Marina Ruy Barbosa entrega detalhes sobre viver Suzane von Richthofen em série: "Manipuladora"

14/09/2025 14h09


Fonte O Globo

Imagem: Ivan ErickA atriz Marina Ruy Barbosa.(Imagem:Ivan Erick)A atriz Marina Ruy Barbosa.

Prepara: a partir do dia 31 de outubro, Marina Ruy Barbosa dará vida ao papel mais desafiador, e assustador, de sua carreira. Na série “Tremembé”, da Prime Video, sobre a penitenciária paulista que abriga autores dos crimes de maior repercussão do país, ela interpreta a jovem Suzane von Richthofen, condenada a 39 anos e seis meses pelo assassinato dos pais, em 2002. “Minha Suzane é extremamente fria, calculista e manipuladora”, conta a atriz em entrevista de duas horas por chamada de vídeo.

O maior desafio de sua vida profissional chega no início de uma nova década: a atriz que descobriu a vocação ainda criança — estreou nas novelas, em 2004, em “Começar de novo”, da TV Globo — acaba de completar 30 anos e 22 de carreira. Nessa trajetória entrelaçada com a arte — e também com a criação de conteúdo digital, a moda e o empreendedorismo —, evoluiu diante das câmeras, com os ônus e os bônus dessa exposição. Virou uma das maiores estrelas da publicidade (Vivara, Kopenhagen, Melissa e Calzedonia são algumas das 11 marcas para as quais faz campanha) e fenômeno nas redes sociais, com mais de 41 milhões de seguidores. Tanto sucesso e influência, muitas vezes, virou do avesso a vida pessoal: o casamento e o divórcio do piloto Alexandre Negrão, o namoro com o ex-deputado Guilherme Mussi e o atual noivado com o empresário Abdul Fares (além de outros relacionamentos não confirmados por ela), foram acompanhados tal qual uma novela, fazendo com que Marina experimentasse o lado perverso da fama. “Uma coisa é dar opinião, outra são fakes news, as narrativas distorcidas. Estou cansada disso”, reflete.

Entrar no corpo e na alma de uma personagem tão maligna revela o desejo de ir além. “Minha vontade é mostrar que estou disposta e em busca de projetos inesperados. Quero fugir do óbvio. Desejo surpreender o público, mesmo que isso cause certa estranheza”, ressalta. A atriz Bianca Comparato, que interpreta, na mesma série, Anna Carolina Jatobá (condenada, junto do marido Alexandre Nardoni, pelo assassinato da enteada Isabella Nardoni, de 5 anos, em 2008), diz que Marina “se desconstruiu”. “Vai ser um crash de imagem ver a princesa que Marina é na pele de Suzane.”

E tem mais novidade à vista: ela estará no filme “Antártida”, dirigido por Bruno Safadi, com roteiro de Claudia Jouvin e produzido pela Globo Filmes. A previsão de lançamento é 2026. No thriller, vive Inês, uma cientista formada em Geologia, confinada durante o inverno, ao lado de outros cientistas e militares, na Estação Antártica Comandante Ferraz (EACF), a estação brasileira. Tudo muda quando a personagem de Marina sofre uma violência sexual. “É importantíssimo falar sobre esse tema, a violência contra a mulher”, destaca, em tom firme.

Para dar vida a Inês, a atriz aproveitou a transformação das madeixas. Em maio, surgiu loura pela primeira vez. Mais um desejo de mudança? “Faz parte do processo, de me libertar de várias caixas. É importante que o mercado veja que estou aí e que posso ser do jeito que precisar.”

Atenta aos movimentos de evolução, Marina não perde características que são pilares de sua personalidade. “Age de maneira oposta ao que chamamos de estrelismo. Chega ao set com tudo estudado, é muito disciplinada”, observa a diretora de “Tremembé”, Vera Egito. “Tem o poder de encantar as pessoas e, como atriz, traz um mistério. Entrega uma atuação realista e consciente.” Para a roteirista do filme “Antártida”, Claudia Jouvin, Marina “faz tudo muito bem”. “E ainda fala baixo, transborda doçura, olha no olho, é linda. E, por dentro, tem essa ebulição criativa e o desejo de realizar coisas novas”, opina a roteirista.

A capacidade e a abertura para se transformar é citada por Britney, que assina a caracterização de “Tremembé”. “Testemunhei sua sensibilidade e dedicação. Estabelecemos uma relação de confiança e de muita troca. Ela é uma líder com afeto”, derrama-se. “Marina aparacerá sem maquiagem e com prótese nos dentes”, descreve Bianca Comparato. Para encarnar Suzane, além da caracterização como aliada, a atriz precisou se despir de julgamentos e vaidades. “É importante deixar claro que não tive contato algum com ela. Estamos falando de uma série de ficção inspirada em histórias reais. Na verdade, a minha base não foi Suzane, e, sim, registros jornalísticos sobre o crime apurados pelo pesquisador Ullisses Campbell. O grande desafio foi deixar fora do set meus sentimentos, opiniões e pudores”, observa.

Ao lado da efervescência profissional, Marina vive fase pessoal tranquila. Está noiva do empresário paulista Abdul Fares, com quem namora há dois anos e meio. Decidida a tomar as rédeas de seu destino, prefere não escancarar a relação. “Não faz mais sentido ficar compartilhando o status (da relação). Mas claro que divido momentos, viagens”, explica. A intimidade é compartilhada sem medo com grandes amigas, como a empresária Luma Costa e a joalheira Suzana Sandoval. “Poucas pessoas do mundo têm o coração como o dela. É sensível, carinhosa, gentil, superinteligente e focada”, elogia Luma. Para Suzana, Marina “sente intensamente, valoriza o que é real”. “Os gatos são um amor genuíno, uma paixão mesmo, e ela teria 200 se pudesse”, afirma.

A paixão direcionada aos gatos revela sua porção canceriana, bem família. Mas Marina não se abala com a cobrança exercida pela sociedade machista sobre mulheres que cruzam a linha dos 30 anos para “se casar e ser mãe”. “Tenho muita vontade de formar uma família e de ter filhos, e certeza de que esse momento vai acontecer naturalmente. Hoje, não é uma preocupação. Estou num relacionamento sério e bacana com uma pessoa que aceita o combo de estar ao meu lado. Porque não é fácil”, reflete. “Sou uma mulher que trabalha, independente e que nunca abriria mão da carreira e dos próprios sonhos por conta de um relacionamento”, emenda. Também não pensa em congelar óvulos. “Mantenho uma relação estável. Porém, se não tivesse um parceiro e meu desejo fosse ser mãe, super consideraria. Tudo que amplia o poder de escolha da mulher é positivo.”

Ao lado da atuação, seu coração bate forte pela moda. A atriz decolou nesse universo, na frente e nos bastidores. Cruzou a passarela de grifes internacionais, foi convidada por diversas marcas para assistir a desfiles das semanas de moda de Paris e de Milão, e estrelou inúmeras campanhas publicitárias e capas de revista. Também assina collabs e, há cinco anos, criou a própria marca de roupas, a Ginger. O diretor criativo Giovanni Bianco acompanhou de perto essa ascensão. “Ela é uma atriz talentosa, que, ao longo dos anos, também se revelou uma grande modelo. Soube transformar a beleza em força, aliando-a a um profissionalismo exemplar e a uma garra que a distingue”, diz. A relação com a lente é um capítulo à parte. “A câmera simplesmente a ama. Como diretor criativo, acompanhar essa evolução foi uma experiência única. E, para todos nós, um verdadeiro privilégio. Amo colaborar com ela”, conta.

Desde 2017, Marina assina coleções de joias em parceria com a Vivara, além de ser embaixadora da empresa. Presidente da joalheria, Marina Kaufman acredita que ela “tem a essência da marca”. “Ao longo desses anos, crescemos juntas e é inspirador como Marina segue encantando e se reinventando, sem perder sua verdade.”

À frente da Ginger, desenvolve o tino empresarial, e lamenta quem ainda enxerga o setor como futilidade. “A moda é uma indústria potente, que gera empregos, com história e cultura envolvidas”, reflete. “É complexo empreender, sou a única investidora da minha marca. E, mesmo tendo todos privilégios, precisei aprender muito sobre business”, pontua Marina.

A inquietação, ela diz, foi motor de seu amadurecimento. Nessa equação, encerrou, no ano passado, o contrato de exclusividade com a Globo, onde ficou por 20 anos. “Não foi o fim de uma relação e, sim, de uma exclusividade. Hoje posso experimentar novas possibilidades”, diz, acrescentando que atua, pela primeira vez, como produtora associada de “Tremembé”. “Enxergar a vida aos 30 anos não se trata de abandonar caminhos, mas de costurar novas camadas à minha trajetória. É como se todas minhas facetas encontrassem um diálogo mais profundo e se entrelaçassem”, conclui.

Styling: BAntonio Feajado. Beleza: Daniel Hernandez. Assistência de fotografia: Thiago Lima e Luan Zanini. Assistência de beleza: Emanuel Gregório. Produção de moda e assistência de styling: Duda Zanetti, Luiza Bichir e Vanessa Plass. Coordenação criativa: Letícia Haag. Equipe de cenografia: Ricardo Ishihama, Isaque Nascimento, Bruno Alves e Caroline Coqueiro. Tratamento de imagem: Philipe Mortosa. Produção executiva: Kariny Grativol.



Tópicos: vida, marina, carreira