Gordinho do Surdo, um ritmista que marcou época no toque do samba

24/01/2021 08h48


Fonte g1

Imagem: ReproduçãoClique para ampliarCom Thiaguinho, artista que sempre o valorizava em shows, o percussionista tocava desde 2003, incluindo o período em que Gordinho foi músico do grupo de pagode Exaltasamba.  Ás do(Imagem:Reprodução)
 Carioca, nascido no bairro de Copacabana, Antenor Marques Filho (1945 – 2021) foi o surdo 1 do samba pela extraordinária habilidade de tocar este instrumento percussivo de marcação.

Em atividade desde os anos 1970, década em que integrou o Conjunto Nosso Samba, o ritmista desempenhou papel tão referencial no toque do surdo que ficou conhecido no meio musical como Gordinho do Surdo.

Com a visibilidade alcançada no Conjunto Nosso Samba, Gordinho se tornou um dos músicos mais requisitados para gravações em estúdio. Prestigiado também pela notória humildade e pelo temperamento dócil, Gordinho pôs o toque do surdo em discos dos maiores nomes da música brasileira, incluindo estrelas da MPB como Caetano Veloso, Gilberto Gil e Simone.

A partir dos anos 1970, ter Gordinho na ficha técnica de um disco ficou imperativo desde que o samba é samba (ou pagode, como o feito pelo grupo paulista Exaltasamba). É por isso que grandes nomes do samba de todos os tempos e do pagode dos anos 2000 estão lamentando em redes sociais, neste fim de semana, a saída de cena de Gordinho do Surdo. O percussionista morreu na manhã de sábado, 23 de janeiro, vítima de infecção pelo covid-19.

Pense num disco de Beth Carvalho (1946 – 2019), Dudu Nobre, Fundo de Quintal, Maria Rita, Martinho da Vila, Thiaguinho, Zeca Pagodinho que provavelmente nesse disco há o toque magistral do surdo de Gordinho.

Encarando o oficio de ritmista como dom, Gordinho tocou tamborim em desfile de escola de samba e, antes de se consagrar no manuseio do surdo, também se exercitou no toque do repique de bateria.

A primeira gravação em estúdio foi feita para disco do cantor Wilson Simonal (1938 – 2000) quando Gordinho ainda nem estava habilitado – do ponto de vista jurídico – como músico. Logo profissionalizado, com os documentos exigidos para atuar como músico, Gordinho nunca mais saiu dos estúdios e dos palcos, viajando com artistas como Clara Nunes (1942 – 1983) pelo Brasil e pelo mundo.

Com Thiaguinho, artista que sempre o valorizava em shows, o percussionista tocava desde 2003, incluindo o período em que Gordinho foi músico do grupo de pagode Exaltasamba.

Ás do surdo, Gordinho curiosamente se inspirou nas viradas do toque de um baterista, Wilson das Neves (1936 – 2017) para se exercitar no manuseio do surdo. E se destacou tanto que foi requisitado para tocar até em discos de dupla sertaneja, Gian & Giovani, e de cantores surgidos na era do rádio, como Cauby Peixoto (1931 – 2016).

Contudo, é na roda do samba, que Gordinho se elevou como o surdo 1. Por isso, os surdos do Brasil fazem neste fim de semana a marcação em tom fúnebre para lamentar a morte de Antenor Marques Filho, o grande Gordinho, nome citado entre os imortais da música do Brasil na letra do samba Quando toco na viola (2001), parceria de Claudio Jorge com Ivan Lins.

Parafraseando verso do samba, Gordinho do Surdo foi músico que marcou época e fez escola, mesmo ser ter deixado um discípulo à altura do mestre.


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Tópicos: samba, gordinho, surdo