Léo Pereira revela como chegou ao auge no Flamengo e admite incômodo por estar fora da Seleção

24/11/2025 08h37


Fonte ge


"O mundo dá voltas". Uma frase de conhecimento popular pode definir muito bem a vida de Léo Pereira no Flamengo. Em 2025, o zagueiro é referência da defesa rubro-negra, vive o que pode ser considerada a melhor temporada da carreira e é um dos capitães do time de Filipe Luís. Mas a história nem sempre foi assim.

Às vésperas da final da Libertadores, Léo Pereira bateu um papo com o ge e relembrou o início definido como desafiador no clube e detalhou o trabalho de "formiga" para chegar ao auge. Em meio a tudo isso, não escondeu o incômodo por nunca ter sido convocado para a Seleção.

— Não é que é doloroso. Não é a palavra. Mas eu fico incomodado. Não tem como. É algo que busco diariamente. Não estou me preparando desde o início do ano para chegar na Seleção em 2026, não é isso. Mas me preparo a cada semana para jogar e performar. Quando vejo que estou preparado, pronto e fazendo as coisas acontecerem, fluírem e estou no melhor momento da carreira... falei em uma entrevista esses dias: o que posso fazer a mais? O que falta? — desabafou para completar:

— É preciso entender que a concorrência é muito alta, jogadores de Europa, companheiros aqui do Brasil, tem que estar muito bem alinhado comigo, com o que eu quero para a minha carreira, o que quero e posso entregar. Não depende de mim. Tem outros jogadores, escolhas técnicas. No que depender de mim, contem com o que for preciso. O que tenho feito durante o ano é muito gratificante ouvir as palavras do Filipe, companheiros de equipe, torcida, imprensa também. Estou preparado para qualquer cenário, é um objetivo pessoal, de qualquer brasileiro, chegar na Seleção. Tenho que entender também que tenho concorrência, mas preciso me preparar diariamente para poder, quem sabe, receber uma oportunidade.

Até se tornar referência, Léo Pereira teve uma caminhada longa. Em 2020, ano no qual chegou ao clube, foi alvo de muitas críticas e chegou a cogitar uma transferência. O processo de confiança foi fortalecido com a parte mental, que é algo que o zagueiro investe até os dias de hoje.

— Eu chego em um clube que tem uma expectativa de repetir um ano mágico de 2019. Até entender o que estava acontecendo foi desafiador. Hoje entendo que foi o processo, de vida, de carreira. Até em algum momento foi cogitada minha saída do Flamengo, graças a Deus não saí, foi importante para o meu crescimento. Confiança sempre tive de que poderia entregar um futebol de qualidade, que alegrasse os flamenguistas, a nação, minha família. Mas naquele momento a parte mental era algo que não trabalhava e hoje vejo que faz total diferença. Estava preparado taticamente, fisicamente. Sempre soube jogar futebol e não estava ali de favor, mas às vezes acontecia algum erro e me afetava na partida.
Imagem: Letícia Marques / geLéo Pereira em entrevista no Ninho do Urubu.(Imagem:Letícia Marques / ge)Léo Pereira em entrevista no Ninho do Urubu.

Dos 66 jogos disputados pelo elenco principal em 2025, Léo Pereira foi relacionado em 63, atuou em 57, iniciou como titular em 56 e permaneceu em campo durante os 90 minutos em 51 partidas. Ele é está entre os quatro atletas mais utilizados por Filipe Luís, e vive a temporada mais artilheira da carreira, com cinco gols. O zagueiro explicou a chave para chegar no auge:

— Trabalho de formiga, desde janeiro. Mentalizei lá e já me preparava para chegar em dezembro disponível. Esse ano não tive uma lesão. Estou tendo uma consistência dentro de campo, me cuidando muito. A base de tudo é se preparar mentalmente, fisicamente que as coisas dentro de campo fluem naturalmente. Esse trabalho de formiguinha vem de meses. Esse final de ano fala sobre tudo que vivi o ano inteiro. Foi um ano de muita preparação - detalhou o lateral.

Na Libertadores, foi titular em todos os jogos e deve ser novamente em Lima, contra o Palmeiras, no sábado. No Brasileirão, tinha a meta individual de jogar todas as partidas, mas a missão ficou para a próxima temporada. O Rubro-Negro disputa os dois títulos e vive o momento decisivo do ano.

— Semana de grandes emoções. Com certeza. Já vivi momentos especiais, grandes aqui no clube. Mas é uma semana diferente, até pelo ano que venho vivendo. Acredito que estou muito mais preparado em todos os sentidos, seja fisicamente, mentalmente, taticamente. Momento especial que estou tentando desfrutar o máximo possível. Precisa tirar essa tensão e aproveitar os mínimos detalhes, uma conversa, um aquecimento, tudo que tivermos. Dentro de campo ainda mais. Momento único na minha carreira, com esses personagens que estão nesse meu dia a dia, talvez não estarão mais (em outra oportunidade).

Pelo Flamengo, Léo Pereira foi campeão do Carioca (2020, 2021, 2024 e 2025), do Brasileirão (2020), Recopa Sul-Americana (2020), Supercopa (2021 e 2025), Copa do Brasil (2022 e 2024) e Libertadores (2022).

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Como tem sido aparecer ofensivamente, marcando gols?


Mentalização diária de que tenho que estar preparado para qualquer cenário na partida. Sou cobrado por evitar gols, mas sabemos que podemos agregar lá na frente. Também tem sido um trabalho diário. Sabemos que hoje em dia o futebol, muito mais pegado, tem todo detalhe muito importante. Uma bola parada, um escanteio. Tenho me preparado e tem dado certo. Cinco gols são poucos gols, mas para um zagueiro são muitos. Tenho tentado ajudar a equipe. Como você falou, esse gol contra o Táchira foi um detalhe muito fino do jogo. Tenho uma conexão com o Luiz (Araújo), pergunto onde ele vai cruzar... são coisas que fazem a diferença.

João Victor e papel de liderança no elenco

- Eu já estive no lugar dele, lidei com cobranças, passei por momentos difíceis, já vivi. Sei o que ele passou no Fla-Flu. Naquele intervalo eu tinha que estar muito concentrado para saber quais palavras usar, porque é um jogador que está aqui no dia-a-dia, sabemos do potencial, do que entrega nos treinos, do que pode evoluir. Foi um pedido meu à torcida, errar todos podem errar. Qualquer um que está dentro de campo está sujeito a um erro, ninguém é perfeito. Claro que a cobrança vai existir, tem que existir, porque nada mais é você saber o quanto essa pessoa pode entregar. Qual o potencial dela. Desde que seja saudável, para o crescimento da pessoa... é o que tento fazer diariamente com meus companheiros, cobrar concentração para que estejamos mais perto da vitória. Tento agregar isso dentro de campo e acho que os jogadores entendem esse meu papel. Algo que tento colocar em prática é sugerir algo positivo, mas dentro de campo cada um faz sua escolha, não conseguimos controlar. É uma liderança de sugerir algo para o benefício coletivo. Tem sido um ano importante até pelo meu descobrimento. Sempre tive esse lado mais chato, participativo, ativo dentro de campo. Sempre quis deixar o time muito aceso. Futebol é detalhe e cada detalhe faz diferença. É mais por esse caminho. Tento alertar meus companheiros e agregar de alguma forma.

O título em 2022 é "esquecido" de certa forma por como foi 2019?

Foi diferente porque em 2019 não conquistava a Libertadores desde 1981. Então é muito tempo, 38 anos, é muito mais especial que em 2022. Mas, pra mim, foi especial 2022, ganhamos a Copa do Brasil também. Cada uma tem sua relevância para cada jogador e para a torcida. Mas a gente fez um campeonato excelente. Jogamos uma semifinal num clima hostil na Argentina e ganhamos de 4 a 0 do Vélez. Três gols do Pedro. Você vem pro jogo de volta já: "passamos. Não tem como". Tiveram momentos muito marcantes, esse foi um deles. O Dorival na semana da final trocava todos os nomes, estava mais nervoso do que a gente, chamava o Rodinei de Rondinelli. Algo bem legal que aconteceu foi que o Gabriel sempre falava que faria o gol da final. E fez. Foi bem marcante.

Quando percebeu que se tornou um dos pilares defensivos?

Acho que depois do título de 2022. Acho que a partir dali meio que encontrei o que é ser e viver o Flamengo. Ali tive confiança, mental, parte física, mas também um respaldo da comissão técnica e dos companheiros para que entrasse em campo e desfrutasse dos momentos.

Como foi a conversa para se tornar o 4º capitão?

Desafio. Tive que me preparar por umas duas temporadas, porque sabia que em algum momento poderia chegar esse desafio. Tive respaldo de outros capitães, do próprio Filipe, ele deixou claro que eu tinha que ser exemplo não só dentro de campo, como fora também. Fazer com que a nossa equipe seja consistente. Sabemos da pressão externa, é um desafio muito grande.

Estilo de jogo e papel do zagueiro moderno

São características. Zagueiros que têm essa qualidade extra de sair da defesa, fazer jogadas, é algo que aqui no Flamengo temos e queremos agregar para que a bola chegue redonda lá na frente para os atacantes. Mas sabemos que dependendo do jogo temos que "zagueirar", dar chutão, porque não adianta jogar bonito e perder. Sabemos o que queremos, fazer nosso papel dentro de campo, evitar gols, sair com qualidade, mas o principal é o resultado. 

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Tópicos: flamengo, campo, l?o pereira