Barroso diz que "democracia só não tem lugar para quem pretenda destruÃ-la"
09/09/2021 16h02Fonte G1
Imagem: Reprodução
Ministro Luís Roberto Barroso, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE)
Ministro Luís Roberto Barroso, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE)O ministro Luís Roberto Barroso, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), afirmou nesta quinta-feira (9) que a “democracia só não tem lugar para quem pretenda destruí-la”.
A afirmação foi feita em discurso na abertura da sessão do TSE em que Barroso rebateu, ponto a ponto, discurso do presidente Jair Bolsonaro durante manifestações antidemocráticas realizadas no 7 de Setembro.
"A democracia tem lugar para conservadores, liberais e progressistas. O que nos une na diferença é o respeito à Constituição, aos valores comuns que compartilhamos e que estão nela inscritos. A democracia só não tem lugar para quem pretenda destruí-la", disse Barroso.
Sobre a insistência de Bolsonaro em afirmar, sem apresentar provas, que houve fraude nas eleições de 2018, Barroso disse que o presidente da República se utiliza de "retórica vazia" e que as "pessoas de bem" sabem "quem é o farsante."
"O Presidente da República repetiu, incessantemente, que teria havido fraude na eleição na qual se elegeu. Disse eu, então, à época, que ele tinha o dever moral de apresentar as provas. Não apresentou. Continuou a repetir a acusação falsa e prometeu apresentar as provas. Após uma live que deverá figurar em qualquer futura antologia de eventos bizarros, foi intimado pelo TSE para cumprir o dever jurídico de apresentar as provas, se as tivesse. Não apresentou. É tudo retórica vazia. Hoje em dia, salvo os fanáticos (que são cegos pelo radicalismo) e os mercenários (que são cegos pela monetização da mentira), todas as pessoas de bem sabem que não houve fraude e quem é o farsante nessa história."
Insultos
Barroso disse que “começa a ficar cansativo para o Brasil ter que repetidamente desmentir falsidades, para que não sejamos dominados pela pós-verdade, pelos fatos alternativos, para que a repetição da mentira não crie a impressão de que ela é verdade.”
Barroso disse também que “insulto não é argumento, ofensa não é coragem”.
“A incivilidade é uma derrota do espírito. A falta de compostura nos envergonha perante o mundo”, afirmou.
Segundo o ministro, “a marca Brasil sofre neste momento uma desvalorização global”.
“Não é só o real que está desvalorizando. Somos vítima de chacota e de desprezo mundial. Um desprestígio maior do que a inflação, do que o desemprego, do que a queda de renda, do que a alta do dólar, do que a queda da Bolsa, do que desmatamento da Amazônia, do número de mortos pela pandemia, do que a fuga de cérebros e de investimentos", disse Barroso.
"Mas pior de tudo. A falta de compostura nos diminui perante nós mesmos. Não podemos permitir a destruição das instituições para encobrir o fracasso econômico, social e moral que estamos vivendo”, declarou.
Atos antidemocráticos
Durante o 7 de Setembro, na terça-feira, foram registradas manifestações a favor e contra o governo em diversas cidades do país.
Bolsonaro participou de dois atos, em Brasília e em São Paulo, em que apoiadores do governo defenderam pautas antidemocráticas, entre elas o fechamento do Congresso e do Supremo Tribunal Federal (STF).
Em seu discurso na Avenida Paulista, Bolsonaro afirmou que não vai mais cumprir as decisões do ministro Alexandre de Moraes, do STF.
Bolsonaro também voltou a atacar o sistema eleitoral brasileiro, outros integrantes do STF e governadores e prefeitos que tomaram medidas de combate ao coronavírus.
Juristas viram crime de responsabilidade na fala do presidente.
Na quarta (8), o presidente do STF, Luiz Fux, fez um pronunciamento em que afirmou que "ninguém fechará" a Corte e que o desprezo a decisões judiciais por parte de chefe de qualquer poder configura crime de responsabilidade.
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