A biblioteca que empresta seres humanos em vez de livros

23/06/2022 11h17


Fonte G1

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Esse é o propósito da Biblioteca Humana: desafiar, através de um papo cara a cara, os pressupostos e estereótipos que todos temos sobre outras pessoas.(Imagem:Reprodução)
"Transgênero", "ex-gangster", "poliamoroso", "satanista", "Pai adotivo solteiro". Esses são alguns dos títulos das obras disponíveis na Biblioteca Humana, em que os volumes são pessoas feitas de carne e osso em vez de papel e tinta.

Os tomos são, na verdade, voluntários que enfrentaram preconceitos em suas vidas por características marcantes. Os leitores podem pegá-los emprestados para uma conversa de meia hora, na qual são incentivadas aquelas perguntas mais incômodas.

A peculiar biblioteca tem "depósitos locais de livros" em cerca de 80 países ao redor do mundo, onde são "publicadas" pessoas, como o crossdresser peruano Jonathan, também conhecido como Samantha Braxton.


Quando um dos bibliotecários da filial de Lima a convidou para se juntar ao acervo, há 5 anos, Samantha já era uma personagem conhecida e, como foi criada para inspirar e fazer com que as pessoas se sentissem bem consigo mesmas, a proposta caiu como uma luva pra ela.

"Quando sou publicada, sinto que posso testemunhar como meus leitores apagam a imagem que tinham de mim em suas mentes", diz ela no site da biblioteca, onde aparece como "livro do mês" de fevereiro de 2022, com o título "Transformista".

Entre seus leitores, diz ela, há muitos gays e lésbicas que não revelaram sua orientação sexual a amigos e familiares, e estão em busca de conselhos e insights sobre sua experiência.

E essa é apenas uma das razões para ler esses livros abertos.

"Não temos tempo para parar e aprender o que não sabemos, então colocamos as pessoas em caixinhas", diz o fundador da Biblioteca Humana, Ronni Abergel.

"Em nossa biblioteca, recomendamos sentar e conhecer pessoas com quem você normalmente não conversaria porque há algo nelas que talvez te provoque um incômodo peculiar. Assim, você não aprende muito sobre elas, mas aprende ainda mais sobre você mesmo", afirma Abergel.

Esse é o propósito da Biblioteca Humana: desafiar, através de um papo cara a cara, os pressupostos e estereótipos que todos temos sobre outras pessoas.