Pablo Milanés deixa laços fortes com a MPB pelas afinidades ideológicas e musicais com Chico Buarque

22/11/2022 16h42


Fonte G1

Imagem: DivulgaçãoPablo Milanés deixa laços fortes com a MPB pelas afinidades ideológicas e musicais com Chico Buarque(Imagem:Divulgação)Pablo Milanés deixa laços fortes com a MPB pelas afinidades ideológicas e musicais com Chico Buarque

A notícia da morte do cantor e compositor cubano Pablo Milanés ( 24 de fevereiro de 1943 – 22 de novembro de 2022) na madrugada de hoje, aos 79 anos, em Madrid (Espanha), ecoa com especial tristeza no universo da música brasileira.

Pelas afinidades musicais e ideológicas com artistas brasileiros como Chico Buarque e Milton Nascimento, Pablo deixa fortes conexões com a MPB. A mais importante foi feita através da canção Yolanda.

Composta por Pablo em 1970 em louvação à então mulher Yolanda Benet, que acabará de dar à luz a filha do casal, Yolanda – uma das mais belas e apaixonadas canções de amor – ganhou versão em português, escrita por Chico Buarque e gravada por Simone em 1984 no álbum Desejos em dueto com o próprio Chico (cabe lembrar que no álbum Amar, de 1981, Simone já havia gravado Yo no te pido, canção lançada por Pablo em 1977).

A ideia da versão foi impulsionada quando Chico cantou Yolanda com Pablo Milanés em show apresentado pelo artista cubano em novembro de 1983 na extinta casa de shows Canecão, na cidade do Rio de Janeiro (RJ).

O show foi captado para dar origem ao álbum Pablo Milanés ao vivo no Brasil, lançado em 1984 com participação do artista brasileiro nas músicas Yolanda, Pedaço de mim (Chico Buarque, 1978) e Homenaje (Pablo Milanés, 1983).

Contudo, a ligação de Pablo Milanés com Chico e com Milton Nascimento aconteceu antes, nos anos 1970, década do apogeu da MPB, gênero que enfrentou o regime militar brasileiro instaurado em 1964.

Por ter sido um dos integrantes mais influentes do movimento musical cubano Nueva trova, trilha sonora de artistas politizados e comprometidos com justiça social no país regido por Fidel Castro (1926 – 2016), Pablo Milanés acabou fortalecendo laços com Chico e Milton, ambos engajados na luta brasileira contra a ditadura de 1964.

Não por acaso, Milton gravou Canción por la unidad latinoamericana (Pablo Milanés, 1976) no álbum Clube da Esquina 2 (1978) e convidou Chico para participar da gravação bilíngue que começa em espanhol e desagua na então inédita versão em português da canção, escrita por Chico.

Chico Buarque também fez a versão em português da música De que callada manera (Nicolás Guillén e Pablo Milanés, 1975), intitulada Como se fosse a primavera e apresentada pelo cantor carioca no álbum Chico Buarque, lançado em 1984, um ano após Olivia Byington ter gravado De que callada manera no original, em espanhol, no álbum Identidad (1983).

Cantor e compositor projetado na década de 1970 em que Chico Buarque começou a verter canções de Pablo Milanés para o português, Fagner também se conectou com o cancioneiro do compositor, de quem gravou Años (1978) no álbum Traduzir-se (1981) em dueto com Mercedes Sosa (1935 – 2009), cantora argentina também identificada com as causas sociais e políticas do colega cubano.

Três anos antes de Fagner, a cantora Diana Pequeno incluiu Los caminos (Pablo Milanés, 1972) em álbum de 1978.

Por terem sido alicerçados sobre base ideológica que transcende a área musical, os laços de Pablo Milanés com a música brasileira são indestrutíveis e se renovarão sempre que um latino-americano rezar o credo musical / social que o artista cubano ensinou ou simplesmente fizer uma declaração de amor, romântica, sem procurar a justa forma.

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