Metade das mulheres assassinadas no Piauí são vítimas de feminicídio

18/07/2021 15h30


Fonte G1 PI

Imagem: ReproduçãoNo primeiro semestre do ano passado, o Brasil registrou 648 feminicídios, quase 2% a mais que em 2019(Imagem:Reprodução)No primeiro semestre do ano passado, o Brasil registrou 648 feminicídios, quase 2% a mais que em 2019

Metade dos homicídios contra mulheres registrados em 2020 no Piauí foram feminicídios, segundo o Anuário da Violência 2021, produzido pelo Fórum de Segurança Pública e publicado na quinta-feira (15).

Em 2020, o estado teve um total de 61 mulheres assassinadas. Destas, 31 foram vítimas de feminicídio. Esta qualificadora foi criada em 2015 e gera aumento de pena para quem mata uma mulher pela sua condição de mulher, como ocorre em casos de violência doméstica.

A média brasileira é de 34% e, segundo o levantamento, o Piauí ocupou o 6º lugar do país nesta proporção. Em 2019, o estado teve o maior percentual do país neste ranking, com o feminicídio correspondendo a 63% do total de mortes de mulheres.

Mesmo com a pandemia, de 2019 para 2020 o aumento em números absolutos foi registrado tanto no total de homicídios quanto de feminicídios. Em 2019, foram 46 mulheres mortas e no ano seguinte 61.

A delegada Vilma Alves, titular da Delegacia da Mulher do Centro, em Teresina, afirmou que é importante que a mulher faça a denúncia contra o agressor, assim como quem é próximo da vítima e sabe das agressões também deve denunciar.

“A mulher apanha por tudo e isso não deve acontecer. Agora tem que denunciar, o vizinho tem que denunciar, o síndico tem que denunciar, o pai, o avô, irmão, todo mundo, pois a violência contra a mulher é uma questão pública, de natureza pública, todo mundo tem que denunciar. Não pode deixar a mulher ser morta, como muito acontece. O número de feminicídios no Brasil é assombroso. Temos que denunciar sim e ensinar as mulheres que elas precisam denunciar”, afirmou.

Imagem: Naftaly NascimentoDelegada Vilma Alves, coordenadora da Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam)(Imagem:Naftaly Nascimento)Delegada Vilma Alves, coordenadora da Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam)

Conforme o anuário, os dados de feminicídio indicam que 81,5% das vítimas foram mortas pelo parceiro ou ex-parceiro íntimo, mas se considerarmos também demais vínculos de parentesco temos que 9 em cada 10 mulheres vítimas de feminicídio morreram pela ação do companheiro ou de algum parente.

Entre as vítimas de feminicídio verifica-se distribuição mais igualitária entre as faixas de 18 a 24 anos (16,7%), de 25 a 29 anos (16,5%), 30 a 34 anos (15,2%), 35 a 39 anos (15,0%), com poucas vítimas entre crianças e adolescentes.

Já entre os demais homicídios de mulheres verifica-se maior concentração entre meninas e mulheres jovens, com 8,8% das vítimas com 12 a 17 anos no momento da morte, 22,1% entre 18 e 24 anos e 15,3% de 25 a 29 anos, totalizando metade das vítimas como jovens (49,8%).

O aumento foi registrado no número total de mortes violentas intencionais, incluindo homens e mulheres. Especialistas avaliam que a soltura de presos de alta periculosidade durante a pandemia, junto à ação de criminosos faccionados que teriam se aproveitado do movimento reduzido nas cidades devido à pandemia, podem ter contribuído para a pandemia.

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