Wanda Sá se ambienta na atmosfera à meia-luz do samba-canção dos anos 1950 no álbum "Bossa sempre no

16/11/2022 15h09


Fonte G1

Imagem: DivulgaçãoClique para ampliarWanda Sá se ambienta na atmosfera à meia-luz do samba-canção dos anos 1950(Imagem:Divulgação)Wanda Sá se ambienta na atmosfera à meia-luz do samba-canção dos anos 1950

Bossa sempre nova seria nome mais adequado para o álbum Cá entre nós (2016), lançado por Wanda Sá há seis anos com três músicas inéditas em repertório dominado por músicas menos conhecidas.

Bossa sempre nova – o álbum que chegou ao mundo digital em 4 de novembro – flagra a cantora paulistana entre alguns standards, como Eu sei que vou te amar (Antonio Carlos Jobim e Vinicius de Moraes, 1959), e tem esse título porque o nome de Wanda Sá está associado à bossa nova desde que essa artista de alma musical carioca debutou no mercado fonográfico há 58 anos com o álbum Wanda vagamente (1964), produzido por Roberto Menescal. Só que, a rigor, o disco Bossa sempre nova transita mais pelo universo noturno do samba-canção.

É nessa atmosfera à meia-luz, evocativa de um esfumaçado piano-bar da década de 1950, que Wanda dá a voz de timbre acariciante ao samba-canção Sucedeu assim (Antonio Carlos Jobim e Marino Pinto, 1957), ao standard norte-americano Tenderly (Walter Gross e Jack Lawrence, 1954), ao samba-canção Ouça (Maysa, 1957) – ouvido em arranjo que valoriza o toque largo do baixo de Guto Wirtti – e à já mencionada Eu sei que vou te amar, faixa em que o violonista Jaques Morelenbaum se une à banda-base do álbum, formada por Adriano Souza no piano, o citado Guto Wirtti no baixo, Marcio Baía na bateria e Nelson Faria no violão.

Requintado samba-canção do violonista e compositor Aníbal Augusto Sardinha (1915 – 1955), o Garoto, Duas contas (1951) ganha sutil toque latino de beguine no arranjo de Nelson Faria, produtor musical e arranjador do disco gravado em agosto deste ano de 2022 no estúdio da gravadora Biscoito Fino, na cidade do Rio de Janeiro (RJ).

Já o samba Chora tua tristeza (Oscar Castro Neves e Luvercy Fiorini, 1960) reaparece em clima mais diurno, caindo em suingue que, esse sim, evoca a leveza carioca da bossa nova.

Por nunca ter alcançado altas esferas, o canto de Wanda Sá se conserva em forma, com a cantora aos 78 anos, como comprova a gravação de músicas como o samba-canção O nosso olhar (Sérgio Ricardo, 1959).

Em Tu e eu (Altamiro Carrilho e Armando Nunes, 1957), samba-canção que completa o repertório do disco Bossa sempre nova, o canto da artista se une à voz do músico Nelson Faria, refazendo o dueto feito há 65 anos por Sylvia Telles (1935 – 1966) com Lúcio Alves (1927 – 1993). O dueto acaba sendo a bossa de fato nova deste álbum voltado para o antigo samba-canção dos anos 1950.

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