Vi o acidente pela internet e entrei em choque, diz filho de maquinista morto

12/11/2015 13h35


Fonte G1 PI

Aristel Araújo Brito, 23 anos, é filho do maquinista Gilvan Soares de Brito, morto na colisão entre o metrô de Teresina e um trem de carga na quarta (11). O mais velho de quatro irmãos contou ao G1 que soube da tragédia pela internet e como não sabia se o pai estava no metrô, foi até o local do acidente em busca de notícias. Ao chegar lá, se deparou com a informação que não esperava: uma das vítimas presa nas ferragens era o seu pai Gilvan Brito.

"Eu estive com o meu pai até meio-dia, depois ele seguiu para o trabalho. À tarde fui surpreendido com a notícia de um acidente envolvendo o metrô. Na mesma hora liguei para o celular dele e ele não atendeu. Entrei em pânico e decidi ir até o local, com a esperança dele estar vivo. Acompanhei todo o atendimento do Samu, mas meu pai não resistiu e eu entrei em choque", disse.

Imagem: Ellyo Teixeira/G1Registro feito no momento em que os bombeiros tentavam resgatar as vítimas.(Imagem:Ellyo Teixeira/G1)Registro feito no momento em que os bombeiros tentavam resgatar as vítimas.

Ainda no local do acidente Aristel Araújo Brito conseguiu conversar com o único sobrevivente da tragédia que revelou ter se assustado ao ver o trem parado nos trilhos. Para ele, a causa do acidente pode ter sido a falta de comunicação entre a Companhia Metropolitana de Transportes Públicos (CMTP) e a Ferrovia Transnordestina Logística (FTL).

"O Anderson (técnico que sobreviveu) me contou que eles saíram da garagem por volta das 16h e fariam a primeira viagem do dia em direção ao Centro de Teresina. Ao cruzarem a passagem de nível da Avenida Higino Cunha, se depararam com o trem da Transnordestina parado e que este não deveria estar ali. Perguntei se houve falha na comunicação, mas ele não conseguiu me confirmar porque estava sentindo muitas dores. Mas eu acredito que houve falha", relatou.

Imagem: Reprodução/Arquivo PessoalClique para ampliarGilvan Brito trabalhava há 25 anos na CMTP.(Imagem:Reprodução/Arquivo Pessoal)Gilvan Brito trabalhava há 25 anos na CMTP.

Gilvan Soares tinha 59 anos e trabalhava na CMTP há 25 anos. Segundo o filho, o pai já estava preparando a documentação para dar entrada na aposentadoria até o final deste ano. Gilvan era casado e deixa quatro filhos, dois deles menores.

O velório acontece na manhã desta quinta-feira (12) na cidade de Amarante e o enterro está previsto para 17h.

A outra vítima do acidente é o auxiliar de maquinista da Transnordestina Logística, Gilvan Camelo da Silva. O corpo dele está sendo velado em Teresina e será enterrado em Codó, no Maranhão.

Causas do acidente


Em nota ao G1, a Ferrovia Transnordestina Logística (FTL), afirmou que a Companhia Metropolitana de Transportes Públicos (CMTP) teria descumprido um procedimento operacional e provocado o acidente entre o metrô de Teresina e o trem de carga.

“As primeiras investigações indicam descumprimento do procedimento operacional pelo Metrô de Teresina, que teria avançado uma SB (seção de bloqueio) sem permissão. O trecho ferroviário onde ocorreu o acidente é compartilhado entre as empresas”, diz trecho da nota. Ainda de acordo com a empresa, SB é quando um trecho fica bloqueado para determinado fim, sendo que fica proibido o uso daquela área para outra atividade.

Também por meio de nota, o governo do Piauí, a quem a CMTP pertence, informou que a viagem do metrô estava prevista. “O trem de passageiro circulou até 9h da manhã e foi recolhido para garagem, pois a Transnordestina iria fazer serviços na linha, como distribuição de brita".

Antônio Sobral, diretor-presidente da CMTP, afirmou que todas as comunicações realizadas no metrô são gravadas e que esse material será resgatado para que ajude nas investigações que apuram as causas do acidente. A comissão de investigação da companhia tem 30 dias para analisar as comunicações e divulgar laudo oficial sobre as causas do acidente.

Acidentes na linha férrea

No dia 2 de setembro, um acidente envolvendo um ônibus coletivo e o metrô deixou três pessoas feridas no cruzamento das avenidas Rui Barbosa e Miguel Rosa, na Zona Norte de Teresina, que fica próximo ao Cemitério São José.

Em abril deste ano, um motociclista teve o braço esquerdo esmagado ao ser atropelado pelo metrô de Teresina quando trafegava por uma passagem de nível na Rua Amélia Rodrigues, bairro Renascença, Zona Sudeste da capital. Testemunhas relataram que o jovem não percebeu a aproximação do metrô ao passar pelo local.

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