Para promotor, troca de medicação pode ter provocado morte de bebê

01/04/2016 07h27


Fonte G1 PI

Imagem: Ellyo Teixeira/G1Clique para ampliarProntuário do bebê previa a aplicação da dipirona.(Imagem:Ellyo Teixeira/G1)Prontuário do bebê previa a aplicação da dipirona.

O promotor de justiça da Comarca de Campo Maior, Luciano Nogueira, já recebeu o resultado do inquérito que investigava a morte de Sara Valentina Alves Nascimento, de um ano e oito meses que faleceu em setembro do ano passado depois de ter tomado uma medicação no Hospital Regional da cidade, a 78 km de Teresina. Nogueira revelou que deu início a avaliação do processo e não descarta a possibilidade de erro médico, pois aplicação da medicação parece ter sido trocada.

"O que parece que aconteceu foi uma troca de medicação, pois foi prescrito para a Sara Valentina cloreto de potássio e dipiriona. A primeira medicação deveria ser aplicada no soro e a dipirona direto na veia. Nesta primeira leitura do processo, se percebe que houve uma troca porque o cloreto foi aplicado diretamente na corrente sanguínea e a dipirona no soro, isso causou uma asfixia e resultou na morte da menina",
declarou.

Duas pessoas que foram indiciadas pela polícia trabalham no hospital, já prestaram depoimento e estão sendo acusadas de homicídio culposo quando não há intenção de matar. A justiça deve se pronunciar sobre o caso na próxima semana.

A equipe de reportagem tentou conversar com a médica que atendeu a criança e com a direção do hospital, mas ninguém quis gravar entrevista.

A mãe da menina, Eliane Alves,não se conforma com a perca da filha, mas pretende punir os culpados pela negligência.

"Eu quero correr atrás da justiça para que os culpados paguem pela morte da minha filha. Quero que paguem pelo erro que eles cometeram para que isso não venha acontecer com outras famílias”, disse.

A Secretaria Estadual de Saúde e o Hospital Regional de Campo Maior informaram que não foram oficialmente notificados sobre o resultado do inquérito policial e que tanto a diretoria de vigilância sanitária como o hospital abriram processos administrativos para apurar o caso.

Entenda o caso
Em setembro do ano passado Sara Valentina deu entrada no hospital público de Campo Maior com diarreia e dores no estômago. A criança foi medicada, mas passou mal e morreu após o atendimento. A família suspeita de erro médico. O laudo do Instituto Médico Legal de Teresina (IML) concluiu que a morte foi causada por edema pulmonar.

Além da investigação da polícia, uma sindicância do Conselho Regional de Medicina (CRM) foi aberta, mas segundo a assessoria de imprensa do órgão, o processo tramita em sigilo e o conselheiro sindicante pelo caso ainda não concluiu o procedimento.

Etapas da investigação
Na época, a polícia também investigou o desaparecimento de imagens gravadas pelas câmeras de segurança do hospital no dia do atendimento. De acordo com o perito Jorge Andrade, do Instituto de Criminalística, as imagens não foram possíveis de serem acessadas.

“Houve uma falha no equipamento e por isso não podemos ter acesso as imagens. O HD do equipamento que capturou as imagens teve um defeito técnico que impossibilita a visualização das imagens”, contou.

A direção do Hospital Regional de Campo Maior informou que foi disponibilizado, no mês de outubro, o aparelho de captura de imagens do hospital. Sobre o material usado durante o atendimento da paciente, o hospital repassou que foi jogado fora, como de costume em qualquer atendimento.

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