Casal viaja pelo PI a bordo de barco feito com mais de mil garrafas pets

18/05/2014 10h51


Fonte G1 Pi

Uma aventura sustentável e até certo ponto inusitada. É o que vem fazendo o casal Eduardo Carvalho e Renata Maia a bordo de um barco construído a partir de garrafas pets descartadas no lixo. Por sete dias eles percorreram o Rio Parnaíba, de Teresina até o Delta, com a Delta Pet Expedition. A embarcação, licenciada e aprovada pela Marinha do Brasil, foi confeccionada com mil garrafas plásticas, 500 em cada lado do flutuador.

Segundo o casal, o barco possui laudo técnico de engenheiro naval e é patenteado. A embarcação de modelo Tes Prisma tem 3,60 de comprimento por 1,95 de largura. Sua capacidade é de 420Kg ou seis pessoas e seu peso é de 210Kg. Sua força motriz se dá através de um motor estacionário de 13HP, que apresenta baixo valor de manutenção e grande força.

“Essa embarcação tem como pontos fortes a segurança e estabilidade. O nome Tes significa Tecnologia Eco Social e Prisma Prisma sugere um novo olhar, outros ângulos. Nesse caso, outro olhar para o lixo doméstico”, explicou Renata Maia.

Imagem: Eduardo Carvalho/Arquivo PessoalCasal percorreu Rio Parnaíba durante sete dias(Imagem:Eduardo Carvalho/Arquivo Pessoal)Casal percorreu Rio Parnaíba durante sete dias

Sob essa ótica, Renata e Eduardo não viajam apenas movidos pelo espírito aventureiro. A real proposta das expedições que começaram ainda em 2005 pelo Rio São Francisco é interagir com as comunidades ribeirinhas e realizar cursos para o reaproveitamento das garrafas pets.

“Escolhemos o Rio por sua importância nacional, por ter o terceiro maior delta do mundo e ser pouco divulgado no país. Sua riqueza nos impressiona e a localização geográfica permite abranger o Piauí e o Maranhão de uma vez só”,
destacou Eduardo.

Imagem: Eduardo Carvalho/Arquivo PessoalBarco possui laudo técnico de engenheiro naval e é patenteado.(Imagem:Eduardo Carvalho/Arquivo Pessoal)Barco possui laudo técnico de engenheiro naval e é patenteado.

Tirando o assoreamento do rio que fez com que o barco encalhasse pelo menos umas 20 vezes, o casal se mostrou satisfeito com a escolha da rota para a expedição e disse estar surpreendido com a paisagem e encontro com as comunidades ribeirinhas.

“Cumprimentar os pescadores pelo caminho e ver a admiração deles pela embarcação também foi muito gratificante. Não temos a pretensão de fazer grandes mudanças no mundo, mas essa prática da retirada das garrafas do meio ambiente e a possibilidade de fazer do lixo uma geração de renda já nos rende alguma esperança de transformação”, contou o casal.

Mais de 60 mil garrafas retiradas do lixo


A história das embarcações sustentáveis começou em 2005, com o projeto Megapet que consistiu num veleiro que flutuava a partir de 2048 garrafas. Esse veleiro foi a primeira embarcação com flutuador de Pet registrada por um órgão oficial, no caso a Marinha brasileira. O Megapet percorreu cerca de 2 mil km no rio São Francisco, de Pirapora, Minas Gerais até Petrolina no Pernambuco.

“Essa embarcação tinha o objetivo de mostrar que era possível fazer um barco funcional e esteticamente interessante, mesmo construído a partir do lixo doméstico. Foi um barco conceito”, destacou o casal.

Em 2011, Eduardo e Renata tiveram a ideia de fabricar embarcações mais funcionais para pescadores artesanais do Rio Grande do Norte e do Ceará, em um projeto de compensação ambiental de atividade pesqueira da Petrobras. A empresa comprou 60 embarcações para nove municípios.

“Nós queríamos incentivar o reaproveitamento das garrafas Pet jogadas no meio ambiente e propusemos à empresa que fizéssemos cursos para os pescadores aprenderem a construir as embarcações. Então, nove delas foram entregues prontas e 51 foram fabricadas por pescadores e marisqueiras em cursos realizados em suas comunidades”, relatou Renata.

Foram nove cursos ao todo. Cada um deles com 11 dias de duração. Conceitos de gestão compartilhada, trabalho em equipe, organização, planejamento e associativismo foram inseridos no processo de fabricação dos barcos e depois dos cursos a comunidade fazia a própria gestão dos equipamentos construídos. A Marinha licenciou as 60 embarcações e toda a documentação já saía em nome das associações de pesca, responsáveis pela gestão dos projetos.

Neste projeto, a contrapartida das comunidades era juntar as garrafas descartadas no meio ambiente para a confecção dos barcos. Cada barco utiliza 1.000 garrafas PET de 2 litros e até hoje já foram mais de 60 mil garrafas PET retiradas do meio ambiente nas praias do RN e CE.

“Os barcos são patenteados mas fornecemos a tecnologia para os pescadores fazerem uso e reprodução do conhecimento adquirido para uso comunitário. Decidimos dar continuidade às expedições por importantes rios brasileiros para divulgar o nosso trabalho e a importância do reaproveitamento e reciclagem do lixo doméstico”.

O casal mora no Rio Grande do Norte e mantém a OAK Soluções ambientais, empresa com sede em Natal montada para fabricação das embarcações. Eduardo Carvalho é paulistano, administrador de empresas, inventor das embarcações e diretor da empresa e Renata Maia, sou Mineira, psicóloga e a gestora dos projetos socioambientais.

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