A apoteose de Elza Soares aos 90 anos

25/02/2020 11h00


Fonte G1

 
Clique para ampliarElza Soares desfila pela Mocidade Independente de Padre Miguel na madrugada de terça-feira, 25 de fevereiro(Imagem:Marcos Serra Lima / G1)Elza Soares desfila pela Mocidade Independente de Padre Miguel na madrugada de terça-feira, 25 de fevereiro
ANÁLISE – A Mocidade Independente de Padre Miguel pode não ter feito o desfile consagrador que se esperava da escola na apresentação do enredo Elza deusa Soares na Marquês de Sapucaí.

Ainda assim, a agremiação está na (pulverizada) briga pelo título e, qualquer que seja o resultado apurado na quarta-feira de cinzas, Elza Soares já é uma das campeãs do Carnaval de 2020.

A apoteose de Elza Soares, cantora que completará 90 (não assumidos) anos em junho, faz justiça a uma artista que, como o próprio samba, foi duramente perseguida – na década de 1960, pelo bloco sensacionalista que a tornou a vilã da hora por viver romance com o então casado jogador de futebol Mané Garrincha (1933 – 1983) – e caiu. E levantou. E caiu de novo. E levantou de novo.

E assim, dura nas sucessivas quedas, Elza seguiu até 2015, ano em que voltou à tona com o impactante e renovador álbum A mulher do fim do mundo e, desde então, se mantém no topo.

Não fosse a cantora extraordinária que mostrou ser desde dezembro de 1959, mês em que estourou com a edição e o sucesso instantâneo do disco com regravação do samba Se acaso você chegasse (Lupicínio Rodrigues e Felisberto Martins, 1938), Elza Soares já seria deusa por personificar a resistência da mulher, a luta do povo negro, a potência da comunidade LGBTQIA+ e a força dos moradores das comunidades. Enfim, Elza parece encarnar todos que sobrevivem na luta cotidiana por justiça social.
Elza Soares é a cara miscigenada de um Brasil que já podia ter dado certo, mas que, por ser brasileiro, nunca desiste de perseguir esse acerto. Salve a Mocidade, agremiação que reverenciou a deusa-mulher em vida sem cometer o pecado da Mangueira, que nunca dedicou um enredo a Beth Carvalho (1946 – 2019).

Salve sobretudo Elza Soares! A fênix que, se depender da vontade de Marcelo D2, estará plena no álbum de músicas inéditas que a banda Planet Hemp lançará no segundo semestre de 2020. A cantora incansável que já planeja mais um disco após a edição do registro audiovisual do show Planeta fome.

Em momento apoteótico, Elza Soares tem, além de poder, fome de vida. É campeã! É campeã!!

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Tópicos: elza, cantora, soares