Ambulatório voltado para travestis e transexuais é inaugurado no PI e homenageia vítima de homofobia

29/01/2020 14h39


Fonte G1 PI

Imagem: Murilo Lucena/TV ClubePrimeiro ambulatório com atendimento voltado para travestis e transexuais é inaugurado no Piauí.(Imagem:Murilo Lucena/TV Clube)Primeiro ambulatório com atendimento voltado para travestis e transexuais é inaugurado no Piauí.

O primeiro ambulatório com atendimento voltado para travestis e transexuais do Piauí foi inaugurado nesta quarta-feira, 29 de janeiro, Dia Nacional da Visibilidade Trans. O Ambulatório de Saúde Integral da População Trans Makelly Castro fica no Hospital Getúlio Vargas, no Centro de Teresina, e homenageia a jovem assassinada no dia 18 de julho de 2014, na capital. O júri do caso foi o primeiro do estado por motivações homofóbicas.

O diretor do HGV, Gilberto Albuquerque, informou que para o atendimento as pessoas devem procurar um posto de saúde e solicitar encaminhamento para o ambulatório. A consulta será marcada pela central do Sistema Único de Saúde (SUS) na capital e o objetivo é garantir acesso a serviços de saúde com uma equipe qualificada e capacitada para o atendimento a este público.
Imagem: Murilo Lucena/TV ClubeEspaço fica dentro do Hospital Getúlio Vargas, no Centro de Teresina.(Imagem:Murilo Lucena/TV Clube)Espaço fica dentro do Hospital Getúlio Vargas, no Centro de Teresina.

“Aqui esses pacientes terão atendimento especializado. Temos endocrinologista, que fará o acompanhamento com relação a medicação, ginecologista e urologista para atender todas as necessidades",
disse o diretor.

Segundo Gilberto Albuquerque, o serviço também é composto por atendimento social e psicológico. Após os atendimentos iniciais os pacientes serão encaminhados para os setores especializados necessários.

Dificuldade de acesso
Imagem: Murilo Lucena/TV ClubeAmbulatório de Saúde Integral da População Trans Makelly Castro, em Teresina.(Imagem:Murilo Lucena/TV Clube)Ambulatório de Saúde Integral da População Trans Makelly Castro, em Teresina.

De acordo com o professor Rodrigo Aragão, da Universidade Federal do Piauí (UFPI), que é pesquisador na área, a iniciativa é uma forma de tentar reparar os problemas desta parcela da população ao procurar atendimento nos serviços formais de saúde.

“Ainda existe muita resistência quando essa população tenta acessar esses serviços, principalmente por conta do despreparo de alguns profissionais na perspectiva de acolhimento, de garantir o acesso dessa população, é o que chamamos de violência institucionalizada",
explicou.

Segundo o professor, em sua pesquisa foi constado que travestis e transexuais sofrem violência psicológica, como desrespeito ao nome social e à permanência do indivíduo dentro do local. "Todas essas barreiras fazem com que essas pessoas não procurem esses serviços", disse.
Imagem: G1Espaço funciona no Hospital Getúlio Vargas (HGV), no Centro de Teresina.(Imagem:G1)Espaço funciona no Hospital Getúlio Vargas (HGV), no Centro de Teresina.

O pesquisador afirmou que isso faz com que elas acabem procurando atendimentos clandestinos que podem acabar acarretando em problemas de saúde, principalmente relacionado à fase de transição (mudança de gênero), que necessita de atenção e cuidado integral à saúde do indivíduo.

“Isso envolve também a saúde mental. O aspecto psicológico desse indivíduo. Precisa ser garantida uma assistência psicológica e um acompanhamento pelos profissionais de saúde que compõem a rede de saúde”,
declarou.

Homenagem a Makelly
Imagem: Reprodução/Tv ClubeTravesti Makelly Castro morreu asfixiada na Zona Sul de Teresina.(Imagem:Reprodução/Tv Clube)Travesti Makelly Castro morreu asfixiada na Zona Sul de Teresina.

O nome do ambulatório homenageia a travesti Makelly Castro, que foi assassinada no dia 18 de julho de 2014. O caso foi o 1º do Piauí a ir a júri popular por crime de homofobia, mas o único acusado foi absolvido. O Ministério Público chegou a recorrer a decisão, mas absolvição foi mantida pela 2ª Câmara Especializada Criminal do Tribunal de Justiça do Piauí.

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