Caetano Veloso é também um senhor intérprete quando dá voz e assinatura a composições alheias

07/08/2022 14h59


Fonte G1

 Imagem: Reprodução
Quando lançou o álbum ao vivo Prenda minha em novembro de 1998, com o registro do show baseado no álbum Livro (1997), Caetano Veloso acidentalmente emplacou o maior sucesso comerci(Imagem:Reprodução)
Quando lançou o álbum ao vivo Prenda minha em novembro de 1998, com o registro do show baseado no álbum Livro (1997), Caetano Veloso acidentalmente emplacou o maior sucesso comercial da discografia iniciada em 1965.

Embora a canção Sozinho (Peninha) já tivesse sido lançada com sucesso na voz da cantora Sandra Sá em 1996 e regravada em 1997 por Tim Maia (1942 – 1998), a música estourou na voz e no violão de Caetano em dimensão muito maior, fazendo o álbum Prenda minha ultrapassar o milhão de cópias vendidas e reiterando a habilidade do cantor como intérprete de músicas alheias.


Não fosse extraordinário compositor, apresentado ao Brasil em 1965 por Maria Bethânia com o canto do samba É de manhã, Caetano Veloso poderia ter feito carreira somente como cantor por também ser um senhor intérprete.

A gravação de Sozinho foi o êxito mais ruidoso do artista nesse seara. Mas a discografia de Caetano está repleta de exemplos de como o compositor é também um grande cantor, mesmo sem ter voz especialmente potente ou volumosa.

Quantos intérpretes expressaram no canto toda a dor de Carolina (Chico Buarque, 1967) como Caetano fez em gravação de 1969? Basta ouvir o registro ruminado da toada Asa branca (Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, 1967) – apresentado por Caetano em álbum londrino de 1971 – para identificar um intérprete com personalidade para pôr assinatura própria em criação alheia.

Quando tem a oportunidade de lançar música inédita, como fez no álbum Outras palavras (1981) ao apresentar a canção Lua e estrela, criação de Vinicius Cantuária, fica quase impossível dissociar a música do canto de Caetano. Quando aborda música já muito conhecida, como fez em 1987 ao regravar Fera ferida (Roberto Carlos e Erasmo Carlos, 1982) em disco pautado pela dor, Caetano quase sempre consegue iluminar um recanto escuro da canção.


Embora a discografia do artista seja essencial e justificadamente autoral pela grandeza do compositor, o intérprete se insinuou no álbum ao vivo Totalmente demais (1986) – disco em que Caetano canta músicas de Cazuza (1958 – 1990), Humberto Teixeira (1915 – 1979), João Gilberto (1931 – 2019) e Noel Rosa (1910 – 1937) entre sucessos autorais – e dominou os songbooks Fina estampa (1994) e A foreign sound (2004), dedicados ao cancioneiro hispânico e norte-americano, respectivamente.

Sim, aos 80 anos, Caetano Veloso é também um senhor cantor.


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