Luana Piovani sobre ação movida contra ela por Pedro Scooby

09/02/2023 09h56


Fonte O Globo

Imagem: ReproduçãoClique para ampliarLuana Piovani(Imagem:Reprodução)Luana Piovani

Parece que foi ontem, mas já são 30 anos desde que Luana Piovani estreou na TV como Angel, a aspirante a modelo da minissérie "Sex Appeal", exibida pela Globo em 1993. Desde então foram dezenas de novelas, séries, peças e filmes, além de trabalhos como apresentadora. A Elke Maravilha em "Zuzu Angel", longa de Sérgio Rezende, foi também produtora e protagonista de infantis como "O pequeno príncipe", substituta de Maria Paula no "Casseta e Planeta", titular no sofá no "Saia Justa" e dona de quadro no "Fantástico". E há as redes sociais, claro.

É nelas que a atriz, produtora e apresentadora, no estilo “doa a quem doer” mesmo que seja nela mesma, fala aos fãs sobre sua carreira e vida pessoal, comenta o noticiário, pede ajuda para campanhas nas quais acredita e questiona por que não há mobilização para, por exemplo, protestar contra as agressões sofridas esta semana por uma criança autista brasileira em uma escola portuguesa.

É nas redes também que Piovani, de 46 anos, expõe as diferenças com o ex-marido, o surfista e ex-BBB Pedro Scooby. Recentemente, ela denunciou que uma ação movida por ele contra ela na Justiça portuguesa incluía fotos em que aparece nua. Na semana passada, uma primeira decisão proibiu a atriz de mencionar o ex-marido em território português sob pena de multa. (Em depoimento ao GLOBO, Pedro Scooby responde a Luana Piovani: Meus filhos sempre vão ter pai e mãe)

Piovani, que vive com os três filhos em Portugal desde 2018, falou ao GLOBO sobre o processo, lembrou a agressão que sofreu do ex-namorado Dado Dolabella, em 2008, e o preconceito que sofreu quando o denunciou, e contou que está feliz trabalhando na TV portuguesa. Lá, ela apresentou o reality show “Like me”, fez as séries “Patrões Fora” e "Auga Seca", três temporadas da minissérie “O clube” e acabou de terminar as gravações do folhetim “Sangue Oculto”, no qual interpretou a primeira vilã de sua carreira.

— Estou bem feliz fazendo novela. Tudo o que eu não quis fazer na minha vida... agora eu quero.

Como você recebeu a notícia do processo?

Eu cheguei em casa da gravação e havia um envelope na escada. Entendi que era um processo, maior que um roteiro de cinema. Foi um choque ver que tinha fotos minhas nua. A minha advogada está cuidando disso.

Por que, na sua opinião, essas fotos foram incluídas?

Para mim, é uma tentativa de me desqualificar como mulher e como mãe. Se eu fosse outro tipo de mãe, se eu tivesse pedido ajuda, se estivesse frágil, e mesmo assim, sabe? Um processo querendo me calar e com essas fotos incluídas não faz sentido, mas ao mesmo tempo é tão óbvio e tão vergonhoso. Em pleno século XXI, com tudo o que a gente tem de informação...

Não se sente exposta com tudo isso?

Qualquer pessoa que fizer uma análise das redes sociais, e eu me expresso muito antes das redes, pode ver que eu pontuo coisas. Vou lá e falo: “Gente, meu filho, estou tentando falar com ele há três dias. Se alguém em Los Angeles encontrar o Scooby com os meus filhos diz que estou procurando.” O que eu exponho são as irresponsabilidades do pai dos meus filhos.

Quais são essas irresponsabilidades?

Eu já disse em outras entrevistas que ele tem qualidades, mas não quer evoluir naquilo que nele falta, que é comprometimento e responsabilidade. Ser pai não é só estar junto se divertindo. Tem que sentar para ler e estudar, levar na escola pontualmente, com pontualidade, fazer sacrifícios, colocar para dormir cedo. Alguém estudou muito para dizer que menores de 12 anos não podem ter acesso a certos tipos de conteúdo.

Por que faz você está fazendo isso nas redes?

Porque eu chamo atenção e funciona. A pensão está atrasada, eu ligo mas ele não atende. Então falo nas redes e ele paga para não passar vergonha. Eu dizer que ele esqueceu de renovar o aluguel da nossa casa e (por isso) eu tive que sair com três crianças e 12 malas de um dia para o outro é divertido no documentário, mas na vida real não. Não faz o menor sentido. Eu adoraria que tivesse sido a última vez há muito tempo.

Há muitas críticas por sua exposição nas redes. Como responde?

Fui atacada desde muito nova e a vida inteira. Procurei terapia com 19 anos, já não dói há um tempo. O fato de eu estar a um oceano do Brasil, onde as redes são essa Sodoma e Gomorra, me blinda bastante. Falo o que é bom e também aquilo com que não estou de acordo. Meu jeito incomoda porque nunca vesti a personagem. Não sei se as pessoas esperam que eu esteja deitada numa cama tomando antidepressivo.

Muitos ataques são sobre o seu corpo, te chamam de velha e acabada.

Eu não estou nem aí para o que falam sobre o meu corpo. Ele é o meu templo, me leva para todos os lugares. Eu me sinto culpada pelo mal que já fiz a ele. Por duas vezes, eu cai e tive que fazer intervenções cirúrgicas. Hoje, entendo que, estúpida e egocêntrica, não entendi os sinais que o meu corpo estava me dando. Acho que a gente tem que lutar contra esse capitalismo midiático que nos é imposto pela nossa própria escolha. A gente tem Instagram porque quer, compra revista de moda porque quer e se entope de cremes porque quer. Mas eu quero envelhecer, durar os meus 100, 104 anos.

A hostilidade te amedronta?

O que me amedronta é doença. Se eu e os meus filhos estamos com saúde, eu consigo resolver as outras coisas. Sou capaz de trabalhar, de ganhar o meu sustento e alimentá-los. Me sinto segura em Portugal, onde não preciso viver numa bolha para fingir uma segurança que não temos no Brasil. Tenho uma fé inabalável em Deus, e Deus para mim sou eu, então eu tenho uma fé inabalável em mim.

Depois que você postou sobre o processo, atrizes e anônimas te apoiaram.

O Brasil é feito de mulheres separadas e mal amparadas, e elas passam muito pior. Eu tenho trabalho, uma rede de apoio, uma mãe preocupada comigo, uma advogada. Mas imagina quem está só? É desesperador. O coro me conforta, porque não é fácil. Tem que valer a pena porque estou falando por muitas mães. As pessoas me chamam de guerreira. Guerreira é a Xena. Eu sou é abusada mesmo.

Esse apoio nas redes é uma novidade?

Isso que está acontecendo agora é um bálsamo. Tenho uma ferida aberta imensa na minha vida desde que fui agredida, há 15 anos. Eu sofri demais quando fui denunciar, sofri muito preconceito, vi muito dedo apontado na minha cara. Não tive nenhum tipo de rede de apoio que não fossem as minhas pessoas mais íntimas. Precisei me cuidar mais da denúncia do que da própria agressão. O julgamento foi e é muito pesado.

Por que acha que é julgada?

Porque não é assim que uma mulher deve se portar, né? Uma mulher não grita, ela pede licença e sai. Eu fico muito feliz que isso esteja acontecendo porque faz com que eu tenha força para me manter nesse lugar de fala. Apesar de, intimamente e intuitivamente, eu achar que estou certa, é muito difícil ter pessoas, até do meu próprio círculo, dizendo que eu não deveria me expor. Mas aí eu seria mais uma mulher calada. Só que alguém tem que gritar e dizer que essa situação não é justa.

Por que não aceitou o pedido de desculpas feito pelo Dado Dolabella no Twitter?

Eu não trabalho com Twitter. Sou gente. Me lembro como se fosse ontem: eu estava em turnê com o meu monólogo, e ele me agrediu no dia da estreia. Imagina você ser agredida pelo teu companheiro e ter que estar no palco. Eu estava em cartaz no Espírito Santo quando ele ganhou "A fazenda". Chorei loucamente, quase em posição fetal. Era uma dor no estômago, no âmago. É o goleiro Bruno voltando a trabalhar, o Guilherme de Pádua virando pastor. Não é possível...

Por que mudou para Portugal?

Foi uma decisão que eu e o Pedro tomamos juntos pelos nossos filhos, por conta da insegurança no Brasil. Aqui eu também posso ter uma vida mais normal, sem um estafe de 12 pessoas, sem carro blindado, com escola até 17h. Tenho uma rede de apoio que são os meus pais, as mães dos amigos dos meus filhos e minhas duas funcionárias brasileiras, que também são mães e separadas. Consigo trabalhar, namorar e apresentar a Europa aos meus filhos.

Sabe que é privilegiada?

É um privilégio para qualquer ser humano, qualquer mãe, ter a vida que eu tenho e oferecer aos filhos o que eu posso oferecer aos meus.

Muitas brasileiras se queixam do machismo português. Aconteceu com você?

Eu tenho experiências maravilhosas em Portugal mas acho que já cheguei aqui com um rótulo no meu pacote. As pessoas me respeitam e sabem que eu denuncio. Já lidei com um jeito ríspido e um pouco grosseiro, tipo quando você é cliente ou precisa de algum tipo de ajuda. O que recebo são muitas histórias de xenofobia contra brasileiros. Mas sei que existe machismo porque algumas colegas na novela me diziam “nossa, Luana, vivo o mesmo que você”.

Como é fazer novelas na TV portuguesa?

É muito mais tranquilo. Eles têm um jeito mais básico de cobrir as cenas, não inventam. Não tem carrinho, as gruas são usadas nos programas de auditório. Eles trabalham com mais paz porque não há a síndrome do pequeno poder. Nenhuma cabeça vai rolar porque alguém esqueceu de colocar o guardanapo vermelho na cena.

Você não gostava de fazer novelas. Passou a gostar?

Quero continuar fazendo novelas em Portugal e os meus projetinhos de teatro. Quero fazer essa dramaturgia em que eu me divirto, os atores são ótimos, queridos, e todo mundo trabalha em harmonia. Estou bem feliz fazendo novela. Tudo o que eu não quis fazer na minha vida... agora eu quero.

Depois de “Sangue oculto”, vai continuar atuando na TV portuguesa?

Tenho trabalhado aqui desde 2019. Já fiz séries e minisséries. Devo fazer a quarta temporada da série “O clube” e este ano irei ao Brasil para gravar a segunda temporada do meu programa, o “Luana é de Lua”, do E!

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Tópicos: trabalhar, filhos, luana