"Política não pode entrar dentro do quartel", diz Mourão

13/11/2020 15h18


Fonte O Globo

Imagem: Pablo Jacob/Agência O GloboO vice-presidente Hamilton Mourão participa de entrevista coletiva no Itamaraty.(Imagem:Pablo Jacob/Agência O Globo)O vice-presidente Hamilton Mourão participa de entrevista coletiva no Itamaraty.

O vice-presidente Hamilton Mourão afirmou nesta sexta-feira que "a política não pode entrar dentro do quartel". Mourão, que é general da reserva, disse que a politização dos militares atrapalha a hierarquia e a disciplina dentro das Forças Armadas.

— Quantas vezes você já me ouviu falar isso? Acho que várias vezes, né? Política não pode entrar dentro do quartel. Se entra política pela porta da frente, a disciplina e a hierarquia saem pelos fundos — disse Mourão, ao deixar o Palácio do Planalto no início da tarde.

Mourão disse concordar com a posição do comandante do Exército, general Edson Leal Pujol, de que os militares não querem "fazer parte" da política nem querem que a política "entre" nos quartéis.

— Não queremos fazer parte da política governamental ou política do Congresso Nacional e muito menos queremos que a política entre no nosso quartel, dentro dos nossos quartéis. O fato de, eventualmente, militares serem chamados a assumir cargos no governo, é decisão exclusiva da administração do Executivo — disse Pujol na quinta-feira, durante uma transmissão ao vivo por rede social.

De acordo com o vice-presidente, "o comandante do Exército coloca claramente o que é a nossa posição".

Além de Mourão e do presidente Jair Bolsonaro, que é capitão reformado, o governo federal tem seis ministros que são militares da reserva e um ministro que é general da ativa (Eduardo Pazuello, da Saúde), entre outros cargos. Nesta sexta-feira, o vice-presidente disse que para quem está na reserva é "outra situação":

— Nós que somos da reserva é uma outra situação. Os militares da ativa, realmente, não podem estar participando disso. Nossa legislação foi mudada no período de 64 exatamente porque o camarada era eleito, participava do processo eleitoral, e depois voltava para dentro do quartel. Então não era salutar.

General perdeu cargo por crítica

Em 2015, quanto ainda estava na ativa e era chefe do Comando Militar do Sul, Mourão perdeu o cargo após fazer críticas a então presidente Dilma Rousseff. Em uma palestra, o militar afirmou que a saída de Dilma da Presidência não mudaria o "status quo", mas que a "vantagem da mudança seria o descarte da incompetência, da má gestão e da corrupção".

O general foi transferido para a Secretaria de Economia e Finanças da pasta, um cargo burocrático em Brasília, e foi substituído no posto justamente por Pujol, que hoje é comandante do Exército.

Em 2017, ainda na mesma função, Mourão falou na possibilidade de uma intervenção militar, na mesma semana em que o então presidente Michel Temer foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por organização criminosa e obstrução de Justiça. Também em uma palestra, o militar afirmou que "ou as instituições solucionam o problema político", retirando da vida pública políticos envolvidos em corrupção, ou então o Exército teria que impor isso.

Mourão passou para a reserva em 2018, meses antes de ser escolhido para fazer parte da chapa de Bolsonaro à Presidência.

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