Com assistências e lance de 'sorte', R10 decide, e Galo vence São Paulo

14/02/2013 01h11


Fonte Globo.com

O confronto prometia ser espetacular. Em campo, três campeões mundiais pela seleção brasileira (Rogério Ceni, Lúcio e Ronaldinho Gaúcho), craques consagrados e jovens promissores. Além disso, um ambiente propício ao grande espetáculo: estádio lotado - 18.187 pagantes -, e tensão no ar garantiam dramaticidade à partida. A estreia de Atlético-MG e São Paulo na fase de grupos da Taça Libertadores teve todos esses ingredientes, e mais uma pitada de esperteza, na vitória do Galo por 2 a 1 na noite desta quarta-feira, no Independência, em Belo Horizonte.

Imagem: EFEJô e Ronaldinho Gaúcho e Jô comemoram o gol do Atlético-MG.(Imagem:EFE)Jô e Ronaldinho Gaúcho e Jô comemoram o gol do Atlético-MG.

Com tantos craques e possibilidades, um dos lances decisivos da partida saiu numa jogada estranha, imprevisível, inesperada. Ronaldinho Gaúcho, o maestro do Atlético-MG, aproveitou-se de um descuido incrível da defesa são-paulina e, livre na área adversária, recebeu a bola após cobrança de lateral. Sem marcação, bastou tocar para o atacante Jô, que mandou para as redes. O detalhe curioso do lance é que R10, ao perceber que a bola estava parada, foi beber um pouco de água com Rogério Ceni, que lhe ofereceu a garrafa

- Foi sorte. Eu estava limpando a boca e, quando vi, o juiz autorizou a cobrança. Não foi nada ensaiado - afirmou Ronaldinho Gaúcho, na saída do primeiro tempo.

De propósito ou não, o lance contribuiu para garantir os primeiros três pontos ao Atlético-MG na Taça Libertadores 2013. E Em mais uma jogada sensacional de Ronaldinho Gaúcho, que driblou pela direita, passou por dois adversários e cruzou com perfeição, Réver cabeceou com estilo para marcar o segundo gol do Galo. Já no fim da partida, Aloísio ainda diminuiu o placar, em ótima enfiada de bola de Luís Fabiano. Mas já era tarde. Embora tenha crescido de produção no segundo tempo, avançado um pouco a marcação, o São Paulo não jogou o suficiente para conquistar o empate.

A torcida do Atlético-MG deixou o Independência com uma excelente impressão. Viu uma equipe focada em um objetivo, que é a conquista do título inédito da Libertadores. O torcedor tricolor segue com a esperança de que, nas próximas rodadas e diante dos adversários estrangeiros, a tradição possa prevalecer e os resultados apareçam. The Strongest, da Bolívia, e Arsenal, da Argentina, as outras duas equipes do Grupo 3, ainda se enfrentarão nesta quinta-feira, às 22h (de Brasília), em La Paz.

O próximo compromisso do Galo pela competição internacional será no dia 26, uma terça-feira, às 21h45m (de Brasília), em Sarandí, na Argentina, onde encara o Arsenal. Dois duas depois, o São Paulo enfrenta os bolivianos do The Strongest, no Morumbi, às 19h30m. Porém, pelos estaduais, as equipe voltarão a campo neste fim de semana. No sábado, o Tricolor receberá o Ituano, às 19h30m, na capital paulista. O Atlético-MG, novamente no Independência, terá o Araxá pela frente. A partida será realizada domingo, às 16h.

O mundo é dos espertos

Diante do São Paulo, o Atlético-MG voltava a disputar uma Libertadores depois de 13 anos. Aliada à defesa de uma incrível invencibilidade de 36 jogos como mandante e ao tabu de ainda não ter perdido em casa desde a reinauguração do Independência, em abril do ano passado, a saudade pela longa ausência foi o combustível para a torcida do Galo empurrar o time desde o início.

Somado a isso, também estava o fato de ser o primeiro jogo do atacante Diego Tardelli, que estava no Al-Gharafa, do Catar, e retornou ao Alvinegro após ser contratado na última semana. A atmosfera contribuía para uma verdadeira festa atleticana. Tanto que o torcedor alvinegro, sem parar de gritar, nem respeitou o minuto de silêncio antes da partida.

Porém, do outro lado, o adversário era o brasileiro de mais tradição na competição, com três títulos conquistados. O São Paulo, além de ser considerado um dos favoritos, mostrava as credenciais com grandes nomes, como Rogério Ceni, Lúcio, Jadson e Luís Fabiano.

Mas o Atlético-MG também tinha suas armas. Logo no início, Diego Tardelli sofreu falta, Ronaldinho Gaúcho cobrou da intermediária, e Jô cabeceou para brilhante defesa de Rogério Ceni. Com menos de cinco minutos, a partida pegou fogo, já que o árbitro Marcelo de Lima Henrique deixava o jogo correr solto e marcava pouquíssimas faltas.

E bastaram 13 minutos para a festa atleticana se tornar completa. Em lance de esperteza (ou "sorte"), Ronaldinho Gaúcho fez a diferença. A bola saiu pela lateral, e o craque do Galo se aproveitou para beber um pouco de água, oferecida pelo goleiro Rogério Ceni, enquanto o jogo estava parado. Porém, Marcos Rocha, atento ao lance, cobrou rapidamente o lateral e encontrou Ronaldinho livre, sem nenhuma marcação. Bastou a R10 receber a bola, girar o corpo e fazer um cruzamento perfeito para o atacante Jô tocar para as redes.

O São Paulo sentiu o golpe, e a pressão do Atlético-MG na saída de bola aumentou ainda mais. As tentativas tricolores eram contidas pela dupla de zaga alvinegra, em especial Réver. Cortez e Paulo Miranda, os laterais do São Paulo, com atenção redobrada em Tardelli e Bernard, não subiram ao ataque. O time de Ney Franco voltou para os vestiários sem arriscar sequer um chute ao gol do goleiro Victor.

Pressão e vitória do Galo

O São Paulo voltou para o segundo tempo sem modificações, assim como o Atlético-MG. E logo aos três minutos, Osvaldo foi o autor do primeiro chute a gol do Tricolor no jogo. A bola passou por cima, com perigo, num dos raros momentos em que o atacante teve espaço.

E o velocista do São Paulo passou a ser a maior arma da equipe. Com duas boas jogadas, um chute cruzado por cima e um drible em dois atleticanos, Osvaldo começou a incomodar o lado direito da defesa alvinegra. Ney Franco, ciente do crescimento da sua equipe, trocou Paulo Miranda, que havia sido amarelado, por Aloísio. A mudança ofensiva surtiu efeito, e a equipe paulista passou a tocar mais passes no campo do adversário. Luís Fabiano teve uma grande oportunidade, mas Victor fez excelente defesa ao mandar a bola para escanteio.

Cuca tirou Tardelli, já cansado, e colocou o também estreante Luan. Com a mudança, o Galo ganhou mais espaço ofensivo pelo lado direito. E foi dali que ampliou o placar. Ronaldinho Gaúcho fez bela jogada, driblou dois marcadores e cruzou na cabeça do zagueiro Réver, que apenas tirou de Rogério Ceni. Duas assistências de R10, dois delírios da torcida atleticana no Independência.

Ney Franco tentou Ganso no lugar de Jadson, e Maicon no lugar de Wellington. E o Tricolor ainda diminuiu, sob protestos dos atleticanos. Aloísio ganhou no corpo de Junior Cesar e chutou cruzado, rasteiro, na saída de Victor. O lateral alvinegro reclamou de ter sido empurrado no lance. No fim, Ganso ainda teve a chance de empatar, cara a cara com Victor, mas a bola passou rente à trave esquerda, indo para a linha de fundo.

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