Pedro Alves, o Guga de "Malhação, explica porque assumiu bissexualidade: "Parece mais justo"

09/08/2019 23h13


Fonte Revista Marie Claire

Imagem: Thiago de LucenaPedro Alves, o Guga de

Logo que Pedro Alves se apresentou para a imprensa no lançamento da atual temporada de Malhação - Toda Forma de Amar, não titubeou nem por um segundo em esconder sua sexualidade e falou a verdade imediatamente. O intérprete de Guga, que é gay, conta que é bissexual na vida real e explica porque abriu o jogo em universo dos atores em que isso ainda é um tabu.

"Eu disse a verdade porque foi o que me pareceu mais justo. Se eu estou fazendo um personagem que consegue, de certa forma, mudar algo na visão do público, preciso primeiro passar a ser a mudança que quero para a sociedade. Acho que as pessoas ainda não entendem muito isso. Para elas, ou é um ou é outro. Eu enxergo o ser humano como um só, um indivíduo. O sexo é só a forma material que a alma toma",
detalha.

Ele diz que tem recebido mensagens em suas redes sociais de pessoas gays e bissexuais que não conseguem se libertar do preconceito que vivem na sociedade e, muitas vezes, dentro de casa.

"Recebo inúmeras mensagens e acho que cada caso é um caso. Eu não posso aconselhar qual é a melhor forma de se assumir porque cada família é estruturada de uma forma diferente. Mas sempre recomendo ir por um lado que não seja do enfrentamento",
salienta.

A repercussão do momento em que seu personagem assume sua sexualidade na ficção também causou uma boa repercussão. Pedro comenta que este era um momento bastante esperado e, por isso, começou a receber mais mensagens, carinho e admiração do público.

"A recepção do público tem sido muito boa! Ainda não fui afetado pelo preconceito em relação ao Guga. Acho que as pessoas estão sensibilizadas com a história dele. Sempre sou parado nas ruas e as pessoas são sempre muito carinhosas comigo. Saio de casa sabendo que vão ficar me olhando, mas não acho isso ruim. Receber carinho é muito bom!"


Machismo tóxico

Pedro viveu dos oito até os 19 anos de idade na Bélgica com sua mãe e seus irmãos e hoje, aos 26, analisa que nunca sentiu o machismo na sociedade belga como percebe aqui no Brasil. Ele lembra que os homens de lá são mais sensíveis e menos preconceituosos.

"O homem francês e belga, por exemplo, são mais delicados, mais antenados na moda, menos diretos com a mulheres. Lá, homens se beijam ao se cumprimentar. Se você perceber, nos filmes franceses o homem não precisa se autoafirmar. Ele não precisa passar a imagem de machão criada e associada à masculinidade no Brasil. Isso gera uma imagem poética e delicada que, por aqui, por vezes, é confundida com homosexualidade",
descreve.

Quando voltou à sua terra natal, o ator conta que descobriu “o Brasil que corria em seu sangue” e, assim, põde entender verdadeiramente suas raízes.

"Acho que o Rio tem um sorriso próprio que eu carrego comigo. Uma vibração mais alegre que é parecida com as cores do samba que me fizeram recuperar aqueles passos que eu dava ao desfilar com sete anos de idade, descalço, sambando pelas ruas de Santa Teresa, enquanto meu pai tocava na bateria. Recuperando essas origens que havia perdido. Contudo, tive minhas decepções: o poder público ineficiente, o jeitinho carioca de burlar as regras, o machismo...", enumera.

Ele acredita que o Brasil precisa aprender que a justiça tem de ser justa e não uma falácia criada quando necessário. Pedro pontua que quando isso acontecer, o restante vai seguir seu rumo.

"Vamos entender que educação é cultura, que o governo precisa ser para todos, incluindo questões sobre minorias, e que o jeitinho brasileiro não nos levará ao caminho da evolução."

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Tópicos: brasil, sociedade, machismo