Wilson Martin paga servidor fantasma e que mora até fora, diz 'O Dia'

15/03/2011 10h16

Fonte Com informações do jornal O Dia

O jornal O Dia traz na edição desta terça-feira (15/03) uma matéria na qual denuncia a existência de uma servidora fantasma no Governo do Piauí administrado por Wilson Martins (PSB). Segundo a reportagem, servidores estaduais apresentaram documentos que comprovam que Maria Ivone Sales seria servidora do Instituto de Assistência e Previdência Social (IAPEP), lotada no setor de triagem, mas há 10 anos estaria morando na cidade de Dossow, na Alemanha. Mesmo em outro país, a servidora estaria recebendo, além dos salários, vale-transporte e auxílio-alimentação.

VEJA A MATÉRIA NA INTEGRA:

A servidora estaria à disposição da Assembleia Legislativa, lotada no gabinete do deputado Warton Santos (PMDB), que atualmente é secretário de Desenvolvimento Econômico e Tecnológico do Governo do Estado. Segundo a denúncia enviada a O DIA, Maria Ivone Sales é casada com um alemão e está de férias em Teresina, na residência da família piauiense, para articular nova disposição para outro órgão do Estado, antes de retornar à Alemanha. Os servidores que formularam a denúncia pedem investigação do caso e a devolução aos cofres públicos do que teria recebido irregularmente ou então que a servidora reassuma suas funções no órgão.

A reportagem de O DIA entrou em contato com o marido da servidora denunciada na cidade alemã através de número telefônico fornecido na denúncia. Ele, Lutz Buchert, confirmou ser casado com Maria Ivone Sales, mas disse que a mesma se encontrava no Piauí. Na mesma denúncia, consta o telefone da família de Maria Sales em Teresina. Depois de várias tentativas, a servidora foi contactada no número residencial e disse desconhecer a denúncia. Questionada se tinha residência fixa em Teresina, a servidora esquivou-se da questão e disse apenas que a reportagem se reportasse às autoridades competentes.

Segundo o denunciante anônimo, o mesmo documento teria sido entregue ao Governador do Estado, ao presidente da Assembleia Legislativa, ao presidente da OAB/PI, ao presidente do Iapep, ao Chefe da Procuradoria Geral do Estado e aos deputados estaduais Flora Isabel, Rejane Dias, Ana Paula e Fábio Novo.

Procurado pela reportagem, o secretário estadual de Administração, Paulo Ivan, disse desconhecer o caso. No entanto, o secretário garantiu que mandaria investigar se as denúncias têm fundamento. "Não quero acreditar que isso aconteça. Se isso realmente estiver acontecendo, abriremos um processo administrativo para que a servidora seja penalizada", adiantou. Paulo Ivan disse ainda que o Estado planeja fazer um recadastramento de todos os servidores para evitar situações como essa. "Faremos isso por meio de uma Instituição. Estamos analisando ainda para saber qual será a instituição", pontuou.

Flávio Nogueira, diretor-presidente do IAPEP, argumentou que tomou conhecimento das denúncias e que mandou investigar se a servidora recebe ou não os vales-transportes e auxílio-alimentação. "Soubemos que ela está à disposição da Assembleia. Se isso realmente aconteceu foi em outra gestão, e não na minha, mas mandamos investigar", esquivou-se, acrescentando que a sua recomendação é de que os servidores que estejam à disposição de outros órgãos não recebam os vales-transporte e nem auxílio-alimentação pelo IAPEP. "Não faz sentido o IAPEP arcar com essa despesa com um servidor que não presta serviço ao órgão", argumentou.

O diretor-presidente do IAPEP acrescentou ainda que a Procuradoria do órgão e a diretoria administrativa já foram acionadas para investigar as denúncias. "Se isso existir, são vícios da outra gestão, que a minha não terá", garantiu.
Deputado desconhece servidora lotada no próprio gabinete.

Anexada à denúncia, está uma cópia do Diário Oficial do Estado do dia 16 de março de 2010 contendo a publicação de um convênio entre o Governo do Estado e a Assembleia Legislativa do Piauí para a cessão de servidores públicos entre os quais está Maria Ivone Sales, cedida pelo Iapep à Assembleia. O convênio foi assinado pelo então governador Wellington Dias e pelo presidente da Assembleia, deputado Themístocles Filho, com validade até 31 de dezembro de 2010, já sob a gestão do governador Wilson Martins.

A denúncia afirma ainda que a servidora estaria lotada no gabinete do deputado Warton Santos, do PMDB. Procurado pela reportagem, o parlamentar Warton Santos (PMDB) explicou que tomou conhecimento das denúncias por meio da imprensa e que também teria solicitado uma investigação.

"Eu desconheço essa servidora. Cada deputado tem uma cota de pessoas que pode pedir de outros órgãos e a renovação é automática. Soube que essa servidora é irmã do esposo da ex-prefeita de Água Branca, mas não tenho ligações políticas com eles. Inclusive, nas últimas três eleições, esse grupo político nem me apóia", rechaçou, acrescentando que espera que o caso sirva de "lição" para que o Governo investigue se há casos semelhantes e tome as providências cabíveis.