Um ano após morte de escrivã, família ainda espera julgamento

15/05/2015 08h15


Fonte G1 PI

Imagem: Gilcilene Araújo/G1Os pais da escrivã tentam preencher a ausência da filha com memorial.(Imagem:Gilcilene Araújo/G1)Os pais da escrivã tentam preencher a ausência da filha com memorial.

Nesta sexta-feira (15) faz um ano que a escrivã Loane Maranhão, 32 anos, foi morta a facadas enquanto colhia depoimento de Francisco Alves, que na época era suspeito de estuprar as filhas, de 17 e 20 anos. O crime aconteceu na delegacia da Mulher em Caxias, a 361 km de São Luís. Enquanto isso, os pais da escrivã aguardam a realização do julgamento do acusado e tentam preencher a ausência da filha guardando os objetos dela em um memorial.

Crime que causou comoção e revolta, Loane Maranhão Thé foi apunhalada no pescoço e socorrida pelo noivo Jakson Fonteles, mas não resistiu aos ferimentos e faleceu antes de chegar ao Pronto Socorro de Caxias. Um ano após o crime, os pais de escrivã que residem em Teresina, Elaine Maranhão e Flavio de Weimar, aguardam ansiosamente pela condenação do acusado

Imagem: Gilcilene Araújo/G1Clique para ampliarOs pais de escrivã aguardam ansiosamente pela condenação do acusado.(Imagem:Gilcilene Araújo/G1)Os pais de escrivã aguardam ansiosamente pela condenação do acusado.

“Aprendi a respeitar a justiça e acreditar que ela funciona. Estamos aguardando o julgamento de um recurso da defesa do suspeito, mas confiantes na condenação dele, pois ele já teve a pena de 72 anos declarada em relação ao estupro das duas filhas”, afirmou o pai de Loane.

Os pais da escrivã revelam que vão processar o governo do estado do Maranhão. “Ele tem uma responsabilidade objetiva pela morte da minha filha porque permitiu que isso acontecesse. Ela estava dentro de uma delegacia. Em junho vou entrar com processo civil contra o estado. Nós não temos interesse em receber dinheiro do governo. Apenas queremos que ele seja punido e que o estado seja estruturado para garantir a integridade e segurança dos cidadãos maranhenses", disse a mãe de Loane, Elaine Maranhão.

Imagem: Reprodução/TV ClubeClique para ampliarDelegado afirmou que escrivã estava sozinha com suspeito.(Imagem:Reprodução/TV Clube)Delegado afirmou que escrivã estava sozinha com suspeito.

Inquérito

O delegado regional de Caxias, Celson Alvares, afirmou ao G1 que o inquérito foi concluído. Segundo ele, Francisco Alves foi indiciado por homicídio duplamente qualificado, além da tentativa de homicídio contra uma investigadora. Caso seja condenado, o acusado pode pegar uma pena de até 30 anos de reclusão.

“O processo está em fase de pronunciamento por parte do Ministério Público. Só falta ser marcado o julgamento de Francisco Alves. Ele deve ir a júri popular”,
acrescentou o delegado.

Para o delegado, a morte da escrivã permitiu a mudança de hábitos inadequados que ocorriam dentro dos distritos policiais de Caxias. “Houve mudança de comportamento, pois na parte procedimental, a partir de agora, o delegado e investigador acompanham o depoimento juntamente com o escrivão. Estamos mais cautelosos, pois todos os agentes permanecem com suas armas, elas não são mais guardadas em bolsas ou dentro de gavetas. A partir de agora, os plantonistas da permanência estão tendo o cuidado de averiguar se os suspeitos estão portando armas”, revelou o delegado.

Saudades e memorial

A família de Loane Maranhão construiu na residência da mãe um memorial onde guarda alguns objetos pessoais da jovem. Neste espaço também há objetos que pertenciam ao irmão dela, Guilherme Rodrigues. Ele faleceu após um acidente de avião monomotor, que caiu na cabeceira da pista do Aeroporto Petrônio Portela em Teresina.

Imagem: Gilcilene Araújo/G1Clique para ampliaramília de Loane Maranhão construiu na residência um memorial.(Imagem: Gilcilene Araújo/G1)amília de Loane Maranhão construiu na residência um memorial.

Eliane conta que Loane Maranhão tinha uma coleção de anjos e era apaixonada por esportes. A escrivã praticava Muay Thai e Karatê. “Aqui estão: uma agenda, alguns anjos que tinha na coleção, um copo, que ainda tem a marca de batom da jovem, as luvas de Muay Thai e faixa de karatê. Quando a saudade bate, venho neste local e tento preencher este vazio”, descreve Elaine.

Para os pais da escrivã, a ausência de filha nunca será preenchida. "A ausência é muito grande porque a presença da minha filha era intensa. Ela se preocupava com todos os familiares. Era uma filha exemplar e não tenho palavras para descrever a falta dela. O sentimento de perda não será preenchido por nada nesta vida. Nem a condenação e punição do estado do Maranhão, nada preenche o vazio que sentimos. Principalmente nas circusntâncias em que nós perdemos, pois ela estava trabalhando. O sentimento que ainda temos é de amargura, desespero. É indescritível não dá para comentar esta dor”, finalizou a mãe de Loane.

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Tópicos: crime, loane, escrivã