Dois anos de pandemia no Piauí: dos primeiros casos até a flexibilização do uso de máscaras

28/03/2022 12h40


Fonte G1 PI

Nesta segunda-feira (28) completam-se dois anos desde a primeira morte por Covid-19 no Piauí. Desde então, outras 7.720 pessoas faleceram no Piauí.

Dois anos depois, Teresina se prepara para deixar as máscaras de proteção de lado, e a vacinação contra a Covid-19 avança. Nesta segunda, o Piauí registra 81% das pessoas com 5 anos ou mais com duas dose de vacina.

Primeiro caso de Covid-19 no Piauí
Imagem: DivulgaçãoApresentador Marcelo Magno recebeu alta.(Imagem:Divulgação)Apresentador Marcelo Magno recebeu alta.

Em março de 2020, o jornalista Marcelo Magno foi internado em Teresina com um quadro de pneumonia. O diagnóstico de Covid-19 chegou no dia 19 de março. O apresentador do Piauí TV 1, da TV Clube, havia voltado de São Paulo, e teria contraído o vírus durante a passagem por um aeroporto em São Paulo.

40 dias depois o jornalista ficou curado da doença. Marcelo chegou a ficar 8 dias na Unidade de Terapia Intensiva de um hospital particular de Teresina. Ele contou que precisou de três meses para se recuperar totalmente da Covid-19.

Primeira Morte
Imagem: Divulgação/ Prefeitura de São José do Divino  Prefeito de São José do Divino, Antonio Nonato Lima Gomes.(Imagem:Divulgação/ Prefeitura de São José do Divino ) Prefeito de São José do Divino, Antonio Nonato Lima Gomes.

No dia 28 de março, a Secretaria de Estado de Saúde (Sesapi) confirmou a primeira morte por Covid-19: a vítima foi o prefeito de São José do Divino, Antônio Nonato Lima Gomes, conhecido como Antônio Felícia.

O g1 conversou com o vice-prefeito da cidade, Assis Carvalho, que informou que o prefeito acreditava que estava com dengue e que teve uma piora na saúde quando foi internado no hospital de Piracuruca.

Além dele contraíram a doença a empregada doméstica do prefeito e dois profissionais do Pronto Socorro de Piracuruca, onde o prefeito morreu. Todos estão se recuperaram sem sintomas graves.

Tempo de restrições
Imagem: Andrê Nascimento/ G1 PI  Centro de Teresina, capital do Piauí, no dia 9 de abril de 2021.(Imagem:Andrê Nascimento/ G1 PI ) Centro de Teresina, capital do Piauí, no dia 9 de abril de 2021.

Depois dos primeiros casos e mortes no Piauí, o Governo do Estado e prefeituras passaram a editar normas para restringir o fluxo de pessoas nas ruas. Os decretos e “lockdown” geraram muita insatisfação, principalmente do setor econômico, e deixaram vazias as ruas das cidades. As fronteiras do estado foram fechadas.

Em 22 de abril, o governo do estado decretou a obrigatoriedade do uso de máscaras em espaços públicos do estado. A alta procura pelos itens de proteção causou desabastecimento no mercado, e voluntários começaram a fabricar as máscaras e outros assessórios.

Perdas irreparáveis
Imagem: Reprodução /Redes Sociais  Da esquerda para direita: Bianca, Noélia, Maria Clara e Manoel Honorato.(Imagem:Reprodução /Redes Sociais ) Da esquerda para direita: Bianca, Noélia, Maria Clara e Manoel Honorato.

Durante estes dois anos, a Covid-19 ceifou 7.721 vidas piauienses, e é difícil encontrar uma pessoa que não conheça alguma vítima da doença. Algumas famílias perderam vários membros e têm que lidar com o vazio.

Foi o caso da jovem Maria Clara Honorato, de 22 anos, que perdeu toda a família para a Covid-19 em Teresina. A primeira a falecer foi a irmã de Maria, a nutricionista Bianca Maranhão. Dez dias depois, a jovem perdeu a mãe, a professora Noélia Maranhão e, três dias depois, o pai, o empresário Manoel Honorato.

Maria Clara fez um protesto quando chegou sua vez de ser vacinada, e foi para o local de vacinação, usando uma camisa com a frase "Fora Bolsonaro" e com um cartaz escrito “Vacina salva, máscara protege e Bolsonaro mata”.
Imagem: Reprodução /Redes Sociais  Maria Clara Honorato recebe a primeira dose da vacina contra a Covid-19.(Imagem:Reprodução /Redes Sociais ) Maria Clara Honorato recebe a primeira dose da vacina contra a Covid-19.

“A dose que minha irmã, minha mãe e meu pai não tomaram”, afirmou a jovem em uma publicação em seu perfil em uma rede social.

Vacinas
Imagem: Suzana Aires/G1  Médico obstetra Joaquim Vaz Parente foi o primeiro vacinado no Piauí.(Imagem:Suzana Aires/G1 ) Médico obstetra Joaquim Vaz Parente foi o primeiro vacinado no Piauí.

As vacinas contra Covid-19 chegaram ao Piauí em 18 de janeiro de 2021. O médico obstetra Joaquim Vaz Parente, de 75 anos, foi o primeiro piauiense a ser vacinado no estado. Um ano depois, o dr. Parente contou ao g1 que desde então tomou outras duas doses da vacina, e se sente “muito bem".

“Eu me considero um privilegiado por ter sido o primeiro do Piauí, e entre os primeiros do Brasil. Vi o surgimento da vacina como uma luz no fim do túnel porque só através dela é possível erguer barreiras contra o vírus”, comentou o médico.
Imagem: Divulgação/SesapiCriança indígena de 7 anos é a primeira a ser vacinada contra Covid no Piauí.(Imagem:Divulgação/Sesapi)Criança indígena de 7 anos é a primeira a ser vacinada contra Covid no Piauí.

Quase um ano depois, em 15 de janeiro de 2022, a vacinação chegou às crianças. Marcos Vinícius da Silva Santos, de 7 anos, uma criança indígena da tribo Tabajara, foi a primeira criança a ser vacinada.

Nesta segunda-feira (28), o Piauí contabiliza 6.983.735 doses aplicadas. 81% da população tem imunização completa, com duas doses, e 38% recebeu uma dose de reforço. O Piauí estado é estado com a população mais vacinada no Brasil.

Ondas de contaminação
Imagem: Reprodução/TV Clube  Aglomeração na espera para sacar auxílio emergencial em agência da Caixa no Centro de Teresina.(Imagem:Reprodução/TV Clube ) Aglomeração na espera para sacar auxílio emergencial em agência da Caixa no Centro de Teresina.

Dezenas de decretos foram publicados para conter a disseminação do vírus pelo estado, determinando medidas que restringiam a circulação de pessoas nesses dois anos. No ponto mais alto, ainda no início da pandemia, apenas os serviços essenciais foram liberados.

Apesar disso, o Piauí teve de atravessar duas ondas de contaminação. A primeira atingiu a população entre maio e outubro de 2020. No pior dia daquele ano, 13 de julho de 2020, 37 piauienses morreram vítima da doença.

A segunda onda aconteceu no início de 2021, logo depois das festividades de natal e réveillon, o que provocou o retorno de medidas de restrição que haviam sido relaxadas. A segunda onda foi mais grave e longa que a primeira, e se estendeu até o início de julho. Em 11 de abril de 2021, 49 pessoas morreram.

Fim das máscaras
Imagem: Divulgação/FMS  Fiscalização de medidas sanitárias em Teresina.(Imagem:Divulgação/FMS ) Fiscalização de medidas sanitárias em Teresina.

No início de 2022, uma nova alta de casos assustou os piauiense. Em 2 de fevereiro, 2117 novos casos foram confirmados, um recorde durante todo o período da pandemia. Todas as festas, inclusive as de carnaval, foram proibidas no período.

Mas logo os números voltaram a cair e em março a Prefeitura de Teresina decidiu retirar a obrigatoriedade do uso de máscaras por etapas. Nesta segunda-feira (28), acaba a obrigatoriedade do uso em qualquer tipo de espaço.

Na última sexta-feira (25), o Governo do Piauí decidiu flexibilizar o uso de máscaras em locais abertos, e permitiu 100% de lotação dos bares, restaurantes e espaços de eventos.

Tópicos: casos, vacina, covid