Estudo refuta evidências de que "13 Reasons Why" impulsionou suicídios

19/01/2020 12h01


Fonte Revista Galileu

Imagem: Divulgação / NetflixDesde 2017, estudos procuram relação entre a série 13 Reasons Why e o aumento de casos de suicídio(Imagem:Divulgação / Netflix)Desde 2017, estudos procuram relação entre a série 13 Reasons Why e o aumento de casos de suicídio

Falar sobre suicídio é extremamente importante. Porém, a forma como 13 Reasons Why fez isso gerou – e continua gerando – bastante polêmica. A série chegou a ser objeto de estudos científicos que analisaram seu impacto na sociedade, com um deles, publicado em 2019 pelo doutor Jeff Bridge, PhD em Epidemiologia pela Universidade de Pittsburgh (EUA), apontando uma relação entre o lançamento da série e o aumento dos casos de suicídio nos Estados Unidos. No entanto, uma nova pesquisa refuta essa observação.

Dan Romer, diretor de pesquisa do Annenberg Public Policy Center da Universidade da Pensivânia (EUA), publicou na revista acadêmica PLOS ONE uma reanálise do estudo anteriormente divulgado por Bridge e sua equipe. Após um novo exame das variáveis no aumento de suicídio entre adolescentes nos anos recentes, Romer concluiu que o crescimento do número desses casos entre garotos nos três meses após a estreia de 13 Reasons Why não era mais evidente, ao contrário do que havia sido apontado pela pesquisa anterior. Além disso, o cientista indicou que o aumento desse número começou um mês antes do lançamento da série, o que torna mais improvável a correlação direta da produção da Netflix a esses casos.

Bridge e sua equipe haviam encontrado 195 mortes por suicídio adicionais entre garotos de 10 a 17 anos nos nove meses após a estreia de 13 Reasons Why, em março de 2017. No entanto, os pesquisadores não haviam observado uma elevação semelhante entre garotas da mesma faixa etária. "Primeiramente, o contágio deveria ser mais forte entre meninas do que entre meninos, porque a série foca no suicídio de uma menina do ensino médio", contestou Romer. "Ademais, a análise anterior não levou em conta as fortes tendências seculares em temos de suicídio, especialmente entre garotos de 2016 a 2017."

Além da pesquisa de Bridge, um estudo de diferentes cientistas publicado na JAMA Psychiatry havia encontrado um efeito negativo do programa entre meninos e meninas de 10 a 19 anos nos três meses após a estreia na Netflix. Romer refutou essas evidências argumentando que elas também vieram de uma falha no exame das tendências seculares de suicídio.

Apesar dessas conclusões, a nova análise não rejeita a hipótese de que 13 Reasons Why tenha causado um impacto negativo em sua audiência, especialmente em garotas. A pesquisa chegou a encontrar um aumento modesto de suicídios entre meninas adolescentes no primeiro mês após o lançamento da produção, mas apontou que esse dado não é estatisticamente confiável.

"Não parece que a série reverteu ou desacelerou o aumento do suicídio adolescente", adicionou Romer. "Mesmo se ela tiver um efeito positivo sobre alguns espectadores, os produtores devem reconhecer o potencial de danos que há para os membros vulneráveis da audiência. Deveria ser possível produzir uma série que destaca os desafios que os jovens enfrentam sem gerar suicídio por contágio ao mesmo tempo."

Um relatório do Centro Nacional de Estatísticas de Saúde dos Estados Unidos revelou que o suicídio foi a segunda causa de morte mais comum entre jovens americanos de 15 a 24 anos em 2017. Enquanto entre 2000 e 2007 o índice de suicídio para essa faixa etária girou em torno de 6,8 mortes a cada 100 mil pessoas, esse número subiu para 10,6 mortes em 2017. Um aumento de 56% em menos de duas décadas.

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