Show interrompido pela Prefeitura de SP, polêmica no Lolla e nome diferentão

13/07/2025 12h26


Fonte G1

Imagem: ReproduçãoShow interrompido pela Prefeitura de SP, polêmica no Lolla e nome diferentão(Imagem:Reprodução)Show interrompido pela Prefeitura de SP, polêmica no Lolla e nome diferentão

 Na estrada desde 2019, a banda Sophia Chablau e Uma Enorme Perda de Tempo já lançou dois discos e se apresentou nos principais festivais do Brasil e até no Primavera Sound Barcelona, na Europa. Nesta sexta-feira (11), o grupo teve o show interrompido pela Prefeitura de São Paulo durante o evento "Semana de Rock", após a exibição de uma bandeira da Palestina com os dizeres “Palestina livre” no telão.

Formada em 2019, em São Paulo, a banda é composta por Sophia Chablau nos vocais, Theo Ceccato na bateria, Vicente Tassara na guitarra e Téo no baixo. O nome escolhido remete a uma ideia de busca filosófica.

Em 2021, lançaram o álbum homônimo "Sophia Chablau e Uma Enorme Perda de Tempo", produzido por Ana Frango Elétrico. O trabalho mais recente, "Música do Esquecimento", saiu em 2023.

Já em 2024, o show político chamou atenção na estreia da banda no Lollapalooza. Durante a apresentação, a banda exibiu a palavra “réu” no telão, e a vocalista Sophia gritou: “Bolsonaro réu”.

A plateia reagiu com aplausos e gritos; algumas pessoas também entoaram "sem anistia", em uma manifestação que durou cerca de 15 segundos. A frase "Palestina livre" também foi exibida durante o show.

Show interrompido pela prefeitura
Em comunicado, a banda alega que sofreu censura. Eles informaram que faziam uma projeção da bandeira da Palestina quando o telão foi cortado. Sophia, vocalista da banda, disse que reclamou e pediu a retomada da projeção, mas, em seguida, teve o microfone desligado.

A prefeitura afirmou que o painel de LED foi desligado e o som, reduzido preventivamente “após falas e projeções que feriram cláusulas contratuais, com ofensas direcionadas a terceiros”. A administração diz que o show seguiu até o fim, mas a produtora da banda informou ao g1 que ainda faltavam 20 minutos para o término previsto. (veja a nota completa ao final do texto).

“No intervalo de 30 minutos entre o fim da passagem de som e o início do show, deixamos a imagem com a frase ‘Palestina livre’ no telão. O produtor do evento, da prefeitura, veio me pedir mais de uma vez para retirar. Falei com a banda, e concordamos em não tirar”, disse Francesca Ribeiro, produtora do grupo.

A apresentação parte da programação da Semana do Rock, evento promovido pela própria prefeitura com shows gratuitos para celebrar o gênero. Ainda segundo a banda, o contrato não previa nenhuma cláusula que proibisse manifestações públicas.

“Ficamos tristes, porque nosso show é político desde sempre, e estávamos emocionados de poder tocar para vocês. Pedimos desculpas a todos que foram e não puderam ouvir todas as nossas canções. Mas o que aconteceu hoje é inadmissível em uma democracia”, afirmou o grupo em comunicado.

O que diz a Prefeitura de SP
“A Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal de Cultura e Economia Criativa (SMC), informa que, durante o show da artista Sophia Chablau, o painel de LED foi desligado e o som reduzido preventivamente, após falas e projeções que feriram cláusulas contratuais, com ofensas direcionadas a terceiros. O show, no entanto, seguiu até o fim.

As manifestações são de responsabilidade exclusiva da artista e não representam o posicionamento institucional da Prefeitura, que reforça seu compromisso com a liberdade artística dentro dos parâmetros legais da administração pública.”

O que diz a banda
“Ao projetarmos em nosso telão as bandeiras da Palestina e de outros países do Sul Global, tivemos nossa projeção cortada. Após isso, eu (Sophia) pedi que ela voltasse. A projeção não voltou. Depois de muita reclamação e indignação por parte da banda e do público, ainda tivemos o som cortado pela Prefeitura de São Paulo e fomos ameaçados com multa.

No contrato, não há qualquer cláusula que nos impeça, e manifestar-se publicamente a favor da Palestina não é crime em nosso país. Logo depois, o som foi novamente cortado e nos pediram para reduzir o repertório de sete músicas para duas.

O que aconteceu hoje na chamada ‘Semana do Rock’ não condiz com o que o rock representa. Rock é insubmissão, é transgressão. Ficamos tristes, porque nosso show é político desde sempre, e estávamos emocionados de poder tocar para vocês. Pedimos desculpas a todos que foram e não puderam ouvir todas as nossas canções. O que aconteceu hoje é inadmissível em uma democracia. Em nenhum momento (até a censura) houve qualquer menção à Prefeitura. Foi covardia. Continuamos firmes com nossas posições e esperamos o apoio de vocês.”



Tópicos: banda, rock, show