Lava Jato prende no Recife dois irmãos ligados a ex-presidente do Banco do Brasil e da Petrobras

27/07/2017 10h12


Fonte G1 Globo

Deflagrada pela Polícia Federal, a 42ª fase da Operação Lava Jato prendeu dois irmãos, ambos empresários, na manhã desta quinta-feira (27), no Recife. A mesma ação prendeu, em Sorocaba (SP), o ex-presidente do Banco do Brasil e da Petrobras Aldemir Bendine. Os empresários detidos na capital pernambucana seriam operadores financeiros de Bendine.

Os quatro mandados de busca e apreensão foram cumpridos no Recife e em Ipojuca, na Região Metropolitana. Eles são relacionados a André Gustavo Vieira da Silva e Antônio Carlos Vieira da Silva Júnior. Os irmãos são sócios da empresa de publicidade Arcos. André Gustavo é representante de Bendine. Essa não é a primeira vez que ele é citado em uma delação da Odebrecht.

Antônio Carlos foi preso em casa, no Recife. A captura de André Gustavo ocorreu no Aeroporto Internacional Gilberto Freyre, na capital pernambucana. Ele embarcaria para Brasília (DF). De acordo com o advogado dos dois, Ademar Rigueira, André mora na capital federal e estava retornando para a residência.

Por telefone, Rigueira se diz surpreso com as prisões temporárias dos seus clientes e que está se inteirando do processo. O advogado ainda afirma que considerada as prisões precipitadas.

Além de Bendine, a nova fase também mira nos operadores financeiros suspeitos de operacionalizar o recebimento de R$ 3 milhões. Aparentemente, de acordo com a PF, estes pagamentos somente foram interrompidos com a prisão de Marcelo Odebrecht.

42ª fase

A atual fase foi batizada de Cobra e cumpre três mandados de prisão temporária e 11 de busca e apreensão. Além de Pernambuco, a PF atuou no Distrito Federal, Rio de Janeiro e em São Paulo. A prisão temporária tem prazo de cinco dias e pode ser prorrogada pelo mesmo ou convertida para preventiva, que é quando o investigado não tem prazo para deixar a prisão.

Segundo depoimento de delação feito por Marcelo Odebrecht e Fernando Reis, Bendine solicitou e recebeu R$ 3 milhões para auxiliar a empreiteira em negócios com a Petrobras. Conforme os delatores, o dinheiro foi pago em espécie através de um intermediário.

Segundo o Ministério Público Federal (MPF), há evidências indicando que, numa primeira oportunidade, um pedido de propina no valor de R$ 17 milhões foi realizado por Aldemir Bedine à época em que era presidente do Banco do Brasil, para viabilizar a rolagem de dívida de um financiamento da Odebrecht AgroIndustrial.

"Marcelo Odebrecht e Fernando Reis, executivos da Odebrecht que celebraram acordo de colaboração premiada com o Ministério Público, teriam negado o pedido de solicitação de propina porque entenderam que Bendine não tinha capacidade de influenciar no contrato de financiamento do Banco do Brasil", disseram os procuradores.

Os presos serão levados para a Superintendência da Polícia Federal em Curitiba. A fase anterior da Operação da Lava Jato, batizada de Poço Seco tinha ocorrido em maio deste ano.

Investigações

Em 2015, Bendine era braço direito da então presidente Dilma Rousseff. E deixou o banco com a missão de acabar com a corrupção na petroleira, alvo da Lava Jato. Mas, segundo os delatores, ele já cobrava propina no Banco do Brasil, e continuou cobrando na Petrobras.

O pedido de propina, segundo os delatores, foi feito em 2014, quando Aldemir Bendine era presidente do Banco do Brasil. Na delação de Fernando Reis, o ex-executivo da Odebrecht conta que foi procurado pelo publicitário André Gustavo Vieira da Silva com uma queixa sobre o ministro da Fazenda Guido Mantega.

Em junho deste ano, o juiz Sérgio Moro, que é responsável pelos processos da Lava Jato, autorizou abertura de inquérito para investigar Bendine.

O nome da operação

O nome da operação é uma referência ao codinome dado ao principal investigado nas tabelas de pagamentos de propinas apreendidas no chamado Setor de Operações Estruturadas da Odrebrecht durante a 23ª fase da operação.

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Tópicos: polícia, federal, lava, jato