"Pre10tinado", Gabigol fez 133 gols, ganhou 11 títulos e bateu marcas com a 9 do Flamengo

15/11/2022 10h50


Fonte Globoesporte.com

Imagem: Paula Reis/FlamengoGabigol é o novo camisa 10 do Flamengo.(Imagem:Paula Reis/Flamengo)Gabigol é o novo camisa 10 do Flamengo.

Pre10tinado (predestinado) a vestir a camisa 10 do Flamengo, Gabigol esperou quatro anos para assumi-la, o que aconteceu no último fim de semana. Antes disso, Gabriel Barbosa acabou eternizando-se com a 9. Empilhou títulos de todos os tipos, colecionou gols, artilharias e pulverizou recordes.

Sim, em 2019, já havia a possibilidade de herdar o número de Zico porque Diego, à época em fim de contrato, acenava com saída que não aconteceu. Em Guayaquil, após fazer o gol que garantiu o tri da Libertadores, a 10 voltou a ser uma realidade para o atleta de 26 anos.

- Na verdade teve essa história. Quando eu cheguei no Flamengo eu já ia usar a 10, mas o Diego acabou ficando e depois continuou usando. A 10 do Flamengo você não se nega, é claro que vou aceitar. Mas antes vou ligar para o Zico e ver se posso usar. Se ele liberar, com todo prazer do mundo, eu vou usar a 10 - disse Gabriel na zona mista do Estádio Monumental de Guayaquil.

No último sábado, no minuto 10 do segundo tempo de Flamengo x Avaí, Diego, quando despedia-se da carreira de atleta profissional, fez a passagem de bastão. No dia seguinte, durante o trio elétrico em comemoração ao tri da Libertadores, Marcos Braz entregou o histórico número a Gabigol formalmente. O artilheiro, por sua vez, não foi nada formal e, eufórico, bradou o seu amor ao clube.

- É um prazer usar a camisa 10 do Zico e do Diego. Eu terei muita honra em usar essa camisa. Essa p... é o Flamengo, o Flamengo é favela. Vamos comemorar - vibrou.

Zico deu a bênção, e uma nova história começará a ser escrita em 2023. Mas foi com a 9 que Gabriel Barbosa se tornou um dos maiores ídolos do clube. Por isso, o ge apresenta um material com as principais realizações de Gabigol durante seu caso de amor com a camisa 9.

Foram 133 gols, 11 títulos conquistados, cinco artilharias, 38 assistências e quase 70% de aproveitamento com ele em campo em jogos do Flamengo (69,5% - 438 pontos de 630 possíveis).

O primeiro de 133 gols com a camisa 9

Assim como Romário em 1995, Gabigol fez seu primeiro gol numa vitória contra o Americano, pelo Campeonato Carioca. Apresentado em 11 de janeiro de 2019, teve de esperar um mês e 13 dias para tirar o grito da garganta, em seu sexto jogo pelo clube.

O terceiro gol do Flamengo na goleada por 4 a 1 sobre a equipe de Campos dos Goytacazes, em 24 de fevereiro de 2019, parecia um convite ao futuro de uma cena que se repetiria constantemente: de Arrascaeta para Gabigol, de Gabigol para o gol. Belo chute cruzado de pé esquerdo.

Artilharias e primeiros títulos históricos

O ano de 2019 foi histórico para o Flamengo. A temporada também marca o início da Geração Gabigol, jogador que é o principal expoente de um período marcado por três títulos internacionais, cinco nacionais e três estaduais.
Imagem: Getty Images  Gabigol mostra camisa após gol na final da Libertadores.(Imagem:Getty Images ) Gabigol mostra camisa após gol na final da Libertadores.

Em 2019, quando ainda era atleta emprestado pela Internazionale, Gabriel fez da Libertadores e do Brasileiro seus passaportes para a eternidade. Depois de uma fase de grupos com apenas dois gols e um cartão vermelho na competição sul-americana, marcou em todos os confrontos de mata-mata, mostrando-se jogador decisivo. Terminou como campeão e artilheiro, com nove gols.

Os dois mais especiais, sem dúvida, foram os da virada por 2 a 1 contra o River Plate, aos 43 e 46 minutos do segundo tempo. Quebrava-se um jejum de 38 anos, e o Flamengo chegava ao bicampeonato. Mas os outros dois contra o Grêmio nos 5 a 0 da semifinal, o anotado no Beira-Rio com marcante narração de Galvão Bueno nas quartas e os marcados diante do Emelec, num Maracanã de atmosfera única, também foram inesquecíveis.

O título da Libertadores chegou em 23 de novembro daquele ano. O Brasileiro veio um dia depois, com o Flamengo sem entrar em campo, mais precisamente voltando do trio elétrico que celebrou o bi continental na Avenida Presidente Vargas. A campanha arrebatadora, composta por 90 pontos e 86 gols marcados, teve Gabigol como protagonista.

Com 25 gols, tornou-se o maior artilheiro do clube numa só edição do Brasileirão, quebrando o recorde de Zico, que marcara 21 em 1980. O empate com o Galinho veio em 10 de novembro, quando o Flamengo venceu por 3 a 1 o Bahia, e a torcida pela primeira vez gritou "é campeão" naquele campeonato.

O Maracanã tinha a certeza do fim de um jejum de 10 anos na competição. Depois daquele jogo, balançou as redes de Grêmio, Palmeiras (duas vezes) e Avaí.

Terminou o "ano mágico" com 43 gols e 12 assistências em 59 partidas.
Imagem: Nayra Halm/Foto do Jogo  Com a pequena Alice e outras sorridentes crianças, Gabigol entra em campo para jogar partida que encaminhou o hepta do Flamengo.(Imagem:Nayra Halm/Foto do Jogo ) Com a pequena Alice e outras sorridentes crianças, Gabigol entra em campo para jogar partida que encaminhou o hepta do Flamengo.


2020: decisivo mesmo em ano de lesão

Gabigol virou o ano já como camisa 9 histórico do Flamengo, que resolveu contratá-lo em definitivo, pagando 17 milhões de euros por 90% dos direitos econômicos. O investimento valeu a pena.

Já começou o ano marcando gols na Supercopa do Brasil - triunfo por 3 a 0 sobre o Athletico-PR - e na final da Recopa Sul-Americana, com vitória também por 3 a 0, contra o Independiente del Valle.

No ano que teve a lesão mais grave da carreira, de ligamento no tornozelo direito, mais uma vez terminou como artilheiro do time. Foram 27 gols em 43 jogos. Ainda deu 12 assistências e terminou como segundo jogador com maior participação em gols, sendo superado apenas por Vina, do Ceará.
Imagem: André Durão  Gabigol bate para marcar o gol do octacampeonato brasileiro do Flamengo.(Imagem:André Durão ) Gabigol bate para marcar o gol do octacampeonato brasileiro do Flamengo.

Provou mais uma vez ser jogador decisivo ao marcar seis gols nos últimos sete jogos do Flamengo, entre eles o que garantiu o octacampeonato brasileiro, o segundo da virada por 2 a 1 sobre o Internacional, na penúltima rodada. Detalhe: apesar do temperamento explosivo, jogou a reta final da competição pendurado com dois cartões amarelos e segurou a onda.
Além da participação em 39 gols do Flamengo, conquistou quatro títulos em 2020: Supercopa do Brasil, Recopa Sul-Americana, Carioca e Brasileiro. Terminou como artilheiro no estadual.
Artilharia do século, gol 100 e melhor média

O ano de 2021 foi o menos farto em título. O Flamengo levou apenas o Carioca e a Supercopa do Brasil. Adivinhe quem fez três dos quatro gols do clube na decisão estadual (empate por 1 a 1 e vitória por 3 a 1)? Sim, Gabigol, é claro. Ah, na decisão entre o campeão do Brasileiro e o da Copa do Brasil (Palmeiras), também deixou o dele, e os rubro-negros levaram a taça nos pênaltis.

Apesar de a temporada ter terminado com sabor amargo para o Flamengo pelos vices no Brasileiro e na Libertadores e diante da eliminação vexatória para o Athletico-PR no Maracanã na semifinal da Copa do Brasil (derrota por 3 a 0), Gabigol novamente registrou números impressionantes.

No jogo que valeu o bi da Supercopa do Brasil, contra o Palmeiras, chegou a 74 gols pelo Flamengo e isolou-se como artilheiro do clube no século.

Terminou a Libertadores como artilheiro, com 11 gols. Ainda na fase de grupos, chegou a 18 marcados na história da competição, quebrando marcas de Zico e Pelé.

Já bem isolado no posto de goleador do clube no século, chegou à histórica marca de 100 gols em 11 de novembro de 2021 ao abrir o placar da vitória por 3 a 0 sobre o Bahia.

No ano passado, conseguiu sua melhor média de gols numa temporada: 0,75 por partida (34 em 45 jogos).

2022: voz da Copa do Brasil, herói do tri da América
Imagem: AFP  Gabigol, Flamengo x Athletico, final da Libertadores.(Imagem:AFP ) Gabigol, Flamengo x Athletico, final da Libertadores.

Depois de um início ruim do Flamengo com Paulo Sousa, Gabigol mudou de função a partir da chegada de Dorival Júnior. Apesar disso, ainda sob a batuta do português, garantiu a artilharia do Carioca e igualou Zico com sete gols em grandes finais - passou o maior ídolo no fim do ano.

Com Dorival, apresentou o Gabigol mais solidário da carreira. Se não empilhou assistências - foram cinco -, foi fundamental para abrir espaços nas retrancas adversárias com movimentação de um ponta de lança, tal qual aqueles mesmos que carregavam as camisas 10 nos anos 80.

Abriu mão do individual para ajudar Pedro a brilhar e garantir passaporte para a Copa do Mundo. Fez gol decisivo contra o Corinthians, nas quartas de final da Libertadores, foi garçom com duas assistências na semifinal diante do Vélez Sársfield e fez o Maracanã explodir com sua efusiva comemoração durante os pênaltis que deram o tetra da Copa do Brasil contra o Corinthians.

Aliás, se o Flamengo chegou à final da Copa do Brasil, Gabigol foi fundamental como "promoter" das oitavas de final da competição. Depois de o Flamengo perder por 2 a 1 para o Atlético-MG, no Mineirão, avisou que o adversário conheceria "o verdadeiro inferno" na partida de volta.

Dito e feito. Teve mosaico, fumaça vermelha e preta e uma postura de apoio irrestrito dos rubro-negros. O Flamengo venceu por 2 a 0 e iniciou a arrancada rumo ao tetra. No trio elétrico que celebrou os títulos, no último domingo, a torcida cantou: "Acabou o amor, o Gabigol vai fazer o inferno".

Ao céu Gabigol levou os rubro-negros no último dia 29. Com um toque sutil de pé esquerdo, completou linda jogada de Everton Ribeiro com Rodinei e garantiu o tricampeonato da Libertadores em final contra o Athletico-PR.
O gol do 1 a 0 também garantiu a ele o posto de brasileiro com mais gols na Libertadores: 29 marcados, 28 destes vestindo vermelho e preto. O outro foi pelo Santos.

Terminou como artilheiro do Flamengo pelo quarto ano consecutivo, desta vez empatado com Pedro - ambos fizeram 29 gols. E colou no top-10 dos maiores goleadores da história do clube. Atualmente é o 12º colocado, com 133 marcados, um a menos do que Tita (11º) e a nove de Zizinho.

A 9 agora é passado para o predestinado Gabigol e o futuro de Pedro. O que o "10stino" (destino) reservará ao novo camisa 10 da Gávea? Desafios não faltam, e o Mundial, por ora, é o limite.



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