Dia do Médico: confira os passos desde o vestibular até o mercado de trabalho

18/10/2010 21h38


Fonte CORREIOWEB

A dura rotina de dedicação aos estudos para os que desejam se graduar em Medicina começa bem cedo, logo nos primeiros anos do ensino médio, quando o aluno ainda se prepara para prestar o vestibular. Esse é o caso de Pedro Soares, 20 anos, que ingressou recentemente na Universidade de Brasília (UnB). O estudante conta que passou um ano e meio freqüentando aulas de cursinho até conseguir o direito de se matricular em uma instituição pública. "Em alguns casos, como o do classificado em primeiro lugar do meu vestibular, a aprovação pode demorar até dois anos e meio de estudos intensos".

Pedro diz que após amargurar várias reprovações, cogitou abrir mão do sonho de ser médico para cursar Ciências Ambientais. "Essa minha ideia não vingou. Era mesmo Medicina o que eu queria. É muito importante que o candidato tenha foco nessas horas, e isso eu tinha muito. Também não queria estudar em universidades de outros estados, nem em instituições particulares", explica.

Cursar Medicina em faculdades particulares no Distrito Federal pode acabar custando muito caro - e são poucas as pessoas que têm o privilégio de poder arcar com esta conta. De acordo com levantamento feito pelo CorreioWeb em quatro instituições privadas do DF, o preço de uma mensalidade pode variar entre R$ 3,1 e R$ 3,7 mil. Isso sem mencionar os gastos com matrícula, transporte, alimentação, vestuário e livros. "Ao final do curso, que normalmente dura seis anos, desembolsa-se entre R$ 370 mil e R$ 400 mil", pontua Soares.

O calouro da UnB dá dicas para quem deseja ser aprovado em vestibulares concorridos. Conselhos úteis também para aqueles que almejam abocanhar uma vaga no funcionalismo público. O primeiro é não se entregar totalmente aos estudos. "É importante que o candidato também tenha vida social, faça programações culturais, saia com os amigos e vá a festas". Para Pedro, essas atividades são tão importantes quanto estudar, desde que haja moderação. "O segredo está no equilíbrio. O cara não pode ficar 'a Deus dará', esperando o resultado cair do céu, tampouco virar madrugadas estudando a fio e sem dormir", orienta.

Outro macete é refazer provas antigas da empresa que organizará a seleção. "Você acaba se familiarizando com a maneira com que a banca cobra uma sentença certa ou como redige um enunciado errado". Além disso, o calouro afirma que, ao refazer provas anteriores, o candidato adquire uma experiência importante na hora de dar, por exemplo, um chute direcionado, técnica muito usada em concursos nos quais o aluno precisa atingir uma pontuação alta para ser classificado.

Da universidade ao mercado de trabalho

O aluno de Medicina passa seis anos na faculdade estudando em período integral, de manhã e à tarde. Ao final do curso, nos últimos três semestres, o estudante ainda é submetido a um programa de internato em hospitais universitários. "É durante esse estágio que adquirimos experiência em praticamente todas as áreas médicas, entrevistamos os pacientes e acompanhamos as cirurgias", relata Milena Lavor, 25 anos, que faz o último semestre de Medicina da UnB.

Concluído o sexto semestre, o aluno formado já é considerado médico e pode tirar registro no Conselho Regional de Medicina (CRM) de seu estado. Dessa forma, o profissional recém-formado está pronto para atuar como clínico generalista em hospitais ou postos de saúde da rede pública. No entanto, muitos graduados optam pelo caminho da especialização, fase que pode durar de dois até cinco anos, caso daqueles que querem seguir a carreira de cirurgião plástico, por exemplo. "No programa de residência, o médico cumpre carga horária de 60 horas semanais, dá plantão, trabalha sob supervisão daqueles que já são especialistas e ganha uma bolsa auxílio que gira em torno de R$ 2,2 mil", relata a estudante.

Atualmente Milena estuda para conseguir uma vaga de médico residente e poder se especializar em Otorrinolaringologia. "É muito comum que os recém-formados viajem para fazer provas em hospitais de outros estados. É claro que cada região do país oferece expertise em determinada área, mas as melhores oportunidades estão nos estados de São Paulo e do Rio Grande do Sul", revela.

Após se especializar, a aluna pensa em trabalhar tanto na iniciativa privada quanto na pública. Para ela, a rede pública oferece mais oportunidades para desafios concretos e uma diversidade maior de casos clínicos. "A desvantagem neste caso é a remuneração. Acho que ainda falta muito incentivo governamental. Hoje em dia, o Estado paga entre R$ 2 mil e R$ 4 mil para quem tem especialização, no máximo", observa Lavor.

Entretanto, o cenário é bem diferente quando comparamos o mercado de trabalho para médicos do interior e de regiões metropolitanas do país. O último concurso lançado pela Prefeitura Municipal de Petrópolis, no Rio de Janeiro, ofereceu 62 vagas para médicos, com remunerações iniciais que chegavam a R$ 8 mil, já acrescidas de todas as gratificações. "Faltam médicos no interior do Brasil. Normalmente o profissional vai para uma região longínqua para trabalhar como generalista, por isso o incentivo acaba sendo maior", revela. "A grande dica é trabalhar em órgãos do poder Legislativo, como Câmara e Senado, ou em tribunais", conclui.

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