Três são presos em Teresina suspeitos de integrar rede de tráfico de crianças

17/09/2019 14h22


Fonte G1 PI

Imagem: Fernando Brito/G1Central de Flagrante de Gênero de Teresina.(Imagem:Fernando Brito/G1)Central de Flagrante de Gênero de Teresina.

Três pessoas, sendo duas mulheres e um homem, foram presos em flagrante em Teresina nessa segunda-feira (16) suspeitos de integrar uma rede de tráfico de crianças. Segundo a delegada Lucivânia Vidal, da Central de Flagrante de Gênero, a prisão aconteceu depois que uma mãe denunciou ter tido seu bebê levado pelo trio, após ser enganada por eles.

A vítima é uma mulher de 26 anos natural de Remanso, na Bahia. A mulher estava morando em Cristino Castro, 575 km ao Sul de Teresina, quando engravidou. Ela mudou-se na metade da gestação para Parnaíba, litoral do Piauí, cerca de 300 ao Norte da capital. Lá, segundo relatou a delegada Lucivânia, ela foi abordada por uma pessoa que prometeu ajuda.

“Ela é uma mulher em situação de vulnerabilidade, tanto financeira quanto psicológica, sem os familiares, e que se tornou uma presa fácil. Segundo ela relata, foi prometido a ela um apoio e um amparo a ela e à criança. A pessoa que a abordou disse para ela ir para Teresina, que ela seria ajudada”, informou.

Em Teresina, uma mulher a recebeu e levou para casa. Essa mulher foi uma das pessoas presas e vai responder por associação criminosa. No dia do parto, a vítima foi orientada a dar outro nome no hospital. O nome informado foi o de outra mulher, que foi presa suspeita de incorrer no crime previsto no artigo 242 do código penal.

O crime consiste em “dar parto alheio como próprio; registrar como seu o filho de outrem; ocultar recém-nascido ou substituí-lo, suprimindo ou alterando direito inerente ao estado civil”. A pena prevista, segundo o Código Penal, é de reclusão, de dois a seis anos.

Com isso, o bebê teve a certidão de nascido vivo emitida pelo hospital no nome da "falsa" mãe. Além das duas suspeitas que convenceram a vítima, foi preso ainda o marido da segunda mulher. Ele também deve responder por associação criminosa.

Segundo a delegada, o crime só foi descoberto após quatro dias, quando a vítima permaneceu na casa da mulher que a havia recebido em Teresina, sem seu bebê. A delegada Lucivânia disse que ela, então, ligou para uma amiga e pediu ajuda. A amiga buscou a PM, que suspeitou de cárcere privado. A chegar à residência, encontrou a vítima em um quarto, que posteriormente contou o que havia acontecido.

A mãe o bebê estão abrigados em Teresina e recebem apoio financeiro e psicológico. O Conselho Tutelar acompanha o caso.

Rede organizada
De acordo com a delegada, os três integram uma rede organizada de tráfico de crianças, que já atua de forma combinada. Os crimes dificilmente vêm à tona, segundo ela, porque as vítimas acabam compactuando, devido à sua situação de vulnerabilidade.

“O tráfico de crianças existe e a sociedade tem que saber. É uma coisa tão organizada que quase não se descobre. Nem a polícia nem a imprensa descobrem. O crime é organizado, mas essa adoção à brasileira, como chamamos, é isso. Nesse caso, a mãe denunciou, mas existe uma rede”,
explicou.

A delegada disse que os suspeitos agora serão investigados pela Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente.

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Tópicos: crime, rede, mulher