Análise: ambição ofensiva do Flamengo impressiona em jogo perfeito contra o Vitória

26/08/2025 10h11

Fonte ge

O Flamengo fez história no Maracanã na noite de segunda-feira ao vencer o Vitória por 8 a 0 na maior goleada já vista no Brasileirão de pontos corridos. Impressionou a ambição ofensiva do time, que manteve a concentração e a intensidade nos 90 minutos e quis sempre mais. Deu provas de que tem qualidade e trabalho suficientes para dominar o futebol brasileiro na temporada.

A goleada não é coincidência. O time de Filipe Luís vive momento de ascensão e afirmação no ano e vinha de dois jogos de puro domínio sobre o Inter, um rival da prateleira de cima do futebol brasileiro. Na segunda, a postura do Vitória facilitou o atropelo, mas o Flamengo em nenhum momento se acomodou, mesmo com a vitória tendo sido construída antes dos 5 minutos do primeiro tempo.

— Realmente foi um jogo fantástico, completíssimo em todos os sentidos. Começou o jogo e fomos muito efetivos, e isso obviamente nocauteou o adversário. O que eu mais gostei foi que em nenhum momento pararam de tentar o controle, tirar a bola do adversário, fazer gols. Em nenhum momento os jogadores faltaram respeito com firulas, ninguém virou a cara e nem nada. Olharam para o gol. Isso é o que mais me deixa orgulhoso — analisou Filipe Luís.

A melhora do Flamengo casa com o que tende a ser confirmado como um dos maiores acertos de Filipe Luís na temporada: a escalação de Saúl ao lado de Jorginho. Dois jogadores de nível técnico absurdo e que se encaixaram rapidamente. O espanhol, contratado para jogar pela meia direita, na posição antes ocupada por Gerson, se encontrou como volante no elenco. Os dois tomaram conta do jogo, junto com Arrascaeta. A bola passava sempre por um dos três, e eles se movimentavam e se aproximavam para fazer o ataque todo jogar.

O 8 a 0 no Maracanã foi construído a partir de erros iniciais do Vitória, que foi engolido pela pressão de costume que o Flamengo faz no campo adversário. Neste cenário, Saúl foi preponderante. O lance do primeiro gol, marcado por Samuel Lino com 1 minuto de jogo, começou com o camisa 8 roubando bola na lateral do campo. Dois minutos depois, o espanhol interceptou passe na saída de bola adversária, e Pedro marcou belo gol após receber passe de Arrascaeta.

Com 2 a 0 construído em três minutos, o Flamengo teve liberdade e tranquilidade para impor seu jogo, aproveitando a fragilidade do Vitória, que não conseguiu se recompor. Nestes primeiros cinco minutos, o técnico Fabio Carille, demitido após o jogo, já dizia temer um passeio do Rubro-Negro carioca. Acertou a previsão e não teve forças para resistir a um jogo perfeito de todos os pontos de vista: coletivo, individual, técnico, tático, físico. O Fla sobrou e, com 15 minutos, já tinha oito finalizações e quatro escanteios. O Vitória só chutou uma vez ao gol, aos 37, sem riscos para Rossi.

O terceiro gol rubro-negro, aos 33 minutos, foi um gol de almanaque, construído de forma coletiva, desde o campo defensivo, passando pelos volantes e com participação de quase todo mundo. Autor do gol, Arrascaeta tabelou com Plata, entregou a bola para Varela, que cruzou para Samuel Lino. O atacante ajeitou para o camisa 10 chutar de primeira. Foram 11 passes, começando com Jorginho, até a finalização do uruguaio, que tinha dado as assistências nos dois primeiros gols.

Lucas Braga, improvisado pelo Vitória na lateral direita, sofreu com os avanços de Samuel Lino, que teve atuação digna de nota 10. O ponta-esquerda partiu para cima e tonteou a defesa adversária. Entregou dois gols, três assistências e muitos dribles. As movimentações orquestradas do ataque do Flamengo confundiram os baianos.

No centro do ataque, Pedro teve noite de níveis técnico e tático acima da média. Contribuiu na pressão ao adversário, saiu da área, fez pivô e foi frio nas conclusões. No primeiro e no sétimo gol rubro-negro, driblou os marcadores dentro da área antes de vencer o goleiro Lucas Arcanjo. O último foi um golaço.

O que se viu no Maracanã foi um show do Flamengo. Arrascaeta, Saúl, Pedro e Samuel Lino, em uma finalização por cobertura, tiveram outras chances de ampliar o placar ainda no primeiro tempo. O time soube controlar a intensidade com o placar já construído, mas não se absteve de jogar e se manteve absoluto depois do intervalo.

As trocas de Filipe Luís, com De la Cruz, Carrascal, Luiz Araújo e Bruno Henrique entrando no decorrer do segundo tempo, ajudam a explicar por que o Flamengo sobrou. O elenco desequilibra e apresenta enorme potencial ofensivo.

Os minutos iniciais foram novamente avassaladores, com dois gols em quatro minutos. O 5 a 0 não fez o Flamengo recuar. Pelo contrário, o time manteve a seriedade e a pressão na saída do Vitória, buscando toques rápidos para envolver o adversário e sempre olhando para o gol - a dupla de volantes faz muita diferença neste sentido.

Luiz Araújo e Bruno Henrique também marcaram no segundo tempo, mas Samuel Lino e Pedro foram os donos do jogo. O Flamengo manteve o apetite ofensivo, mostrou repertório e efetividade. Não fez graça à medida que ia engordando o placar. Foi aplaudido de pé por um Maracanã com mais de 60 mil pessoas em uma noite de segunda-feira. Aula de futebol.

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