Servidores são suspeitos de facilitar fuga e dar celulares a presos no Piauí

14/01/2016 08h21


Fonte G1 PI

Imagem: Sejus/DivulgaçãoMaterial apreendido por agentes penitenciários em presídios do Piauí.(Imagem:Sejus/Divulgação)Material apreendido por agentes penitenciários em presídios do Piauí.

Servidores do estado estão sendo investigados sob a suspeita de facilitar fugas, se ausentarem de plantões e até mesmo entregar celulares a presos em penitenciárias do Piauí. A suposta conduta irregular desses funcionários é alvo de diversas sindicâncias abertas pela Secretaria Estadual de Justiça (Sejus).

As irregularidades ocorreram em anos diferentes. Em novembro, o secretário de justiça, Daniel Oliveira, determinou a abertura de sindicância administrativa para investigar um servidor da penitenciária José de Deus Barros, em Picos, a 306 km de Teresina. Segundo a denúncia, o agente fornecia aparelhos celulares para dois presos da cidade de Paulistana que cumprem pena no local.

Imagem: Divulgação/SinpoljuspiClique para ampliarLocal por onde presos conseguiram fugir da Casa de Custódia.(Imagem:Divulgação/Sinpoljuspi)Local por onde presos conseguiram fugir da Casa de Custódia.

Em outro ato datado de setembro de 2015, o secretário determinou que fosse apurada a suspeita de participação ou omissão de servidores da Secretaria de Justiça durante uma fuga de presos na penitenciária Irmão Guido, em Teresina. Os detentos fugiram de um anexo do presídio durante a madrugada em maio daquele ano.

Já a sindicância aberta em dezembro de 2015 apura a suposta ausência de servidoras lotadas na Casa de Custódia que teriam se ausentado do plantão sem a autorização do chefe imediato. Em outros procedimentos, a Sejus investiga condutas irregulares de servidores nas unidades prisionais de Vereda Grande, em Floriano, e na penitenciária Mista de Parnaíba.
As portarias que determinaram a abertura dos atos investigatórios foram publicadas na terça-feira (12) no Diário Oficial do Estado.

Do início deste ano até agora, já foram registradas pelo menos nove tentativas de fuga, sendo quatro delas na Penitenciária Mista Juiz Fontes Ibiapina, em Parnaíba, três na Casa de Custódia de Teresina e duas na Penitenciária Irmão Guido.

Sindicato defende investigações


Procurado pelo G1, o diretor jurídico do Sindicato dos Agentes Penitenciários do Piauí (Sinpoljuspi), Vilobaldo Carvalho, disse que é um dever da Secretaria de Justiça apurar toda e qualquer denúncia envolvendo seus servidores e que defende as investigações, desde que conduzidas devidamente.

Imagem: Ellyo Teixeira/G1Vilobaldo Carvalho, presidente do Sinpouljuspi.(Imagem:Ellyo Teixeira/G1)Vilobaldo Carvalho, presidente do Sinpouljuspi.

Vilobaldo afirmou não ter conhecimento da denúncia do servidor que supostamente teria fornecido celular para os presos, mas ressaltou que caso seja comprovado, o servidor deve ser colocado para fora dos quadros da secretaria. Sobre as denúncias de conivência com fuga, ele disse ter conhecimento das denúncias.

Sistema prisional em crise

Rebeliões registradas em dezembro do ano passado na Casa de Custódia de Teresina e na Penitenciária Mista Juiz Fontes Ibiapina, em Parnaíba e ainda as constantes tentativas de fuga, motivaram o Ministério da Justiça a autorizar homens da Força Nacional a auxiliar na segurança das penitenciárias do estado. O governandor Wellington Dias chegou a decretar emergência nos presídios.

No dia 27 de dezembro, pelo menos nove presos conseguiram da Casa de Custódia. A fuga aconteceu quando eles quebraram parte da laje do pavilhão B e andaram pelo vão até chegar à área lateral que dá acesso à quadra de esportes. Entre os presos que conseguiram escapar estão assaltantes, estupradores e homicidas.

No início do mês de dezembro de 2015, a Casa de Custódia registrou duas rebeliões em menos de 48 horas e praticamente todos os detentos da unidade prisional se rebelaram reclamando das péssimas condições do presídio. Foram dois momentos de muita tensão, dentro e fora do presídio, já que familiares chegaram a derrubar grades e interditar a rodovia em protesto.