Taxista revela que também foi espancado no Aeroporto Tom Jobim

29/07/2010 08h51


Fonte G1

Imagem: Arquivo PessoalClique para ampliarAlexandre tirou fotos logo após a agressão que foi registrada na delegacia ao aeroporto. (Imagem: Arquivo Pessoal)Alexandre tirou fotos logo após a agressão que foi registrada na delegacia ao aeroporto.

No dia 8 de junho deste ano, quase um mês antes do espancamento sofrido por Kleber Luís Oliveira da Rosa, quando tentava embarcar um passageiro em seu táxi, um outro taxista também foi agredido por colegas de profissão no setor de desembarque do Aeroporto Internacional Tom Jobim, na Ilha do Governador, no Rio.

Alexandre da Fonte Silva, que trabalha como taxista há cerca de um ano e meio, conta que levou socos e chutes de, pelo menos, seis taxistas de uma cooperativa, a mesma onde trabalham os homens investigados pelo espancamento de Kleber. Os dois casos estão registrados na Delegacia do Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro (DAIRJ).

Alexandre conta que, por volta das 10h30 do dia 8 de junho, após deixar um passageiro no embarque no Terminal 1 do Tom Jobim, parou quando uma mulher fez sinal para o táxi dele, já no setor de desembarque. “É praxe, após deixar um passageiro, pegar outro para voltar do aeroporto. Uma senhora fez sinal. Eu parei, embarquei a passageira e coloquei a bagagem no porta-malas”, recorda. Neste momento, Alexandre conta que um taxista cooperado partiu para cima dele.

“Ele chegou me chamando de ladrão, falando para a passageira, que já estava dentro do meu carro, que o meu táxi era pirata”, relata. Alexandre diz que, então, pegou os documentos e mostrou à passageira, explicando que estava tudo em ordem. “Na sequência, o taxista me deu um soco na cara e arrebentou o meu nariz”, afirma Alexandre. No depoimento que prestou na DAIRJ, Alexandre conta que o taxista o acusou de estar “roubando passageiros”.

Imagem: Arquivo PessoalClique para ampliarA camisa do taxista ficou ensaguentada após a agressão.(Imagem: Arquivo Pessoal)A camisa do taxista ficou ensaguentada após a agressão.

‘Se falta respeito de um lado, vai faltar do outro lado também’, diz diretor da cooperativa

O diretor-finaceiro Marcos Melo, indicado pelo presidente da cooperativa para falar com o G1 sobre o caso, afirma que nenhum dos taxistas da cooperativa agrediu Alexandre da Fonte Silva. Ao contrário, Melo acusa Alexandre de, na manhã do dia 8 de junho, agredir o taxista cooperado.

“Eu acompanhei esse caso de perto. O que o taxista nos passou, é que, ao chegar no ponto credenciado para solicitar a retirada de um táxi não cooperado, um homem alto e forte saiu do veículo. E esse rapaz agrediu o meu cooperado, que foi atendido no Hospital Paulino Werneck. Depois, ele foi para a delegacia do aeroporto e prestou queixa”, afirma o diretor-financeiro. Melo não soube dizer o número do boletim ocorrência, nem se o cooperado tirou fotos após a suposta agressão.

Marcos Melo acusou Alexandre: “Ele foi extremamente abusado. Ele parou no ponto credenciado. Não teve ética. A partir do momento que falta respeito, vai faltar respeito do outro lado também.”

Taxista se surpreendeu ao ver outros cooperados se juntando para agredi-lo
No depoimento, Alexandre explica que, “logo em seguida, chegaram uns cinco homens com o mesmo uniforme” do taxista que o agredia. “Em vez de separar a briga, eles se juntaram ao tal homem e continuaram batendo”, informou, no depoimento. “Foi quando eu caí no chão e começaram a me chutar, e me pisar”, lembra ele.

Alexandre se recorda que alguns dos taxistas retiraram a passageira do carro dele. “A minha sorte foi que dois colegas meus passaram de táxi pelo local no momento da agressão”, recorda Alexandre. No depoimento, ele conta que um dos colegas gritou: “Seus covardes!”. Então, os taxistas que o agrediam “saíram correndo do local”.

“Quando consegui me levantar, a passageira me olhou, muito assustada, e disse que não podia seguir viagem comigo, pois, no momento eu precisava era de socorro”, conta Alexandre, que foi atendido no Hospital Municipal Paulino Werneck, na Ilha do Governador. “Fiquei praticamente uma semana sem trabalhar. Meu olho fechou. Eu fiquei desfigurado”, complementa.

Alexandre acusa o cooperado de ter começado toda a série de agressões. No registro na DAIRJ, ele ainda relata que, no local, havia “seguranças da Infraero, que não deram a devida atenção ao fato, pois em nenhum momento eles se manifestaram para separar o conflito, nem prestar os primeiros socorros”.

O gerente de segurança da Infraero no Aeroporto Internacional Tom Jobim, Artur Augusto Cardoso Figueiredo, explicou que havia um segurança que presenciou a agressão, e que ele ficou com receio de apartar, já que “os ânimos estavam exaltados”.

De acordo com Figueiredo, quando o vigilante viu a agressão, passou um rádio para o encarregado da segurança, para pedir o apoio da Polícia Militar. Figueiredo explicou que o serviço de vigilância é terceirizado, e tem como função garantir a segurança patrimonial do aeroporto. “Logicamente, quando a gente vê que há uma briga, e há condições de intervir, a gente intervém”, afirmou.

Delegada prepara dossiê sobre agressões
A delegada Fátima Bastos, titular da DAIRJ, informou que investiga a agressão sofrida por Alexandre e que está preparando um dossiê sobre os casos de agressão a taxistas no Aeorporto Tom Jobim para entregar à Secretaria Municipal de Transportes.

“Estou levantando todos os registros de lesão corporal e ameaça, dos anos de 2009 e 2010”, informou a delegada.