Nascido em favela carioca, pintor Maxwell Alexandre expõe obras em museu de Paris

29/11/2021 10h30


Fonte G1

Imagem: ReproduçãoEle explica:
 O artista brasileiro Maxwell Alexandre, 31, cresceu na maior favela do Rio de Janeiro, a Rocinha, onde pinta animado por uma "nova consciência negra. Desde a última sexta-feira (26), ele expõe sua obra no Palais de Tokyo, museu de arte moderna em Paris.

"Não faz muito tempo que consegui me identificar como negro e é um grande passo", confidencia à AFP, em plena instalação de suas gigantescas pinturas, realizadas em papel "pardo", uma referência direta à cor de sua pele e ao lugar dos mestiços e negros na sociedade brasileira.

Entre elas, um autorretrato, uma silhueta toda negra sobre um fundo gigantesco, reconhecível por seus dreads e seu moletom, e testemunho direto de sua "nova consciência negra".

Ele explica: "No Brasil, existe o termo pardo, quer dizer mais ou menos branco e isso é problemático. Por ser a tradução de uma "política de inclusão social dos negros" que de fato atesta o racismo comum, denuncia.

"Morei 31 anos na Rocinha, um lugar muito intenso, muito contrastado, também conhecido como a maior favela da América Latina (...). Venho de onde venho e isso continua me afetando, mas é redutor tomar esse único fio condutor para descrever minha pintura", diz, apontando que é igualmente influenciado pelo cotidiano da favela quanto "pelos mangás, os filmes, o hip-hop dos EUA ou a moda na Europa".

Intitulada "New Power" (Novo Poder), título de seu amigo rapper BK, sua exposição em Paris, que permanecerá aberta até 20 de março, fala da arte "como uma nova ferramenta de promoção social para os negros".
Faz parte da temporada "Seis continentes e mais" do Palais de Tokyo, que apresenta vários artistas com compromisso anticolonial e antirracista.


Tópicos: negros, favela, pardo