Museu da Língua Portuguesa inaugura mostra inédita e interativa sobre a música brasileira

13/07/2023 08h18


Fonte O Globo

Imagem: Ciete SilvérioTrecho da mostra: a canção como intérprete de nosso idioma.(Imagem:Ciete Silvério)Trecho da mostra: a canção como intérprete de nosso idioma.

De Rita Lee a Roberto Carlos, de Tom Zé ao astro sertanejo Felipe Araújo. São diversas vozes presentes na nova exposição que passa a receber visitantes nesta sexta no Museu da Língua Portuguesa, na região paulistana da Luz.

A ideia da atração é justamente iluminar o encontro da música nacional e de nosso idioma. Chamada “Essa nossa canção”, a exibição viaja por pelo menos um século no cancioneiro brasileiro para celebrar desde os sussurros (ou seriam ilariês) aos afamados versos de Garota de Ipanema — na mostra, cantada em vídeo pela intérprete baiana Xênia França.

O clima da exibição surge já no elevador que leva ao primeiro andar, onde a mostra foi montada. Dentro dele, os visitantes são recebidos por uma instalação sonora desenvolvida pelo produtor musical Alê Siqueira. Alí é possível ouvir intérpretes cantarolando frases que não são exatamente palavras, caso do ilariê, de ôôô e lá-lá-lás.

Na sequência, a primeira sala de visitação exibe seis caixas de som, interligadas, que criam uma espécie de diálogo entre 54 canções (essas, sim, faladas e sem qualquer instrumento ao fundo). Há, por exemplo, "Carnavália", pelos Tribalistas; "Como vai você", na voz de Roberto Carlos; e "Sonho Meu" apresentada por Maria Bethânia.

Na lógica da colagem de trechos musicais, é possível perceber que o trecho cantado “Olá, como vai?” de um artista é respondido pelo “Eu estou aqui. O que é que há?” de outro. Trata-se de um diálogo aberto entre estilos e épocas distintas.

É possível também ouvir a mesma instalação sonora em mini alto-falantes estrategicamente posicionados nas paredes em outra ala da exposição. Para ouvir, basta encostar o ouvido na parede (como quem quer escutar uma conversa do vizinho). Essa parte, inclusive, pode fazer sucesso entre a criançada.

— A exposição não é sobre a historia da canção no Brasil. Não é para ser entendida de maneira racional, prioritariamente. É uma exposição sensorial. O museu tem muita visita de crianças e, portanto, pensamos em algo lúdico, gostoso de assistir, mas com ganchos para que seja possível uma reflexão (íntima) — diz o documentarista Carlos Nader, curador da mostra ao lado de Hermano Vianna.— A canção é língua cantada. Queremos evidenciar isso. Tiramos os instrumentos de canções antigas para que ela se torne uma língua falada (a capella).

O ponto alto da mostra é uma série de telões que mostram intérpretes em tamanho ampliado dando voz ao cancioneiro popular. Sem qualquer acompanhamento instrumental, há magníficas apresentações. Caso de Gilberto Gil e Tom Zé cantando "Asa Branca" e Carlinhos Brown apresentando "O vento" de Dorival Caymmi.

Adiante, os visitantes têm a chance de assistir dois vídeos sobre músicas. O primeiro deles é o documentário "As Canções", lançado em 2011, de Eduardo Coutinho. A produção mostra uma série de brasileiros falando sobre sua faixa favorita do repertório nacional. A outra produção, chamada de "Cantoria", é inédita mostra trechos retirados do YouTube em que pessoas comuns postaram versões das mais diversas origens, caso de "Homem com H", de Ney Matogrosso.

— No Brasil existe uma singularidade, talvez por conta de nossa formação como povo, que faz com que a canção esteja impregnada em todos nós, de maneira muito intensa. São muitos os aspectos que demonstram isso, a canção é uma forma da língua (para todos), mas no nosso país ganha riqueza, uma multiplicidade que nos traduz como nação — diz Isa Grinspum Ferraz, coordenadora-geral da mostra. — Nossa fala, nossa voz, também é cantada. Queríamos mostrar a diversidade, sem hierarquia. Não há bom e ruim, popular e erudito. Aqui está tudo misturado, e essa é a graça do Brasil.

O Museu da Língua Portuguesa fica na Estação da Luz, no centro da cidade de São Paulo, em frente à Pinacoteca do Estado. O museu voltou a funcionar em 2021, após passar quase seis anos fechado por conta de um incêndio que comprometeu amplamente suas instalações. O projeto para a retomada foi elaborado pelo governo do estado de São Paulo e da Fundação Roberto Marinho.

A nova exibição temporária "Essa nossa canção" fica em cartaz até março de 2024. O horário de funcionamento é de terça a domingo, das 9h às 16h30 (com permanência até as 18h)?. Os valores de ingresso são R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia)?. Grátis para crianças até 7 anos??e para todo público aos sábados. Venda de ingressos na bilheteria e pela internet, no site do museu.

 

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Tópicos: museu, visitantes, cantada