Tribunal de Justiça do Piauà proÃbe greve de enfermeiros e técnicos de enfermagem da rede estadual
26/06/2020 09h02Fonte G1 PI
Imagem: Gustavo Almeida/G1
Tribunal de Justiça do Estado do Piauí, em Teresina.
Tribunal de Justiça do Estado do Piauí, em Teresina.O Tribunal de Justiça do Estado do Piauí (TJ-PI) proibiu a paralisação das categoriais dos profissionais de saúde da rede estadual. A decisão, do desembargador Luiz Gonzaga Brandão de Carvalho, foi divulgada nesta quinta-feira (25), após a categoria iniciar uma greve por tempo indeterminado.
Os profissionais reivindicam o cumprimento de acordos firmados na greve ainda de 2019 sobre reajustes salariais acumulados desde 2012, o pagamento de adicional de insalubridade de 40% para todos os profissionais e outros assuntos de interesse da categoria.
Na decisão, o desembargador determina que os profissionais “cumpram integralmente, sem qualquer restrição, o seu dever legal de exercer as atividades próprias dos cargos que ocupam”.
A sentença estabeleceu multa diária de R$ 10 mil caso a categoria descumpra e, ainda, se membros do movimento trabalhista ocuparem qualquer prédio público “ou, caso já o tenham, que desocupem e se abstenham de impedir o acesso de quaisquer pessoas às repartições públicas”.
Contexto da pandemia
O desembargador afirmou na decisão que não poderia ficar alheio ao contexto atual, a pandemia da Covid-19, e que não se pode questionar que o serviço de saúde é uma atividade essencial.
“Sua descontinuidade, certamente, agravará esta precária prestação dos serviços públicos, em razão da disseminação do novo coronavírus. O movimento é um provável agravante da situação já, deveras, preocupante”, declarou o desembargador.
Na decisão, Luiz Gonzaga Brandão de Carvalho disse que a proteção à vida e à saúde da sociedade é um dever constitucional e que os profissionais da saúde têm direito de greve, mas, dada a crescente demanda nos hospitais, a paralisação colocaria em risco a saúde e vida da coletividade no atual momento.
Decisão superior
O desembargador citou na decisão que já existe consideração do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre questão envolvendo servidores públicos que atuam nas áreas de serviços essenciais, como a saúde.
“A saúde é direito fundamental do cidadão e dever do Estado, sendo concebida como direito social. A conservação do bem comum exige que certas categorias de servidores públicos sejam privadas do exercício do direito de greve”, diz a decisão.
Segundo Luiz Gonzaga Brandão de Carvalho, a Corte Suprema de Justiça determinou que esses profissionais não possuem direito a greve, para que não haja prejuízo a sociedade e ao poder público.
Manifestação dos profissionais
Os profissionais reivindicam o cumprimento de acordos firmados na greve ainda de 2019 sobre reajustes salariais acumulados desde 2012. O Governo do Estado, em nota, lamentou a decisão e informou que tomou medidas judiciais e administrativas para garantir o atendimento à população.
O secretário de governo Merlong Solano disse que não há como pagar o adicional de insalubridade exigido pela categoria, tanto por conta da queda na arrecadação do Estado, quanto por questões legais.
Imagem: Divulgação/ Senatepi
Representantes de categorias de profissionais da saúde se reuniram diante do HGV, no Centro de Teresina.
Representantes de categorias de profissionais da saúde se reuniram diante do HGV, no Centro de Teresina.Os profissionais fizeram uma manifestação, mobilizada pelo Sindicato dos Enfermeiros, Auxiliares e Técnicos em Enfermagem do Estado do Piauí (Senatepi), diante do Hospital Getúlio Vargas (HGV), na manhã desta quinta, e seguiram até o Palácio do Karnak, sede do governo estadual.
Por conta da greve, segundo Erick Ricelly, presidente do Senatepi, todos os serviços que não são de urgência e emergência oferecidos pelo estado devem sofrer redução de pessoal. “O atendimento nas áreas críticas não será prejudicado”, disse.
Em entrevista ao G1, Erick Ricelly lamentou que o estado pague um teto de 20% de adicional de insalubridade. “Todos os municípios estão pagando 20% de adicional, Teresina paga 20%. E temos municípios se organizando para pagar 40%. Enquanto isso, o governo do Estado não paga nem 10%”, afirmou.
Imagem: Divulgação/ Senatepi
Representantes de categorias de profissionais da saúde se reuniram diante do Palácio de Karnak, no Centro de Teresina.
Representantes de categorias de profissionais da saúde se reuniram diante do Palácio de Karnak, no Centro de Teresina.“Em 2019, fizemos uma greve para obrigar o estado a cumprir, e aceitamos que isso fosse parcelado em três vezes. E o estado não cumpriu nem a primeira. Então, não podemos começar uma negociação com promessas”, disse.
Leia abaixo a íntegra da nota do Governo do Estado do Piauí:
O Governo do Estado lamenta a decisão do Sindicato dos Enfermeiros de deflagrar uma greve em meio ao maior desafio de saúde pública dos últimos 100 anos. Tal decisão pode trazer prejuízos vitais para a sociedade. Ressaltamos que todos os profissionais estão com salários em dia, que o adicional de insalubridade é pago normalmente, conforme determina a legislação estadual, e que não há falta de EPIs em nenhuma unidade de saúde, não havendo, assim, motivos para paralisação.
Ressaltamos ainda que, caso o movimento se concretize, o Governo irá tomar as medidas cabíveis por meio judicial e administrativo para garantir o atendimento pleno da população.
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