Vice-reitor da UFPI bate-boca com estudantes durante protesto pela volta das aulas presencias

16/12/2021 16h14


Fonte G1 PI

Imagem: ReproduçãoClique para ampliarVice-reitor da UFPI bate-boca com estudantes durante protesto(Imagem:Reprodução)Vice-reitor da UFPI bate-boca com estudantes durante protesto

Estudantes da Universidade Federal do Piauí (UFPI) realizaram uma manifestação na manhã desta quarta-feira (15), em frente à reitoria da instituição no campus Teresina, para pedir o retorno presencial das aulas presenciais. Durante o protesto, o vice-reitor da UFPI, Viriato Campelo, discutiu com algumas alunas que participavam do ato. 

As imagens mostram que a discussão iniciou quando o gestor foi questionado sobre a implantação do período letivo de 75 dias na universidade. Uma aluna indaga: “Eem condição de fazer um período letivo em 75 dias?”, e Viriato afirma que sim. A estudante pergunta aos demais manifestantes: “Quem reprovou porque teve 75 dias de período letivo? Eu reprovei, foram 75 dias de período letivo corridos, não tem condição, me desculpa me exaltar”.

Em seguida, o vice-reitor afirma: “Vai para outra universidade...(inaudível)”. Outra estudante responde: “Você não pode falar para ninguém sair da UFPI não, você não tem esse direito”.

O vice-reitor nega que tenha mandado a aluna embora da universidade. “Não, eu não mandei. Você está ouvindo errado. Você tem que procurar as outras universidades, as outras universidades estão dando 75”, falou Viriato aos discentes.

Os estudantes realizaram a manifestação para reivindicar uma série de demandas como o retorno gradativo das aulas presenciais - a partir da implantação do ensino híbrido -, participação de um representante estudantil nas comissões que debatem o retorno presencial, transparência sobre o calendário acadêmico e melhor comunicação da administração superior, propostas bem definidas de biossegurança e promoção de debates sobre mobilidade.

“Entendemos que é necessário um projeto que gradualmente sinalize e disponibilize o ensino totalmente presencial, acreditamos que o ensino híbrido é uma maneira de construirmos esse retorno e que a discussão sobre o retorno não se encerre por aí, que ela seja permanente com toda a comunidade acadêmica. E os estudantes precisam ser escutados, dados recentes da PREG demonstram que na pesquisa realizada pela Universidade, onde 8,386 ou seja 39,4% dos estudantes, tendo em vista que atualmente na UFPI temos 21.299 alunos, 62,2% (5.216) são favoráveis ao retorno, por isso reivindicamos um projeto que nos caiba e que participemos dele”, informou o movimento estudantil através de nota. Confira parte da carta de reivindicação dos alunos ao fim da reportagem.

Em entrevista à rádio Clube News, o vice-reitor Viriato Campelo informou que foi abordado pelos estudantes na manhã desta quarta no momento em que concedia uma entrevista a uma emissora de televisão. Ele explicou que o próximo período letivo está marcado para iniciar no dia 7 de fevereiro de 2022 e que as aulas serão presenciais.

"A universidade trabalha intensamente, desde outubro, para o início das aulas no dia 7 de fevereiro, presenciais. Eu expliquei para eles que nós estamos trabalhando nesse sentido, mas a universidade trabalha através de conselhos. Tem os departamentos, cursos, centros, áreas administrativas, então nós estamos trabalhando em conjunto”, disse o gestor.

Sobre o período letivo ter somente 75 dias em vez de cinco meses, o vice-reitor explicou que a medida tem como objetivo normalizar o calendário acadêmico da UFPI.

"Nós estamos fazendo adequações nos semestres. Por exemplo, o semestre que vai começar em fevereiro de 2022 ainda é o segundo semestre de 2021. Estamos atrasados e precisamos avançar. Por isso, estamos fazendo os semestres não em cinco meses, mas em 75 dias úteis”, afirmou.

Confira a nota dos manifestantes:

Diante dos fatos expostos, sabemos que os desafios são grandes, em meio aos cortes, e falta de transparência de planos que permitam pensar um retorno seguro, nós, os estudantes da UFPI, não desistiremos do nosso sonhado futuro, e para que ele ocorra, é necessário medidas que enfrentem diretamente as dificuldades do nosso ensino. Por isso, estamos pensando e repensando coletivamente alternativas para que consigamos superar um modelo de ensino remoto e retomemos qualitativamente para o ensino presencial.

Para isso entendemos que é necessário um projeto que gradualmente sinalize e disponibilize o ensino totalmente presencial, acreditamos que o ensino híbrido é uma maneira de construirmos esse retorno e que a discussão sobre o retorno não se encerre por aí, que ela seja permanente com toda a comunidade acadêmica. E os estudantes precisam ser escutados, dados recentes da PREG demonstram que na pesquisa realizada pela Universidade, onde 8,386 ou seja 39,4% dos estudantes, tendo em vista que atualmente na UFPI temos 21.299 alunos, 62,2% (5.216) são favoráveis ao retorno, por isso reivindicamos um projeto que nos caiba e que participemos dele.

Por isso, apresentamos a seguir algumas premissas básicas:

1. Participação da representação estudantil nas comissões que debatem o retorno das aulas;

2. Transparência sobre o calendário acadêmico e melhor comunicação da administração superior sobre da UFPI e sobre os posicionamentos, via os canais de comunicação;

3. Responsabilização da Administração Superior sobre a formulação do calendário híbrido para todos os cursos e responsabilização sobre as aulas práticas para os cursos que precisam de práticas;

a) Flexibilização das regras e do calendário acadêmico.

4. Garantia de direitos de Permanência e Assistência Estudantil;

a) Garantia e Manutenção do RU com o valor de 80 centavos;

b) Garantia de Residência Universitária para os alunos que necessitam dessa assistência.

c) Busca ativa dos estudantes e oferecimento de políticas de permanência nas universidades, específicas para o processo do retorno presencial;

d) Manutenção, ampliação e correção das bolsas de assistência e permanência estudantil.

5. Proposta bem definidas de Biossegurança;

a) Manter uma rotina de comunicação eficaz entre a comunidade acadêmica, com a divulgação de informações a respeito da Covid-19 de forma nítida e acessível;

b) Uso obrigatório e disponibilização regular de máscaras (modelo PFF2) para todos(as) os(as) professores(as), estudantes, servidores(as) técnico-administrativos(as), colaboradores(as), fornecedores(as), motoristas e trabalhadores(as) em geral;

c) Higienização frequente das mãos, com disponibilização de álcool 70% em locais compartilhados e alocação de tapetes sanitizantes;

d) Ventilação adequada nas salas de aula e espaços compartilhados;

e) Limpeza e desinfecção frequente dos ambientes, utensílios e equipamentos compartilhados, usando os produtos orientados pelos órgãos competentes;

f) Limitação da taxa de ocupação dos restaurantes universitários e/ou locais de alimentação e com os horários de refeição ampliados;

g) Monitoramento constante do quadro epidemiológico da comunidade acadêmica, com testagem em massa da comunidade universitária;

h) Vacinação obrigatória para todos os membros da comunidade acadêmica, para frequentar as atividades presenciais, por meio de comissão específica, que também se delega a função de elaborar maiores flexibilizações.

6. Debate sobre Mobilidade, como por exemplo o Transporte Público em Teresina.

a) Garantia de um deslocamento com transporte seguro, com as medidas sanitárias necessárias.

b) Participação ativa nas mobilizações sobre o transporte público e proposição para efetivação do funcionamento do transporte.

Os estudantes da UFPI não abrirão mão de fazer parte das decisões, e nenhuma decisão deve ser tomada de maneira precipitada, sem consultas prévias à comunidade acadêmica e em seu devido tempo de planejamento. O sucesso em um retorno presencial seguro e positivo só será possível por meio do respeito à vida, à ciência, à autonomia universitária, à educação e assegurados por intermédio da nossa responsabilidade coletiva.

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