RETROSPECTIVA 2020 ? Jup do Bairro delineia identidade artística própria com EP "Corpo sem juízo"

26/12/2020 18h28


Fonte Globo.com


RETROSPECTIVA 2020 – “Me deixa voar”, pede Jup do Bairro no verso enfatizado na gravação da música Transgressão, parceria de Jup com Felipa Damasco que abre Corpo sem juízo, primeiro EP solo da artista trans paulistana nascida em 21 de janeiro de 1993 – com o nome de Júlio Cesar Lourenço Mata Pires – e criada no Capão Redondo, distrito periférico e celeiro de talentos de São Paulo.

Júlio Cesar inexiste há anos. Morreu para dar vida a Jup, nome do gênero feminino que ascendeu no universo pop brasileiro ao longo de 2020 e que consta inclusive na reformulada certidão de nascimento da artista.

Foi como Jup do Bairro – alcunha originada do preconceito, mas assumida pela cantora e compositora com positividade – que a rapper alçou voo solo em junho com a edição do EP Corpo sem juízo, gravado em março com os R$ 40 mil obtidos de campanha de financiamento coletivo promovida em 2019.

Nas asas desse disco que se impôs com um dos destaques do ano fonográfico, Jup do Bairro começou a delinear identidade própria, se dissociando de Linn da Quebrada, artista também trans que Jup conheceu em 2012 e com quem ficou em cena de 2017 a 2019, como se fosse uma segunda voz de Linn.

Não por acaso, Linn da Quebrada marca presença no EP Corpo sem juízo como convidada da faixa All you need is love, composição de Jup em parceria com o rapper Rico Dalasam, também convidado da gravação dessa música cuja letra cita nominalmente a cantora Björk e os grupos Sampa Crew e Slipknot.

Formatado em estúdio sob direção musical de BadSista, produtora que também dá forma aos discos de Linn da Quebrada, o disco Corpo sem juízo junta Jup com Deize Maria Gonçalves da Silva, a funkeira carioca conhecida como Deize Tigrona. O encontro acontece na gravação de Pelo amor de Deize (Jup do Bairro), rock pesado que remete às descobertas do rock por Jup na adolescência.

Já O corre (Jup do Bairro) situa a artista no universo do hip hop, com vibe vintage, evocativa da escola do rap da década de 1990, com letra que versa sobre o cotidiano atribulado dos moradores das periferias na luta pela sobrevivência.

Luta por mim (Jup do Bairro, Mulambo e Pinimba), O que pode um corpo sem juízo? – interlúdio em que Jup discursa em favor da liberdade de gênero – e versão a capella de Corpo sem juízo (Jup do Bairro, 2019) completam o repertório do EP com que Jup do Bairro pediu e conseguiu passagem em 2020.

A menos de um mês de completar 28 anos, Jup do Bairro sai de 2020 com alas abertas para futuros discos e voos.


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