Família de estudante morto na Copa espera há 1 ano laudo de exumação

08/04/2016 07h37


Fonte G1 PI

Imagem: Catarina Costa/G1Prima do estudante disse que família espera por justiça.(Imagem:Catarina Costa/G1)Prima do estudante disse que família espera por justiça.

"Sem respostas". É assim que a família de Ruan Pedreira, vítima de bala perdida durante comemoração após jogo da Copa do Mundo de 2014, define a falta do resultado da exumação feita há quase um ano no corpo do estudante e a não conclusão do inquérito policial para prender o único suspeito do caso.

O G1 apurou que desde a morte do jovem, em 28 de junho de 2014, cinco delegados assumiram as investigações da morte de Ruan Pedreira. Outra agravante é o suspeito do crime nunca ter se apresentando para a polícia e continuar foragido, apesar da Justiça ter decretado a sua prisão preventiva.

Imagem: Catarina Costa/G1Clique para ampliarPrima se emociona ao comentar exumação do corpo de Ruan.(Imagem:Catarina Costa/G1)Prima se emociona ao comentar exumação do corpo de Ruan.

"Estamos cansados dessa dança das cadeiras de delegados e isto só faz aumentar a dúvida de que o caso um dia será resolvido. A gente fica até desmotivado e o único conforto que encontramos é na igreja. Sabemos que a conclusão do inquérito não vai trazer o Ruan de volta, mas era uma esperança de mostrar para a sociedade que a Justiça existe neste país",
declarou Jaqueline Nobre, prima do estudante.

Jaqueline revelou que, após a morte de Ruan e por motivo de doença, a mãe do estudante vive à base de remédios e que a família prefere falar de forma restrita com ela sobre a demora na conclusão do inquérito policial. A prima do estudante contou ainda ter ido atrás do resultado da exumação várias vezes, mas nunca conseguiu acesso ao documento.

"Na época da exumação, o Instituto Médico Legal afirmou que o resultado sairia em 10 dias, depois que o prazo seria de 30 dias porque os exames iriam para fora do estado. Nunca tivemos acesso ao resultado e nem sequer sabemos se ele existe",
comentou Jaqueline Nobre.

A exumação do corpo de Ruan Pedreira foi dada através de decisão judicial após a Polícia Civil apresentar a necessidade do procedimento para definir qual o calibre da arma utilizada no crime. O segundo delegado do inquérito, Danúbio Dias, chegou a afirmar que os fragmentos da bala existentes no corpo do jovem poderiam ajudar no desfecho do caso.

Imagem: Reprodução/FacebookClique para ampliarRuan foi baleado na cabeça durante comemorações após jogo do Brasil.(Imagem:Reprodução/Facebook)Ruan foi baleado na cabeça durante comemorações após jogo do Brasil.

"O objetivo é definir o calibre da arma que matou o estudante e excluir suspeitas acerca do crime. O único suspeito que é investigado teria usado uma pistola 380 e a exumação vai confirmar ou não se o rapaz foi atingido por essa arma",
disse o delegado no dia da exumação.

O atual delegado do caso, Paulo César, informou ter assumido esta semana a chefia do 4º Distrito Policial e que estava se inteirando dos crimes de homicídios, entre eles o de Ruan Pedreira. Ele ficou de se posicionar em breve sobre o assunto.

O G1 questionou a Secretaria de Segurança do Piauí sobre a não finalização do inquérito, bem como sobre o atraso na entrega do laudo da exumação do corpo de Ruan. Em nota, o órgão afirmou que o delegado Paulo César irá se pronunciar sobre o caso nos próximos dias.

Imagem: Patrícia Andrade/G1Clique para ampliarNamorada do corretor usou capuz para ter a imagem preservada.(Imagem:Patrícia Andrade/G1)Namorada do corretor usou capuz para ter a imagem preservada.

Reconstituição
Em agosto de 2014, amigos de Ruan, dois seguranças que trabalhavam no bar na noite do crime e a namorada do suspeito de ser autor dos disparos participaram da reconstituição do crime. O autor do disparo que atingiu a cabeça do estudante seria um corretor de veículos, que está foragido.

No período da reconstituição, o delegado do caso era José de Anchieta, que afirmou fazer o procedimento para eliminar dúvidas em relação ao alcance dos disparos já que a namorada e um dos seguranças afirmaram que outra pessoa também teria atirado além do corretor. Conforme as testemunhas, a arma usada pelo suspeito era uma pistola 380. Os tiros foram efetuados após o corretor ser barrado pelos seguranças por estar com uma garrafa de bebida.

“Depois da briga com os seguranças na qual ele derramou uísque em um deles, esse rapaz chegou a atirar em direção a multidão abrindo caminho e nesse momento uma outra pessoa teria atirado para atingir ele (corretor). A informação é de essa pessoa estava em uma moto próximo ao canteiro da avenida e que a arma seria um revólver”,
relatou o delegado.

Entenda o caso
O estudante Ruan Pedreira foi atingido com uma bala na cabeça quando participava com os amigos das comemorações pela vitória do Brasil contra o Chile no jogo das oitavas de final da Copa do Mundo. O fato aconteceu no dia 28 de junho de 2014 às 22h próximo a um bar na Avenida Maranhão, Zona Sul de Teresina.

A vítima e mais três amigos participavam de uma festa conhecida por ser ponto de encontro de carros com paredões, quando presenciaram o início de uma briga entre alguns participantes. Os jovens ainda tentaram sair do local para se proteger dos disparos, mas Ruan acabou sendo atingido.

Tópicos: crime, corpo, ruan