de Sarah descobre talentos e sonhos no judô

01/08/2013 11h46


Fonte G1 PI

São quatro horas da manhã e lá vai Sávio Araújo, de apenas nove anos de idade, atrás de seu quimono. A presteza com que procura o material revela: é mais um dia de treinos para o pequeno judoca no CT Sarah Menezes. Acordar de madrugada pode até assustar (ou impressionar) você, mas virou rotina para Sávio. Ele é uma das 130 crianças atendidas pelo projeto social da campeã olímpica, que funciona há pouco mais de um ano em Teresina, capital do Piauí.

Devido à separação dos pais, Sávio passou por uma depressão, incluindo crises de medo e pânico. O garoto começou no judô para diminuir a ansiedade, que atrapalhava os estudos. Com o quimono em mãos, Sávio chega ao lado de sua mãe, a artesã Mauraline Cunha Araújo, ao Centro de Treinamento. Dentro dos tatames, o judoca aprende os primeiros passos do esporte. Do lado de fora, Mauraline observa e relembra o dia em que o treinador Expedito Falcão esteve no colégio do filho para falar sobre o projeto.

"O Sávio ficou empolgado após a apresentação do judô. Como ele tinha depressão, acabei aceitando a participação dele, pois os médicos recomendaram uma atividade física. Meu filho não dormia, não lia, não queria mais comer e estava agressivo. Hoje vejo melhoras e me sinto feliz ao vivenciar o crescimento dele", relata Mauraline.

Sávio é apenas uma das centenas de histórias vivas no CT Sarah Menezes. Existem tantas outras, com o nome de Ciro, Luis Gustavo, João, Letícia, Jéssica... Reunidas, provam que a conquista de uma medalha olímpica vai muito além que uma simples ou complicada disputa, competição, golpes, regras. Ouro também traz um legado, além de renovar esperanças e sonhos. Ah! E quando se trata de sonho, esses são imensuráveis.

"Quero ser campeão", diz Sávio, ainda tímido.

A ideia do projeto social começou em junho do ano passado, quando o técnico da atleta, Expedito Falcão, recebeu tatames especiais do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) para ajudar na preparação final de Sarah para os Jogos de Londres. Com o material, veio a idealização: era hora de retribuir, pelo menos de alguma forma. No começo, Sarah e Expedito bateram de porta em porta atrás de patrocinadores.

"Lancei essa ideia para Sarah antes dela ser campeã olímpica. Com a chegada dos tatames doados pelo COB, conversei: era o momento de retribuirmos para a sociedade tudo aquilo que ela já tinha ganhado no judô. Depois disso, encabeçamos a montagem do projeto. Acredito que é um dos legados deixados por Sarah. O objetivo do projeto é estruturar o judô no estado, trazer algo melhor na modalidade. Então, vai enriquecer não apenas a Sarah, mas o esporte como todo", explicou Expedito Falcão.

O projeto funciona da seguinte forma: o Governo Estadual contribui com o aluguel do espaço e algumas empresas privadas financiam as aulas das crianças, como se fossem padrinhos. A contribuição mensal dada pelos parceiros faz com que o dinheiro arrecadado seja utilizado no pagamento dos professores e despesas de água, luz, internet, além de materiais esportivos.

"A intenção é conseguir atingir entre 500 e 600 crianças. Para isso, é preciso ter mais parceiros e que os órgãos públicos percebam isso. Primeiramente estamos pensando no lado social, depois no competitivo", completou o técnico.

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