Delegada concluiu inquérito baseada em áudio com confissão de menores

17/09/2015 15h34


Fonte G1 PI

Imagem: Ellyo Teixeira/G1Adolescentes são suspeitos de agredir até a morte Gleison Vieira.(Imagem:Ellyo Teixeira/G1)Adolescentes são suspeitos de agredir até a morte Gleison Vieira.

Um áudio dos adolescentes confessando que participaram do estupro coletivo em Castelo do Piauí foi crucial para a conclusão do inquérito que investigava a morte Gleison Vieira da Silva, delator do crime que foi espancado até a morte dentro de uma cela do Centro Educacional Masculino (CEM).

“Levei em consideração esse áudio que vai contra a versão dada pelos garotos após a morte no CEM. Eles alegaram ter cometido o homicídio porque são inocentes e o Gleison quem os colocou nesta situação”,
falou a delegada Thais Paz da Delegacia do Menor Infrator.

Para a polícia, a morte do Gleison foi associada por ele ter sido o delator do estupro e que havia um pacto entre eles para que ninguém falasse nada. A delegada lembrou que antes da transferência dos menores para o CEM, a vítima contou em depoimento que estava sendo ameaçado pelos outros três adolescentes.

Durante a investigação, os três menores não falaram se a morte de Gleison foi planejada e por isto aceitaram dividir mesma cela.

O julgamento dos adolescentes acontece nesta quinta-feira (17) na 2ª Vara da Infância e da Juventude em Teresina. O juiz Antônio Lopes revelou que a mãe do adolescente, Elizabeth Vieira, será ouvida como testemunha de acusação.

Além dela, outras nove testemunhas serão ouvidas, entre elas: os três adolescentes da cela ao lado onde o crime ocorreu, familiares dos adolescentes apontados pela polícia como suspeitos e os funcionários do CEM que estavam de plantão no dia do assassinato.

O juiz Antônio Lopes explicou que vai levar em consideração o fato dos menores serem réus confessos. "Levarei em consideração todos os autos do inquérito e as teses apresentados pela defesa. No entanto, vale ressalta que pesa contra os menores o fato deles terem assumido o envolvimento com a morte de Gleison”, comentou.

O magistrado explicou ainda que o caso do estupro coletivo não deverá ser considerado por se tratar de outro processo que já está sendo apreciado pelo Tribunal de Justiça. Sobre o local onde os adolescentes irião cumprir medidas socioeducativas caso sejam condenados, o juiz afirmou que eles devem permanecer no Ceip até que a ampliação do CEM seja concluída.

A defensora pública Alynne Patrício revelou que apresentou duas teses na defesa dos suspeitos. Segundo ela, a primeira teoria é que o estado também é responsável pelo fato e a outra é que os adolescentes colaboram desde o inicio com a investigação.

"Os três nunca deveriam ter sido colocados na mesma cela que o Gleison. Desde o início, eles alegam inocência e a justiça sabia do risco de deixá-los juntos. Agora, sobre a confissão no assassinato do Gleison, vou colocar isso para conseguir uma redução da pena”,
comentou.

Gleison cumpria medida socioeducativa por participar do estupro coletivo de quatro meninas em Castelo do Piauí. Ele e mais três adolescentes foram condenados pelo crime. Após a morte do adolescente, os outros três menores culpados pelo estupro coletivo foram retirados do CEM e agora estão no Centro de Internação Provisória (Ceip). Eles foram condenados a cumprir três anos de internação por participação no estupro coletivo e estavam juntos no mesmo alojamento quando Gleison foi agredido e morto.

Laudo cadavérico
O resultado do laudo cadavérico no corpo de Gleison Vieira mostrou que ele foi morto a socos e pontapés. “A vítima faleceu em decorrência de traumatismo craniano, provocado por uma ação contundente. O que para a gente quer dizer um espancamento. Não houve a utilização de nenhum outro instrumento. Apenas socos e pontapés”, afirmou Thais Paz.

A investigação que apura a morte de Gleison Vieira da Silva, de 17 anos, será acompanhada de perto pela Comissão da Infância e Juventude do Conselho Nacional do Ministério Público (CIJ/CNMP). Em despacho, o conselheiro e presidente da CIJ, Walter de Agra, afirmou que a vítima foi colocada no mesmo alojamento com outros três adolescentes que já tinham feito ameaças contra Gleison. A intenção é apurar se houve negligência ao colocar todos o envolvidos na mesma cela.

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