Dircinha Batista, voz já centenária da era do rádio, foi da alegria da folia à tristeza do abandono

10/04/2022 14h25


Fonte G1

Imagem: ReproduçãoClique para ampliarDircinha Batista(Imagem:Reprodução)

É triste que as memórias mais vivas do Brasil – as poucas que ainda restam – em relação às irmãs Dirce Batista e Linda Batista (1919 – 1988) sejam relativas ao estado de abandono em que as cantoras paulistanas viveram no fim da vida, esquecidas pelo público.

O musical de teatro Somos irmãs (1998) partiu desse estado de miséria para retratar em cena o auge vivido por Dirce Grandino de Oliveira (7 de abril de 1922 – 18 de junho de 1999) – a cantora popularizada como Dircinha Batista – na era do rádio, em reinado dividido com a irmã. Dircinha teria feito 100 anos na última quinta-feira, 7 de abril.

Voz do samba, das marchinhas e do samba-canção, Dircinha Batista gravou o primeiro disco ainda criança, aos oito anos, mas somente ganhou projeção em 1938, aos 16 anos, com o estouro do disco em que cantava Periquitinho verde (Antônio Nássara e Sá Roris), primeiro de vários sucessos carnavalescos que a manteve nas paradas, caso de A mulher que é mulher (Klécius Caldas e Armando Cavalcanti, 1954), para citar outro exemplo de hit folião dessa cantora de voz suave.

Fora do circuito carnavalesco, Dircinha marcou época ao dar essa voz doce aos sambas-canção Nunca (Lupicínio Rodrigues) e Se eu morresse amanhã de manhã (Antonio Maria), imprimindo a mágoa e a amargura dos temas nas respectivas gravações de 1952 e 1953.


Compositores como Haroldo Lobo (1910 – 1965) e Wilson Baptista (1913 – 1968) foram nomes recorrentes nos créditos dos repertórios gravados pela cantora em discografia que alcançou visibilidade dos anos 1930 aos anos 1950.

O samba Chico Brito (Wilson Baptista e Afonso Teixeira), por exemplo, foi apresentado a muitos ouvintes em 1979 na gravação de Paulinho da Viola, mas surgiu na voz de Dircinha em 1950, em gravação feita em dezembro de 1949, 30 anos antes do registro de Paulinho.

Finda a era do rádio e feita a revolução da Bossa Nova, Dircinha – como tantas outras cantoras dessa geração radiofônica – foi caindo em progressivo esquecimento nacional. Angela Maria (1929 – 2018) e Dalva de Oliveira (1917 – 1972) ainda conseguiram alcançar outras gerações. Dircinha ficou presa a um passado glorioso, embora tenha gravado marchinhas para Carnavais na primeira metade dos anos 1960, já sem o sucesso de outrora.

Contudo, Dircinha Batista está imortalizada na música brasileira pelo canto que foi da alegria da folia à tristeza da solidão e do abandono no melodrama de sambas-canção que ecoou na vida real da estrela já centenária do rádio.

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Tópicos: batista, samba, dircinha