Mudança radical de anitta acende debate: há limites para "comprar" um novo rosto?
05/07/2025 12h27Fonte O Globo
Imagem: Getty Images e reprodução/Instagram
Anitta ao longo dos anos.

Para desespero dos fãs, Anitta ficou dois meses fora da internet. A cantora de 32 anos disse ter contraído uma infecção bacteriana e reapareceu, no último dia 29, em fotos ao lado de Sofia Vergara, Ricky Martin e Naomi Campbell, na Itália. O semblante era outro. Sobrancelhas levantadas, nariz arrebitado, lábios mais volumosos e maxilar afinado. Afinal, o que Anitta fez? “A ponta nasal parece mais elevada e as narinas modificadas, indicando alterações estruturais que transformam o equilíbrio facial”, aposta o dermatologista Alessandro Alarcão. Para o cirurgião plástico Antonio Pitanguy, há sinais claros de intervenções na parte superior do rosto e um discreto “lip lift”, aumentando a eversão (curvatura) do lábio superior. “Além de uma blefaroplastia superior para remover excesso de pele das pálpebras”, deduz.
Com um histórico de transformações que começou com uma rinoplastia em 2013, Anitta já somaria em torno de 50 procedimentos estéticos e, há duas semanas, por meio de sua assessoria de imprensa, afirmou ter feito mais um deles, sem dar detalhes. Além da cantora, o clã das Kardashian (em especial Kylie Jenner e sua mãe Kris Jenner) também demonstra não ter grilos em alterar consideravelmente os traços com os quais nasceram. “As pessoas sempre usaram artifícios para moldar os corpos. Mas as transformações tomaram outra proporção, porque nos vemos mais com o celular”, analisa a jornalista e consultora de conteúdo Maria Prata. “Antigamente, quando alguém fazia uma rinoplastia, era porque tinha um nariz fora do padrão. Hoje, é porque pensa acho que ficaria melhor se fosse mais arrebitado.” Embora pontue o quanto essa influência pode ser nociva para novas gerações, Maria a encara como o sinal dos tempos. “Quanto mais acessível isso for, mais as pessoas mudarão rosto e corpo”, diz.
Em um vídeo postado no Instagram, a influenciadora Camila Coutinho diz que a exposição das celebridades é tão intensa que um rosto refeito se torna o “oficial”. “Ninguém mais lembra como era a Kylie Jenner. É como se fosse um avatar: eu escolho esse. É essa a imagem que assumo nas redes sociais.”
Embora a condição financeira seja, sem dúvida, um facilitador, algumas situações beiram a dismorfia. “Quando há mudanças bruscas na aparência, sem um preparo emocional, a mente não acompanha na mesma velocidade, criando um descompasso”, explica a psicóloga Marcela Fortunato. Assim, há dificuldades de se reconhecer ao olhar no espelho. “É como se o corpo falasse sou outra e a mente respondesse não sei quem sou. Isso gera ansiedade e angústia. É preciso entender de onde vem esse desejo por mudanças.”
Com dinheiro, tempo e bons médicos à disposição, é possível fazer um “avatar” de si mesma, ao gosto do freguês. No entanto, há limites. Mesmo que sejam apenas financeiros. “Pacientes com orçamento fechado tendem a ser mais cuidadosos nas escolhas e na frequência do que é feito”, esclarece o dermatologista Alessandro Alarcão.