Alceu Valença segue o itinerário carioca do desejo na rota que leva o álbum "Saudade" do Rio a Olind

24/07/2021 08h52


Fonte G1

Imagem: DivulgaçãoCapa do álbum Saudade, de Alceu Valença.(Imagem:Divulgação)Capa do álbum Saudade, de Alceu Valença.

Segundo título da trilogia de álbuns gravados somente com a voz e o violão de Alceu Valença, formato até então inédito na discografia do elétrico artista, Saudade segue roteiro próprio – assim como o antecessor Sem pensar no amanhã (2021), lançado em março – ao encadear duas músicas novas com nove composições apresentadas pelo cantador ao longo da carreira iniciada no alvorecer da década de 1970.

No caso do álbum Saudade, Alceu segue o itinerário carioca do desejo que move este disco lançado nesta sexta-feira, 23 de julho, e aberto por samba inédito Era verão (2021), flash memorialista da chegada do pernambucano ao Rio de Janeiro (RJ), “cidade no cio”, focada com o “olhar estrangeiro” do iniciante migrante, como enfatiza em versos do samba.

Na costura de Saudade, é como se a “morena de Copacabana” citada no samba Era verão fosse a “linda morena” de Tropicana (Alceu Valença e Vicente Barreto, 1982) – ora abordada com sabor mais doce pelo artista de 75 anos completados em 1º de julho – e a “moça bonita” de Como dois animais (1982), música de sensualidade entranhada em todos os poros.

A exemplo do disco anterior Sem pensar no amanhã, a costura do repertório do álbum Saudade faz sentido e é valorizada pela excelente qualidade técnica do som captado por Matheus Gomes no estúdio Tambor, na cidade do Rio de Janeiro (RJ).

Na embolada do tempo de Alceu Valença, Ai de ti, Copacabana (2005) – canção inspirada pelo universo do cronista Rubem Braga (1913 – 1990) – segue fluente pela orla carioca que também banha o caminhar de Andar, andar (1990) porque, na metade inicial do álbum, tudo vira desejo de encontrar a musa amada na cidade que vive no cio.

Tesoura do desejo (1992) reforça a costura, cortando a onda ao avisar que o sonho pode virar pesadelo. Solidão (1984) anuncia o descompasso do coração no passo desse disco que caminha para expiar a saudade dos amigos confinados na inédita e melancólica música-título, previamente apresentada em single editado em 9 de julho.

Na sequência do álbum gravado com produção musical feita por Rafael Ramos com o próprio Alceu Valença, o obscuro Samba do tempo (1985) dilata a rota filosófica do disco com suavidade evocativa do clima da bossa carioca. Bossa também entranhada nos atuais contornos de Ladeiras (1994), reminiscências de desejos vividos pelo artista na cidade-mulher natal, celebrada em Olinda (1985), destino final do álbum Saudade.

É que, no itinerário e no universo particular de Alceu Valença, as andanças pela cidade do Rio de Janeiro (RJ) sempre desembocam nas apaixonadas memórias de Olinda (PE).

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Tópicos: samba, saudade, alceu