Prefeitos no Piauí estudam entrar com representação para não pagar novo piso do professor

08/01/2015 15h56


Fonte 180graus

Os prefeitos do Piauí se reúnem nesta sexta-feira (08/01) na sede da Associação Piauiense de Municípios (APPM) para estudar uma representação na Justiça contra o governo federal para não pagar o novo piso salarial do professor, fixado anteontem em R$ 1.917,78. Os prefeitos alegam que o governo federal está invadindo a competência dos municípios ao estabelecer despesas para as prefeituras sem repassar os recursos correspondentes.

O governo do Estado também admite que não tem como bancar o novo piso dos professores estaduais. Anteontem, houve uma reunião com todos os secretários estaduais de Educação, em Brasília, alegando que a maioria dos estados não têm recursos para pagar o reajuste salarial. O impacto financeiro é incompatível com as finanças estaduais.

"O dinheiro disponível no Fundeb (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização do Magistério) não dá para pagar o impacto financeiro do reajuste",
disse o secretário de Educação do Piauí, Helder Jacobina, através de sua assessoria.

Imagem: DivulgaçãoHelder Jacobina(Imagem:Divulgação)Helder Jacobina

Segundo ele, o Estado já cobre entre R$ 8 milhões e R$ 10 milhões todo mês, com recursos do tesouro estadual, os valores do Fundeb. O governador Wellington Dias disse que não tem como pagar, mas frisou que vai ter que pagar. Ele disse estar entre determinações legais, da Lei de Responsabilidade Fiscal, e a lei que ajustou o piso dos professores.

"Temos que buscar alternativas para cumprir o que foi determinado. Não é uma tarefa fácil, porque não temos condições financeiras. Mas temos que buscar soluções",
explicou.

A rede estadual de ensino do Piauí tem 23 mil professores, em vários níveis. O Fundeb repassa mensalmente R$ 50 milhões para o Estado, e sempre o governo do Estado tem que complementar o pagamento da folha com o aporte de até R$ 10 milhões. O presidente da APPM, Arinaldo Leal (PSB), disse que há tempos os valores do Fundeb não cobrem as despesas da Educação nos municípios.

"Não temos condições de pagar este piso. A nossa situação já é crítica. Quase todos os prefeitos do Piauí estão com problemas com a Lei de Responsabilidade Fiscal e os repasses do Fundeb não suficientes para fechar as contas da Educação", desabafou.

Imagem: DivulgaçãoArinaldo Leal (PSB)(Imagem:Divulgação)Arinaldo Leal (PSB)

Arinaldo informou que foi feita uma projeção dos valores de repasse do Fundeb para 2015. Ele disse que fizeram uma amostragem em 15 municípios para avaliar o percentual do aumento do Fundeb em relação ao aumento do salário dos professores.

"O Fundeb, por esta projeção, tem reajuste variável entre 5% e 7%, e chega no máximo a 9% em alguns municípios. Por exemplo, no município de Floriano o reajuste do Fundeb é de apenas 2%, mas o aumento do salário dos professores foi de 13%. Isso causa um desequilíbrio nas contas", argumentou o presidente.

Arinaldo Leal, que é prefeito de Vila Nova do Piauí, reclamou que o Governo Federal impõe o aumento de salários, que os prefeitos têm que pagar, mas não faz as contas para repassar os valores correspondentes às prefeituras.

"Consideramos que isso é uma invasão de competência e vamos acionar a Justiça. Estamos avaliando a situação, na sexta nos reunimos, e vamos estudar a melhor forma para isso. É muito difícil pagar este reajuste, e ainda tem as implicações na Lei de Responsabilidade Fiscal. Tudo recai nas costas dos prefeitos",
disse o presidente da APPM.

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Tópicos: reajuste, appm, fundeb