Débora Nascimento assume romance com modelo Alex Cunha e fala sobre separação de José Loreto

29/01/2023 09h45


Fonte O Globo

O semblante solar e aquele ar de paz que só a Bahia tem mostram Débora Nascimento entrando em 2023 com corpo e mente livres. A atriz de 37 anos passou as férias no meio do mato, próxima ao mar e longe do tumulto das festas de réveillon. “Aqui é bem roots, do jeito que gosto, sem muita gente”, diz, por chamada de vídeo, direto do pequeno município de Cumuruxatiba. Destaque em “Olhar Indiscreto”, série erótica da Netflix que conquistou a França, a Venezuela e até países conservadores como Marrocos, Catar e Turquia (neste ocupa o primeiro lugar no ranking dos 10 mais vistos) a atriz dá vida a Miranda. A personagem é hacker e voyeur que tem por hábito assistir tudo o que sua vizinha, a prostituta Cléo (Emanuelle Araújo) faz e acaba se envolvendo em uma trama cheia de suspense e erotismo, ao mesmo tempo em que conhece melhor seus próprios desejos.

“Agucei ainda mais minha curiosidade para o outro. Nunca fui careta. Sempre olhei com liberdade para o que me excita, sem travas”, conta a paulista de Suzano, a 50 km da capital.

Em desconstrução, ou melhor, habituada a “morrer e renascer” várias vezes, como ela mesma diz sobre as adversidades, Débora não gosta de rótulos. Afirma amar “pessoas, independentemente do gênero” mas prefere não dizer se já se envolveu com mulheres. Defende o tantra, filosofia que conheceu melhor por meio da Yoga, durante a gestação, mas evita aprofundar-se nas lições aprendidas durante o curso com a terapeuta Carol Teixeira, espécie de guru do sexo tântrico.

Atualmente, namora o modelo e empresário Alexandre Cunha. “Estou me relacionando com uma pessoa linda. Em um tempo e momento bem intensos”, diz, sem muitos detalhes. No bate-papo de pouco mais de uma hora, Débora falou sobre a criação da filha, Bella, de 4 anos, da relação com o ex, o ator José Loreto, a separação conturbada aos olhos do público e, também, sobre como reaprendeu a amar o corpo depois de uma grave anorexia desenvolvida na adolescência.

Como você se preparou para viver a Miranda?

Eu era uma criança introspectiva, adorava observar as pessoas. A Miranda aguçou ainda mais essa curiosidade para o outro. Conversei com quem era da área da tecnologia e também entrei no universo do BDSM (Bondage, Disciplina, Dominação, Submissão, Sadismo e Masoquismo).

O que aprendeu?

A tirar o preconceito de que possa ser um tipo de perversão ou doença. E estudar e perceber todo o leque de prazer e possibilidades. Eu já tinha uma noção por causa dos meus estudos com o tantra. Entendi, sensorialmente, o que ser amarrado traz e a liberdade de explorar o próprio corpo.

Como foi o seu contato com o tantra? Chegou a fazer curso com a terapeuta Carol Teixeira...

Uma grande reavaliação do meu corpo. Tive uma percepção mais clara das dores e cicatrizes que carrego, mas também da potência e da divindade que existe dentro de mim. Quando você percebe as ondas de energia, todas as relações, íntimas ou não, se transformam.

A sensualidade de Miranda nasce no decorrer da trama. E a Débora? É uma mulher sensual?


Percebo essa sensualidade com idades e momentos de vida diferentes. Quando cortei o cabelo pra viver a Miranda, veio uma transformação tão intensa. ‘Uau, que mulher é essa?’. Já morri e renasci diversas vezes.

Fala sobre as dificuldades e dores da vida?

Também. Mas o maior gol da vida é renascer sem precisar da dor. Às vezes, mudanças doem porque há uma resistência com elas. E quando quebrei alguns padrões e medos, de viver nesse planeta patriarcal e machista... na hora a gente sofre, mas depois vê como foi bom.

Quais são esses padrões?

O físico, por exemplo. Tive anorexia aos 16 anos e sempre me achei meio insuficiente. Era uma busca no outro, mas está tudo dentro da gente. O padrão de ter uma família feliz, um homem e uma mulher, casados, com filhinho. É saber cozinhar. É antes dos 30 já ter uma carreira estável. Não poder envelhecer. Se a gente não cavucar lá dentro, não consegue quebrar. Um dos meus maiores renascimentos foi ter a minha filha, porque sei que sou a maior referência de mulher para ela.

Em 2019, você se separou do ator José Loreto, quando sua filha tinha apenas 9 meses. Como foi viver esse momento aos olhos do público?

Entrei ainda mais em mim. Sempre me preservei muito e, quando aconteceu, foi difícil ver as minhas vísceras expostas para o Brasil inteiro. Não devia satisfação a absolutamente ninguém, apenas para aquela a quem estava amamentando. Tentei me curar juntando os cacos.

Não queria ver o que falavam nas redes sociais?

Não me interessava, essa é a questão. O que eu queria era não parar de amamentar, e consegui até a Bella ter 1 ano e 8 meses. Não deixaria qualquer situação externa interferir. Não tomei antidepressivo, porque estava amamentando. Eu meditava, estive em uma oca. Ali, morri e renasci também.

Você se permitiu sofrer?

Não é nem se permitir, é se deixar atravessar. O que estou sentindo? Sentia tudo. Se ficasse retendo qualquer coisa, meu leite ia empedrar. Lambo minhas feridas e daqueles que amo em particular, não fico me debatendo para ninguém ver.

Como é a relação de vocês hoje?

Reservada e humana, com muito papo reto. Ele vai ser meu parceiro e sócio a vida toda. Somos uma comunidade só.

Você já disse que a Bella será uma menina livre para ser o que quiser. é difícil educar uma criança?

É um desafio. É totalmente a respeito dela, mas diz muito também a mim e como lido com as minhas questões. Não vou reproduzir o que a minha mãe ou a sociedade dizem. Um dia, enquanto montávamos a árvore de Natal, coloquei uns clipes da Liniker. Aí ela perguntou: Mamãe, ela é um homem? Expliquei que a Liniker era uma mulher trans. E foi lindo passar essa informação com palavras que ela fosse entender. Que é uma mulher que se transformou. Falei tudo com muito afeto, sem julgamento.


Tópicos: corpo, filha, viver